🚨AVISO: O CAPÍTULO CONTÉM DESCRIÇÕES FORTES, QUE PODEM SER PERTURBADORAS PARA ALGUNS LEITORES🚨
Ao longe, além dos muros da mansão, podia-se ver o resplendor do nascer do sol, juntamente ao canto dos bem-te-vis. O céu, cromatizado com tons entre um pálido azul e um enérgico rosa misturado com laranja, dava uma certa sensação de paz. Era um panorama lindo de admirar-se. Exceto por algo que impedia Mileide de contemplar o nascer do sol: os gritos de sua prima Tarsila. Mileide tampouco conseguia compreender. A jovem deveria estar mais calma depois de ter bebido todos aqueles chás de ervas. No entanto, Tarsila estava eufórica, agitada. Seus gritos rasgados ecoavam pela mansão, preocupando a todos os criados. Diziam pelos cantos da mansão que a jovem noiva fora possuída por um espírito maligno e que ela precisava da presença de um exorcista. Mileide resolvera não dá atenção aos criados de língua afiada.
Havia uma outra razão pela qual Tarsila chorava e gritava tanto, desconhecida por todos, exceto pela duquesa, que desde o dilúculo estava trancafiada com a filha no quarto.
— Não tinha o direito! — Tarsila gritava.
A pele de pêssego da garota achava-se maltratada como uma flor que não recebe água há anos. Os lábios, arroxeados e trêmulos. Os olhos, estes encontravam-se inchados por tanto chorar, e abaixo deles uma sombra arroxeada muito visível, um óbvio sinal de que não dormira naqueles dias que seguiam-se para o casamento. Apertava o travesseiro de plumas contra a barriga, enlouquecida. Nas pernas da moça corriam grossas linhas de sangue vivo, a manchar sua cama e suas vestes. Era aquele o vestígio final do delito que a duquesa obrigou a filha a fazer.
— Ele era meu — soluçou, a voz falhando. — Eu o queria, mamãe!
— Iria trazer ao mundo o filho de um maldito camponês? — Brígida indagou entre dentes, sibilando baixo para que os criados não a ouvisse. — De forma alguma, Tarsila, deixaria que uma tola como tu, atirasse o nome da família Amadeo na lama, com o erro que cometeu.
— Ele não era um erro! Era meu! — depositou a mão sobre a barriga, estranhando o tamanho recuado dela. — Tu o tiraste de mim, mamãe! — Tarsila gritou. — Eu o queria tanto... — desabou a chorar. — Por que obrigou-me a beber aquelas ervas? Por quê?
— Vai aprender a lidar com isso. Vais casar com o príncipe e terás muitos filhos com ele.
— Nunca terei filhos de alguém que não amo.
Brígida respirou profundamente, decidida a fazer Tarsila esquecer o que ocorrera.
— Faltam dois dias para tu se casares. Ponha isto na cabeça. Enquanto não chega o dia de teu casório com o príncipe, permanecerás trancada.
— Vais me maltratar, assim como maltratava minha prima Mileide? — Tarsila olhou cruelmente para a mãe.
— Nunca pensei que a minha filha, fosse se comportar como uma vadia! Esperava esse tipo de comportamento asqueroso vindo de tua prima, não de uma Amadeo sangue-puro como tu.
— Poupe-me, mamãe — Tarsila sorriu, os olhos mortos contribuindo para um semblante insano. — Queres que eu acredite que és uma mulher direita e fiel? Quando na verdade deita-te com o primeiro sentinela que vê, porque o meu pai, meu amado pai não pode mais satisfazê-la. Achas que eu não sei, que detrás dessa posse de duquesa respeitada existe uma vagabunda?
Tarsila gritou com o tapa feroz que recebeu. Caiu da cama, desequilibrada e com a face em chamas.
— Nunca mais ouse falar isso. E reze para que o príncipe nunca descubra o tinha em teu ventre.
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BRAVURA
Historical Fiction"- Quero que seja um Assassino. O coração do pequeno menino parecia não caber no peito mediante a tamanha aflição, diante do questionamento do misterioso senhor. - Como disse, senhor? O garoto escutara perfeitamente o que o vecchio dissera...