Capítulo 47

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      Malquior olhava para a mão com a flecha transpassada. Um Assassino havia o ferido. E este tal Assassino, com deleite nos lábios, lhe sorria de modo ferino. Posicionava-se do outro lado, acima do jardim suspenso. O arco e flecha apontados para Malquior em uma postura impecável.

No andar de baixo, gritos que poderiam ser comparados com uma avalanche. Eram os Assassinos, antes prisioneiros, que agora enfrentavam os Illuminatos. Abertos os portões, após terem matado os que ali vigiavam, fugiram da fortaleza. Poucos conseguiram.

— O que pensam que estão fazendo? — Malquior gritou para os servos, enquanto retirava a flecha de sua mão. — Atrás daquele arqueiro miserabile!

Os subordinados de Malquior deixaram o local, indo atrás do atrevido arqueiro. Ícaro não os temia. Saltou, caindo com as mãos espalmadas sobre o chão. Rapidamente ativara as lâminas dos braçais de couro em ambos os pulsos. Esquivava-se dos rivais e perfurava-os. Abria espaço na multidão escarlate, indo de encontro a Malquior.

— Não deixe esse maldito vencer — Malquior berrava, eufórico. A mão gotejando pingando sangue.

Vincent, caído ao chão com a rede sobre seu corpo, muito perspicaz e zonzo, deslocou a mão para a bota e puxando um punhal escondido nela, conseguira cortar as cordas da rede sobre o seu corpo. Livre, apanhou a espada. Pondo-se de pé, retirou o peitoral da armadura, assim como as peças que cobriam seus braços e coxas.

— Aonde pensas que vai, Espectro? — Malquior olhou na direção do rapaz.

— Não sou teu Espectro e nunca serei — apontou a espada para ele, furioso.

— Pensas que pode matar-me? Achas que tem alguma chance contra mim e meu exército?

Vincent o ignorou e guardando Arcanjo na alça em seu dorso, correu como um alucinado, atirando-se pela janela. O vidro estilhaçou-se, cortando a testa. Pôs os braços frente ao rosto, rolando no chão úmido com cacos de vidro, ralando os cotovelos.

— Não vais escapar de mim, Assassino — Malquior continuava a gritar, ensandecido.

Fazendo uso de sua espada, Vincent derrubara dois Illuminatos que atreveram-se a cruzar seu caminho. Sentia que não aguentaria mais lutar. Estava exaurido. E céus, o peito doía tanto. Ajoelhou-se. Uma mão tocou-lhe o ombro, incentivando a manter-se de pé.

— Não vaciles, Assassino — Ícaro lhe sorriu.

— Tens um plano?

— Guardar-te vivo. Este é o plano.

O derramamento de sangue continuou tempo suficiente para Ícaro abatesse mais dois Illuminatos com as lâminas dos braçais. Avistou um capão e sabia que era chegada a hora de ir.

— A batalha está árdua demais de suportar — Ícaro arfava. — Devemos fugir.

Correu até o capão, a atirar flechas em quem impedia de prosseguir. Montou no animal e cavalgou até Vincent, segurando em sua mão, colocando sobre o corcel. Dirigiu-se ao portão aberto, aonde dois Illuminatos em questão faziam questão de fechá-lo.

— Não deixem que escapem — Malquior continuava a ordenar.

Passaram pela fenda dos portões, com muito sacrifício, Vincent olhou para trás e ao fazer isso, ele podia jurar que vira uma conhecida silhueta. O encapuzado de olhos rubros que o fizera retornar a consciência.

Andiamo — disse Ícaro para Isidora que o esperava. — Logo estarão atrás de nós.

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