Capítulo 48

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    Lorenzo assentou-se na cátedra, a olhar o mascarado que tentava uma aliança com ele, através de uma intrínseca proposta. Ser sua marionete por todo o sempre.

  — É uma religião de sádicos — bramiu o príncipe.

— Não, Vossa Alteza, só fazemos isto para nossos deuses. Há séculos, os Illuminatos acreditam que a família real nos conduzirá para os tempos de luzes. Todos os sacrifícios cometidos até agora, por teu amado Lucius, foram com o propósito maior.

— Quando fui ferido... Foram os Assassinos que o fizeram?

— Lucius disse-me que deverias ficar amedrontado em relação à eles. Tudo feito de acordo com o plano.

Lorenzo ficara pasmo.      

— Agora, príncipe, vejamos se consegues compreender — Malquior rodeava Lorenzo. — Você não é valioso como pensava ser. És um mero fantoche para a Seita. Assim como os reis antes de ti, e o rei Olavo e a rainha Eleanor também foram.

— Como ousas falar isso do rei e da rainha? — encarava a máscara cruel.

— Ah, coitados. Opuseram-se contra o poder da Seita e tiveram um fim trágico.

— Eram os meus pais.

— Ora, príncipe, não contemplastes do que sou capaz? — Malquior levantou os braços. — Sou capaz de tudo agora. Deverias ajoelhar-se perante mim. Sou mais do que um membro da Seita, Cavaleiro Negro ou Grande Mestre. Sou quase um filho dos próprios deuses.

Lorenzo desviara o rosto e Malquior agarrara em seu maxilar, fincando as unhas em sua carne, instigando-o a olhar profundamente nos olhos negros da máscara.

— Por que eu?

— Porque Lucius acreditava piamente que da semente de um Sorentino surgiria a "criança eleita". Uma criança perfeita que seria adorada por todas as nações, que levaria a nossa Seita a ser conhecida por todos os cantos do mundo. Ele até acreditava que seria você, o escolhido, mas logo viu que não era a ti que cabia tal destino.

Agarrou os cabelos do príncipe, puxando sua cabeça para trás. Adentraram dois servos Illuminatos, trazendo consigo uma grande pintura. Nela, a ilustração de uma criança triunfante com aura dourada sobre uma pilha de cadáveres.

— Vês isso? — Malquior puxava mais e mais a cabeça de Lorenzo. — Contemple a imagem da criança sagrada que instigou uma guerra silenciosa entre facções durante séculos. A criança eleita que queimaria este mundo e o renovaria. A criança que nunca dorme ou alimenta-se, que não tem pensamentos impuros ou desejos lascivos e que nunca padecerá. Ao contrário de nós, meros mortais.

— Acreditas nisso? — Lorenzo arfava. — Acreditas que uma mera criança é sinônimo de poder?

— Virastes um incrédulo, príncipe? Talvez Lucius tenha tido razão em desconfiar de que não eras o escolhido. — soltou-o. — Alie-se a mim, garoto. Não resta muito de teu antigo mundo agora. Não tens aliados, amigos e a coroa que achavas que era tua, não passas de uma bijuteria barata agora.

— Se eu me recusar a ser parte dessa loucura, o que farás? Não podes tirar-me mais nada.

— Estais errado. E como estais.

Estalou os dedos e os servos Illuminatos lançaram ao chão duas jovens. Mileide abraçava Naomi, amparando-a, protegendo-a das lâminas das espadas dos algozes.

— Não tenha medo — Mileide sussurrava para Naomi. — Não deixarei que a machuquem.

Malquior gargalhava a bater palmas.

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