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Dulce Maria Saviñon

— Então vocês estão namorando? — Annie disse ao telefone. Eu já estava no trabalho e resolvi abrir o jogo com ela.

— Não, eu disse que iria pensar em tudo, mas estou balançada — admiti.

— Bom, eu fui contra você ficar com ele naquela época, mas depois do fracasso de todos seus relacionamentos, talvez você possa tentar, vai que dessa será diferente — ela incentivou.

— Bom, eu vou ficar algumas semanas aqui no Texas ainda, terei tempo para pensar em tudo — comentei.

Annie me deu mais alguns conselhos e depois desligamos.

A manhã passou voando e ainda recebi a visita do doutor Perkins, que queria ver como estava o andamento da restauração das peças, conversamos brevemente e ele revelou que eles tinham encontrado mais coisas, mas que tiveram que parar as escavações, pois o terreno tinha chegado na divisa com uma reserva e pela lei eles não poderiam mais explorar.

Era uma pena que isso tivesse acontecido, mas eu entendi os motivos e também achei melhor respeitar.

No fim do dia, quando saí do laboratório encontrei Christopher do lado de fora de uma SUV preta.

— Meus planos são banho e cama para hoje — falei ao me aproximar.

— Pode tomar banho na minha casa e dormir na minha cama — rebateu.

— Christopher, eu...

— Hoje de manhã você prometeu que iria tentar.

Fiquei na ponta dos pés e aproximei a boca de seu ouvido.

— Você estava com sua boca no meio das minhas pernas, não dava para pensar direito — sussurrei e meus olhos capturaram um par de olhos em nossa direção.

Do outro lado da rua havia um homem vestido de roupa escura, jaqueta e chapéu. Forcei um pouco a memória e me lembrei que era o mesmo homem que peguei me observando no bar ao qual Beatrice me levou no dia anterior.

— Quem é aquele cara? — perguntei ao me afastar e Christopher se virou para olhar.

— Um dos funcionários do pai de Julian, ele cuida da fazenda da família Dunker, que fica aqui perto.

— Hum — respondi.

— Por que a pergunta?

— Curiosidade — falei simplesmente.

— Hum. E então, janta comigo no rancho?

— Só se você cozinhar — rebati.

— Estou enferrujado, mas por você eu arrisco alguma coisa — respondeu e abriu a porta do carro para mim.

Enviei mensagem para Sanders avisando que iria dormir na casa de Christopher e que não seria necessária sua escolta naquela noite, mas que se precisasse, ligaria para ele ir me buscar.

— E seu motorista? — questionei.

— Junto com meus outros seguranças nos carros que estão vindo atrás.

— Entendi.

— Já sei o que está pensando, Dulce — falou com o olhar fixo na direção —, que no passado eu julgava seu estilo de vida e agora vivo igualzinho — completou.

— Não julguei, mas é assim que as coisas funcionam quando se chega em um certo patamar de dinheiro e influência, acho totalmente compreensível — admiti.

Ele assentiu e depois encostei a cabeça em seu ombro, enquanto observava o fim de tarde bonito com o céu todo pintado em tons de alaranjado.

Pensei em toda a correria de Nova York, o caos, as buzinas, eventos semanais da alta sociedade, minhas amigas, nossos encontros e tudo parecia sem tanta relevância, simplesmente porque eu estava com ele.

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