A noite daquele sábado do mês de agosto encontrava-se cinza e nublada, e as nuvens que pairavam no céu, oprimiam a cidade em um calor róscido. Naquela mesma noite, Malquior compareceu perante a Lucius, portando notícias deveras desagradáveis para a Seita.
— Grande Mestre, em vossa presença, alegro-me. Perante tua face, engrandeço-me. — curvou-se.
— Veio aborrecer o meu juízo com más notícias?
— O Cavaleiro Amarelo está desaparecido e o Cavaleiro Vermelho foi encontrado morto. — Malquior informou-o.
— Que lástima. — dissera o Lucius, friamente. — Já que ainda está aqui, Malquior, precisamos conversar seriamente. Aproxime-se.
— O que desejas, nobre Lucius?
— Pares de fingir, Malquior. Sei bem a víbora com a qual estou lidando. As escamas sobre os meus olhos caíram de uma vez.
— Ora, soberano Lucius, não faço ideia do que estais a falar.
— Sei muito bem que andas a encher a cabeça dos meus súditos com dúvidas e com ideias burlescas. Sim, está tramando uma rebelião em minhas costas. O que pretende, Malquior?
— Deves ter entendido errado...
— Entendi perfeitamente o que se passa. Desejas o meu lugar, Cavaleiro Negro. E para isso, tens plantando disseções na Seita. Que vergonha. Criando cisões entre os próprios irmãos. Transformando aliados em rivais.
— Estou apenas dando uma nova visão para a Seita. Estou cansado desta direção lenta e pacífica que temos. Precisamos agir e sermos agressivos contra nossos inimigos. Pisá-los e subjugá-los. Necessitamos de um líder forte.
— E quem seria este líder forte a quem tanto clama? — Lucius soltou uma risada. — Você? Um garotinho medroso e fraco?
— Fraco?
O jovem Illuminato sentiu-se um mero verme diante do líder longevo.
— E tu és velho e decrépito.
— Sim, fraco. E agora, aborrece-me com teus indícios de traição.
— Veja como se referes a mim.
As mãos de Malquior tremiam. Lucius o reprovava, como Dimitri outrora fizera.
— Creio, Grande Mestre, que já está mais do que na hora dos Illuminatos terem um novo líder. — andava rumo a cadeira de Lucius. — Alguém com mais fibra e mais jovem, e que se preocupe com a nossa irmandade.
— Quem indicas para ser esse líder tão grandioso e passivo? Um mero garoto como você? — Lucius gargalhou. — Não te exaltes tanto, Malquior. Ainda não saístes da casca. Coloque-se em seu lugar antes que o perca. Um mero e insignificante Cavaleiro do Apocalipse dando ordens para mim — bufou.
— Sou o Cavaleiro Negro — Malquior levantou a voz. — Mereço ser respeitado.
— E eu sou o Grande Mestre!
A voz de Lucius ecoou pelo salão fazendo Malquior emudecer-se.
— Tenho feito teu trabalho sujo — o Cavaleiro dissera em voz baixa —, em nome dos teus deuses de pedra. Mas apenas age como se eu fosse um nada, Lucius.
— Porque é isso que você é. Um nada!
Os olhos de Malquior tremiam debaixo da máscara. Aquele velho estava desmerecendo-o. Diminuindo-o.
— Tens sorte de teu pai, Malquior, ter sido um de meus Cavaleiros, senão, seria mais apenas mais um no mundo. Um grão de areia, uma folha de grama. — instigou um olhar de desprezo para o Cavaleiro Negro. — Aliás, se lembro-me bem, teu pai foi um fracassado em vida. Não teve coragem de eliminar um pequeno erro em sua família, e foi morto pateticamente por um Assassino.
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BRAVURA
Historical Fiction"- Quero que seja um Assassino. O coração do pequeno menino parecia não caber no peito mediante a tamanha aflição, diante do questionamento do misterioso senhor. - Como disse, senhor? O garoto escutara perfeitamente o que o vecchio dissera...