Capítulo 25

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    Uma taça de vinho era mais do quê suficiente para saciar a sede de Lucius. Via o servo de manto escarlate encher o cálice de cristal com o melhor vinho de toda a Itália. O vidro ganhava cor. Lucius não estava nenhum pouco a fim de repousar na mansão do duque de Florença. Guiado por seus seguidores, hospedou-se na casa de verão do príncipe. Ficou imensamente grato pelo príncipe ceder ao seu pedido e dispor de um quarto confortável para ele, aposentos à altura de um santo homem.

Tomou um gole de vinho, deliciando-se de cada segundo.

Aonde quer que fosse, seria amado e respeitado. Abriu um sorriso mordaz. Haviam pessoas sem esperanças, desgarradas como ovelhas sem pastor, que abraçavam e depositavam sua fé em qualquer maldita coisa. Retirou a mitra da cabeça, depositando-a na perna. Sentiu a presença dele em seus aposentos. Havia uma agitação naquele rapaz. Malquior, tão jovem e tão rancoroso. Tão rebelde e tão fiel.

— Malquior, meu servo predileto e leal — dissera o Lucius sem virar-se para trás. — Que ventos o trazem aqui?

O subordinado saiu das sombras, mostrando as vestes brancas e manto vermelho impecáveis. O rosto, oculto por uma máscara e um elmo com cornos salientes, tratavam de esconder ainda mais a identidade. Apenas um único olho castanho era visível sob toda escuridão em sua face.

— Soberano Lucius — ajoelhou-se.

— Você sabe o quanto detesto quando ficas a esconder-te nas sombras — bebeu o vinho com desgosto. — Coisa de Assassino.

— Certos hábitos nunca morrem.

Era Illuminato, tinha sangue de Illuminato, mas antes de descobrir-se parte da Seita, foi durante muito tempo um discípulo de Assassino. Ainda mantinha os vícios de esconder-se nas sombras ou matar de forma furtiva. E Lucius odiava isto.

— Mas deveria evitar tais hábitos, Malquior! — o Grande Mestre levantou a voz, e Malquior baixou a cabeça. — Enfim, não quero irritar-me. Diga-me alguma boa notícia!

Malquior aprumou-se ficando ereto, a sombra do elmo caindo ainda mais sobre a máscara.

— Não há sinais dos Assassinos em Florença.

— Isso é uma ótima notícia, meu caro! — abriu um largo sorriso.

— Estamos em segurança e temos todo o poder em nossas mãos.

A ideia de trazer seus servos não foi de todo ruim. Ninguém desconfiara — nem mesmo a major Isidora — do pesado comboio extra. Trazer seus seguidores para Florença não foi um total desperdício, serviriam como um leal exército predispostos a obedecê-lo. Agora, Lucius instigava-se a espalhar sua santa doutrina naquela cidade.

— Sim — Lucius abriu um sorriso largo e obscuro libertando-se de seus devaneios. — Sob o meu poder! Faz ideia, caro Malquior, de quantas gerações de Grandes Mestres desejaram ter esse momento de glória? Ou quantos Illuminatos morreram para pôr em prática seus planos? Eu sou o primeiro deles a ter sucesso!

Sob a máscara, Malquior bufou. Não queria falar sobre os feitos do passado.

— Temos que ter foco nas conquistas que virão pela frente — Lucius continuou.

— E enquanto ao duque Amadeo? Devo ficar de olho nele?

— O duque é apenas mais um tolo em nossa Seita. Assim como Nero, aquele patife que morreu pelas mãos de um Assassino — exprimiu com desprezo. — Ao menos, o duque é obediente como um cachorrinho. E você? Descobriu a localização real do Clã?

— Senhor, a guilda foi destruída. Isso não basta?

— O seu trabalho é achar a verdadeira localização do Clã e dizer-me!

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