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Dulce Maria Saviñon

Christopher não gostou nada de saber que o tal Suarez andava me seguindo e que eu não tinha falado nada. Tentei explicar que ele já tinha problemas suficientes e que Sanders poderia cuidar daquilo para mim, no entanto, ele disse que nossas equipes de seguranças trabalhariam juntas para que o tal capataz não chegasse perto de mim em hipótese nenhuma.

— É sério, Dulce, minha nova funcionária é um anjo que caiu do céu. Sabe aquelas pessoas que têm o dom da dança? Ela não fez metade dos meus cursos e mesmo assim dança melhor do que eu — Beatrice disse enquanto tomávamos café em um lugar charmoso próximo ao hotel.

— E de onde ela é?

— Aqui do Texas mesmo, foi expulsa de casa pela madrasta, uma amiga falou sobre a vaga que tinha na minha escola de dança e quando conversamos, fiquei com pena da garota.

— Uau, que história, mas se ela foi expulsa de casa, não deve ter onde morar, como ela está se virando por aqui? — questionei.

— Eu cedi um pequeno apartamento que tem nos fundos do estúdio de dança, ela vai ficar lá até conseguir pagar por alguma coisa melhor.

— Que sorte ela teve de te conhecer. Vai fazer o que ama e ainda vai aprender muito com você — comentei.

Fomos interrompidas quando uma moça se aproximou da mesa. Logo notei que era a ex-coelhinha e funcionária do Christopher.

— Aqui não, Natália, ligue para o doutor Alfonso e converse com ele — Beatrice disse irritada.

— E por que não? A namorada do Christopher não pode saber do canalha que ele foi comigo?

— Do que ela está falando, Bea? — questionei.

— Christopher a demitiu e ela não se conforma com isso — minha cunhada explicou e a loira soltou uma risada alta.

— A verdade, Dulce Maria, é que eu estou grávida do seu namorado e ele não quer assumir o filho.

As palavras da Natália me deixaram paralisada. Christopher tinha engravidado a secretária?

— Dê o fora daqui, sua parasita — Beatrice vociferou. — Dulce, por favor, não acredite nessa maluca, ela só está fazendo isso para se vingar do Christopher — explicou, mas eu continuava em choque, assistindo de camarote a tempestade que se formava dentro de mim.

— Eu não estou me sentindo bem, Bea, vou voltar para o hotel.

— Por favor, converse com o meu irmão e o deixe explicar. Mesmo que essa maluca esteja falando a verdade, vocês não estavam juntos. Não foi uma traição.

— Eu sei, Bea, mas minha cota de aceitar as burradas do seu irmão chegou ao limite. Eu aceitei o filho, os desaforos da Belinda e o fato de ela estar morando com ele, mesmo depois do divórcio, mas não sei se consigo aceitar mais uma mulher histérica com um filho — falei, jogando o guardanapo em cima da mesa, e fui embora.

Meus olhos estavam nublados por lágrimas, enquanto eu decidia se sentia raiva ou pena do nosso trágico destino, eu sabia que ele me amava, que aquele filho não seria um empecilho para ficarmos juntos, mas eu me negava a carregar mais aquela carga da sua história.

Eu tinha criado um verdadeiro laço com Leo, seria capaz de amá-lo como um filho, mas não conseguia me imaginar interagindo com Natália ou cuidando do filho deles, mesmo que a criança não tivesse culpa. Para não sofrer, eu preferia me afastar.

Fui caminhando para o hotel e quando cheguei no meu quarto Christopher já estava lá.

— Beatrice agiu rápido — falei e passei por ele.

— Dulce, por Deus, isso é só uma invenção para nos separar. Em nenhum momento, desde que essa história veio à tona, ela apresentou qualquer exame de gravidez — explicou e passou as mãos pelos cabelos.

— Eu te amo, Christopher e sei que você me ama, mas a carga que você carrega é grande demais para mim, eu preciso me afastar de tudo isso.

— Dulce ...

— Christopher, resolva sua vida, e se for para ficarmos juntos um dia, vai acontecer, mas nesse momento eu não consigo. Boa parte do meu trabalho já foi entregue, vou pedir para a minha equipe terminar as peças que faltam e voltar para Nova York.

— Por favor, não me deixe outra vez, eu preciso de você — declarou e senti um nó se formando na minha garganta.

— Faz assim, resolva sua vida primeiro e depois a gente conversa. Mas saiba que se sua secretária estiver mesmo grávida, eu não vou suportar, não me peça para ficar ao seu lado depois disso — falei, sem tentar reprimir as lágrimas que rolavam livremente pelo meu rosto.

— Eu me odeio pelas decisões que tomei, mas principalmente por te fazer sofrer — ele admitiu. — Prometo que vou resolver toda essa merda e te buscar para ficar comigo.

Meneei a cabeça positivamente, rezando para que fosse mesmo assim, pois minha cabeça estava muito confusa, com meu coração sofrendo e o estômago revirado por não ter certeza do que estava fazendo, só sabia que não aguentaria outra decepção.

— Eu quero ficar sozinha — anunciei e me afastei.

— Tudo bem, mas me prometa que vamos manter contato, vou desmascarar a víbora da Natália e depois vou te buscar — declarou.

Eu não sabia o que faria da minha vida, a única certeza que eu tinha, era que dessa vez eu não colocaria minha família no meio de tudo aquilo.

— Tudo bem, mas agora vá, por favor. Christopher assentiu.

— Vou ligar para meu piloto, ele vai te levar para Nova York — avisou.

— Não precisa, Christopher, eu posso ir de voo comercial, não vou incomodar meus pais pedindo o jato a essa hora da noite.

— Faço questão, me deixe cuidar de você — ele pediu.

Imaginei a cena do meu choro e do olhar dos curiosos vendo Dulce Maria Saviñon se desmanchando em lágrimas durante o voo e acabei aceitando sua oferta.

Sofrer em seu jato que valia milhões de dólares, era um ótimo prêmio de consolação por ter perdido Christopher para Belinda e a coelha dos infernos.

Assim que ele foi embora eu me dei o direito de chorar, pela teimosia do meu coração que continuava teimando em amar aquele homem.

— Por que, meu Deus? — questionei e caí de joelhos no carpete do quarto. Será que eu nunca conseguiria ser feliz de verdade?

Será que estava destinada a sofrer por Christopher Uckermann pelo resto da minha vida?

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