— Esmeralda!
Esmeralda. Precisava encontrá-la. A fumaça envolvia Vincent, dificultando a sua visão, sufocando-o, queimando seus pulmões.
A guilda estava em ruínas, exposta como uma ferida podre.
Por todo o trajeto até o Templo, Vincent esgueirava-se do fogo e dos destroços. Não havia honra naquele embate. Olhou ao redor e vislumbrou os Assassinos da guilda em um combate cruento contra os Illuminatos.
Cerrou os punhos e sua mão circulou com firmeza o cabo da espada. Havia um Illuminato diante dele com um sorriso sombrio estampado na face, preparando-se para matá-lo. Vincent suspirou. Aquele não era um treinamento. Sua vida estava em jogo. Avançou a espada, que rapidamente o Illuminato desviou-se, ainda mantendo o sorriso sádico no rosto.
Como Vincent almejou destruir aquele sorriso daquele maldito Illuminato!
Dois passos para frente. Dois passos para trás. As espadas bramiam. Pequenas faíscas saíam das lâminas por conta do conflito entre o aço. O Illuminato continuou a avançar a espada, batendo-a com a espada de Vincent, que permanecia em eterna posição de defesa.
Estava a perder tempo. Teria logo de matar aquele Illuminato e partir à procura de Esmeralda.
Distraiu-se. A lâmina do rival cortou a sua coxa esquerda e o sangue jorrou do corte. Vincent arquejou, caindo com um dos joelhos em terra. Maldição! O sádico Illuminato caminhava na direção de Vincent com o sombrio sorriso que alargava-se, vibrando de prazer em matar aquele garoto de olhos rubros. Não era possível! Era a segunda vez que Vincent estava perante a morte.
E uma lança atravessou o corpo do Illuminato risonho, matando na mesma hora.
— Não fique parado, moleque! — Yusuf berrou para o imóvel Vincent. — Impeça que destruam a guilda! — puxou a sua lança, enfiada no corpo do Illuminato.
— Por que me salvastes? — Vincent alteou a voz para o gigante ruivo.
— Eu o salvei? Sequer percebi. — replicou com um sorriso torto.
Vincent assentiu, ainda pasmo. O guerreiro ruivo o livrou de ser morto. Guardou a espada na bainha em dorso. Seus músculos do braço direito já sentiam cansaço. Seu corpo inteiro sentia exaustão.
Contudo, precisava continuar... por ela.
Um estrondo, como de um trovão, irrompeu perto de Vincent e fizera seu corpo ser lançado à uma grande distância, chocando as costas contra as ruínas que antes foram muralhas. Por pouco não fora atingido por uma bola em brasas. Seu ouvido zumbia e sua cabeça sangrava. O cheiro de enxofre perturbava seu olfato, atordoando-o. Tossiu, e ele podia jurar que suas costelas estavam fora do lugar, quebradas, furando seu pulmão.
Os Illuminatos continuavam a avançar, e agora faziam uso de canhões onipotentes, pondo as muralhas da guilda abaixo. Vincent apoiou uma mão no chão e a outra sobre as costelas, arrastando a perna esquerda. Seu corpo estava deveras ferido, mas não podia parar. Esmeralda poderia estar em perigo. Precisava ser persistente e prosseguir mesmo com o coração gritando em dor.
Andejou até detrás das ruínas, escondendo sua presença dos homens de manto vermelho, e ouvira mais um estrondo dos canhões, obrigando-o a tapar os ouvidos. Fora demasiado alto, quase destruindo seus tímpanos.
— Vincent... — lhe chamou uma voz fraca.
O rapaz virou a face, várias vezes, procurando a voz que pronunciava seu nome de forma dolorosa. Andou mais a frente e viu um corpo ensanguentado na areia. Era Ghalib. Ajoelhou-se diante do árabe muito ferido, que lhe agarrou o braço, temeroso pelo findar do fôlego da vida.
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BRAVURA
Historical Fiction"- Quero que seja um Assassino. O coração do pequeno menino parecia não caber no peito mediante a tamanha aflição, diante do questionamento do misterioso senhor. - Como disse, senhor? O garoto escutara perfeitamente o que o vecchio dissera...