— Concentração, Flor Selvagem — exigiu, Vincent. — És previsível como um livro. E por que estais vestindo estas vestes? O que eu lhe disse antes? Isto irá atrapalhar-te.
Mileide não via nada de errado em estar vestida com seu uniforme de criada, dado que metade de suas roupas eram trapos remendados. Trajava um vestido carmim de muitas saias e mangas compridas e bufantes, pois a duquesa resolvera que era hora da criadagem trocar as cores de seus uniformes. O único problema era vesti-lo sem sentir coceira. Além do que, parecia que seu uniforme era o único que aparentava ter sido costurado com pano velho e desbotado, mas Mileide como sempre, acostumava-se com a ocasião inoportuna. O que ela realmente achava estranho, eram estarem treinando em plena quinta hora da manhã. Mas como o atalaia havia dito antes, ele tinha planos de sair durante à noite. Resolveu não questioná-lo mais.
— Em guarda de sexta! — Vincent ordenou.
Mileide fincava a espada no ar, repetindo os golpes.
— Guarda de quarta!
Outra vez, repetiu o golpe.
— Pare! — exclamou, irritadiço.
— O que foi? — Mileide manteve-se com a postura paralisada com a espada de madeira em mãos.
— Mantém essa flexão exagerada nas pernas — bateu na panturrilha de Mileide com um graveto, incitando-a a endireitar-se. — E seus braços estão deveras estendidos. — cutucou o braço direito da moça. — Tente não ficar tão tensa.
— Estou tentando não ficar nervosa, mas sempre que faço algo, me corriges.
— Isso porque sou o teu mentore, e minha função é ensiná-la. Continuaremos com a "marcha".
Mileide avançou e recuou. Primeiro avançou, apoiando-se na ponta do pé, e recuou, apoiando a planta do pé no chão.
— Errado.
— O que errei agora?
— Está arrastando os pés e a tua postura está muito arqueada. A flexão de tuas pernas fica em velocidade reduzida durante os deslocamentos. Não fazes ideia de como isso seria fatal em uma luta de verdade. Ainda sabes como fazer o "afundo", ou esquecestes?
Mileide cruzou os braços, irritada.
— Estais muito exigente esta manhã. Parece que deseja ver meu suor transformar-se em sangue. Veja minhas mãos. Estão cheias de calos. — ergueu as mãos, com bolhas em formação e outras, estouradas. — E as minhas costas doem, como se eu tivesse sido pisoteada por cavalos.
— Significa que seu treinamento não foi em vão. Está tirando frutos disto. O cansaço significa que está chegando lá, e quando ficas cansada deves tirar o máximo de proveito disso e encontrar sua força.
— Bem, tens razão — sorriu, corando. — Sinto que meus reflexos melhoraram! — dissera, ufana. — Sim, acho que com um pouco mais de treino, serei como a major Isidora.
— Para isso, deves falar menos e treinar mais. Faça para mim, o "afundo".
Suspirando com cansaço, Mileide inclinou a perna direita, e deixou a perna esquerda estendida atrás de si. Ergueu o braço direito, deixando-o armado para frente.
— Enfim, uma postura perfeita — dissera Vincent. — Outra vez.
Mileide o obedeceu.
— Outra vez.
Ela obedeceu de novo.
— Outra vez.
E de novo.
— Pare — dissera o rapaz. — Está bom.
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BRAVURA
Historical Fiction"- Quero que seja um Assassino. O coração do pequeno menino parecia não caber no peito mediante a tamanha aflição, diante do questionamento do misterioso senhor. - Como disse, senhor? O garoto escutara perfeitamente o que o vecchio dissera...