Capítulo 42

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— Estás pronto, meu amigo? — Jervaise perguntara para Vincent.

— Sim.

Jervaise seguira Vincent, como um bom amigo, em sua vendetta. Ocultaram sua presença na folhagem densa e escura do bosque. Perderam algumas horas a esperar pelo alvo. Vincent almejava continuar com seu plano de vingança que lhe ardia as veias e lhe cegava. Ele escutara, antes de sair da mansão do duque, que Lorenzo pretendia visitar o Grande Mestre naquela noite. E segundo Alesso, onde encontrava-se Lucius, ali estaria Malquior. Ótimo! Mataria dois coelhos com um golpe só.

— Quando a carruagem da Vossa Alteza passar por esta estrada, pulamos no teto, e o faremos de refém. — Jervaise dissera, ajustando os braçais feitos de couro em ambos os pulsos. — Espero que Ícaro receba o meu perdão após isto. 

— Ele sabia quem eu era... — Vincent dissera de forma distante. — Sabia que eu era um Assassino.

— Quem sabia? — Jervaise arqueou a sobrancelha.

— Alesso. O homem a quem matei — Vincent mantinha o olhar semoto. — Ele sabia quem eu era.

— Não há com o quê preocupar-se agora. Alesso levou teu segredo para o túmulo.

Assim que escutaram o relincho dos garanhões imperiais de pelo alvo como a neve, os dois Assassinos sabiam que aquele era dado como o momento perfeito. Saltaram do galho onde jaziam, pulando sobre o teto do coche, afundando-o com o peso. Rapidamente, Vincent deslocara-se para o lado do cocheiro a apontar o punhal em seu flanco.

— Olhe para frente e nem pense em parar este maldito veículo ou mesmo lançar-se dele! — exprimira entre dentes. — Vá mais rápido! — dissera Vincent.

O cocheiro por medo da morte que seria encomendada pelo Assassino ao seu lado, cujos olhos infernais fizeram-no suar frio pela nuca, oscilou bruscamente as rédeas dos garanhões, fazendo-os cavalgarem ainda mais depressa. Enquanto a Jervaise, restara somente invadir o comboio do príncipe. O ruivo surpreendera-se por ver o encapuzado de manto negro adentrar a sua carruagem.

— De onde saístes? — o príncipe alarmou-se, comprimindo o corpo contra o assento.

— Acalma-te, Vossa Alteza. Sou apenas um mero passageiro.

— Não! — os olhos castanhos de Lorenzo arregalaram-se. — És um deles! Um Assassino. — pôs a mão na trava da porta a fim de abri-la. — Irá matar-me!

— Estás louco? — Jervaise meneou a cabeça. — Não vou matar-te.

— Mentira!

Jervaise bufou, retirando do bolso do casaco, uma corda fina e um lenço. Agarrou o ruivo muito histérico, acabando por dominá-lo.

— Desculpe-me, Vossa Alteza — Jervaise amarrava os pulsos do príncipe. — Mas precisamos desta carona até Lucius.

— Como se atreve? — Lorenzo agitava-se. — Exijo que liberte-me!

— Novamente, queira perdoa-me — amordaçava o príncipe.

A carruagem disparava na trilha de terra, rumo a casa de verão que hospedava o líder da Seita. O príncipe encarava furiosamente o Assassino que o mantinha como prisioneiro.

— Somente colabore, Vossa Alteza. Levem-nos para o homem que causou toda esta contenda.

Isidora irrompeu pela entrada da mansão, muito apreensiva, portando a rapieira nas mãos, seguida pelos homens da Guarda Real. Sabia o grande momento de dor que o príncipe passava, mas era necessário que ele a compreendesse. Florença não era um lugar seguro.

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