🚨AVISO: O CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES FORTES, QUE PODEM SER PERTURBADORAS PARA ALGUNS LEITORES.🚨
Mileide acordara assustada naquela madrugada. Enxotou as muitas galinhas que dormiam sobre ela, retirando as penas que ficaram presas em seus cabelos. Atentou-se aos barulhos de choro e gemidos que vinham além da porta de madeira do galinheiro.
Acendeu a lâmpada a óleo e saiu do galinheiro. Passou um dos braços ao redor do abdômen, tremendo pelo frio da madrugada que a camisola de tecido desgasto não conseguia protegê-la.
— Há alguém aqui? — o coração espremendo-se em medo.
Coragem, Mileide. Uma voz ecoava dentro dela. Já enfrestaste a fiera, não há mais nada a temer.
Levantou a lamparina e retornou a questionar.
Rodeou o velho celeiro, e encontrou, atrás dos barris com cevada, o atalaia, de torso desnudo com a testa encostada na parede externa de madeira do celeiro. Vincent soluçava. Mileide aproximou-se em silêncio. Era a primeira vez que contemplava o jovem a demonstrar alguma emoção. Sempre o vira tão rígido e estoico, que vê-lo chorando, daquela forma, doía seu coração.
— Vincent... — chamou, carinhosamente. — Está tudo bem?
Mileide ajoelhou-se diante do rapaz, e na luz da lamparina, vislumbrou as mãos dele.A moça muito preocupou-se. Apanhou ambas as mãos do rapaz, notando os cortes brotando o líquido rubro. Jogada na grama, perto dos joelhos de Vincent, uma adaga ensanguentada. Parecia que estava castigar-se. Ele ferira suas mãos. Apresentara o estranho comportamento de novo. Antes, jogou-se do alto daquela cachoeira, e agora, apresentava cortes nas mãos.
— Por que te flagelastes deste jeito?
— Porque há um monstro em mim — arquejou. — E esse monstro precisa ser domado.
— Pares de falar bobagem — apoiou-o nos ombros. — Vamos entrar. Temos de cuidar destas feridas. Chamarei Dracone e...
— Não! — Vincent impediu-a de terminar a frase. — Não chame ninguém.
— Não chamarei Dracone, mas tem que permitir que eu cuide de ti.
Vincent assentiu. Uma sombra cobrindo o rosto pálido.
Entraram no velho celeiro, e Mileide repousou o rapaz na cama. Apanhou uma vasilha de barro e encheu com água pura. Lavou os cortes na mão de Vincent e em seguida, enfaixou-os com cuidado. Enquanto enfaixava a mão direita do jovem, Mileide não pode deixar de perceber que Vincent a olhava. Um olhar tão abatido que machucava. Fora isso, o rapaz estava com o tórax exposto e naquela perfeição de músculos do peitoral, Mileide viu uma cicatriz enorme. Desviou os olhos, corando muito.
— Sou um monstro... — Vincent falara, baixinho.
A garota parou de enrolar a faixa na mão de Vincent, olhando-o com piedade. Não entendia, céus, por que Vincent estava martirizando-se daquela maneira. Ele havia saído para um jantar e voltado daquela maneira tão anormal. Mileide somente conseguia pensar que o rapaz fora abordado por ladrões no meio do caminho, e pressionado a defender-se, matara os malfeitores.
— Não és um monstro, Vincent — dissera, compassiva.
— Por que tu achas que não sou? Nem mesmo me conheces.
— Não creio que sejas mau.
— Como pode ter tanta certeza?
— Não és mau — afirmou, quase em um grito sufocado. — Não poderás mexer as mãos durante algum tempo. Pode contar que o houve?
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BRAVURA
Historical Fiction"- Quero que seja um Assassino. O coração do pequeno menino parecia não caber no peito mediante a tamanha aflição, diante do questionamento do misterioso senhor. - Como disse, senhor? O garoto escutara perfeitamente o que o vecchio dissera...