Capítulo 3
Comecei a guardar meu instrumento no estojo junto com as pastas, flanelas e o breu. Eu estava iluminada com aquilo que acabara de acontecer. Alguns músicos estavam combinando de ir comer em algum lugar e me convidaram. Eu topei. Quando me virei para colocar a alça do estojo em meus ombros, dou de cara com ele, Thomas.
- Oi! Disse sorrindo para ele, claramente entusiasmada ainda com o ocorrido anterior.
- Oi! Ele devolveu com o mesmo entusiasmo.
- Então... Bela apresentação heim? E ainda você se preocupa em praticar! Parabéns, você foi ótima lá...
- Hum, obrigada. Realmente deixei a música me levar. Não sei explicar o que aconteceu naquela hora.
- Talento, essa é a explicação. Ele sorriu amigavelmente.
De repente me lembrei que os meninos estavam me esperando e eu tinha que ir. Me surgiu um pensamento enquanto isso.
- Ei, planos para agora a noite?
- Não exatamente...
- Gostaria de se juntar as pessoas mais cool que você já conheceu? Eu e mais alguns da orquestra estamos indo para algum lugar comer alguma coisa e para conversar... Quer ir junto?
Ele pensou por um minuto e disse - Claro, vai ser legal.
Caminhamos junto com os rapazes após eu ter pagado o mico de fazer as apresentações. Pelo visto eu era a única que não conhecia Thomas. Ou pelo menos, que nunca tinha reparado que ele existia no universo. Após esse constrangimento regido por mim, fomos caminhando pelas ruas dando risadas falando piadas e etc.
Ele era um rapaz muito quieto, mas seu sarcasmo era algo.
- Então, senhorita Beatriz, o que mais você guarda aí de talento escondido do mundo?
Eu bufei. Se ele soubesse o quanto eu me acho ruim, jamais teria proferido essa asneira.
- Bem, tenho talento nato em quebrar copos.
Ele riu bastante. Ele olhou para baixo e ficou assim por algum tempo.
- Sei que você gosta de ler. Acho isso tão legal. Provavelmente você deve gostar também de escrever...
- Como você sabe? Bom, é verdade. Adoro escrever. Me esvazio nas palavras. É o meu refúgio onde posso desabafar e me ouvir. Mas não se empolgue, você não está falando com nenhuma escritora, mas sim com um garota que tem às vezes um lápis e um papel na mão e rabisca coisas sem sentido algum artístico.
- Qualquer coisa que externe sentimento é arte na minha opinião. Como pode dizer que não é?
Estou curioso para te ler.
- Acredite, não é uma boa ideia.
- Veremos.
- Bom, eu tenho um blog onde escrevo minhas bobagens...
- Eu poderia ler algum dia?
- Acho que sim. Disse um pouco contrariada. É estranho quando alguém te lê conhecendo você. Quando escrevo e pessoas estranhas leem é totalmente diferente de quando alguém me conhece. Porque para quem lê, eu sou abstrato, mas para quem me conhece, é como se fosse uma invasão de privacidade sentimental e eu não sei se estou preparada para deixar esse meu pequeno mundo sentimental e besta aberto para ele.
Aquela noite jantamos e conversamos com os outros em volta da mesa e eu me surpreendi com as coisas que ele sabia. E sobre tudo, o que me despertou mais curiosidade ainda foi ele saber algumas coisas a meu respeito. Será que eu sempre fui tão indiferente a ele a ponto de nunca percebê-lo em nenhum momento? Fico me perguntando se algum dia já conversamos e eu não tenho a mínima ideia sobre.
Se aconteceu, tomara que ele nunca pergunte ou fale sobre isso. Há quanto tempo será que ele tem estado ao redor da minha rotina, das minhas saídas, da minha vida e eu nunca tinha reparado? Onde foi que eu comecei a não reparar nas pessoas? Acho que realmente estava precisando desse choque. De repente o tempo parou naqueles segundos e vi todos sorrindo e eu naquele círculo feliz, fazendo parte daquilo. Me senti tão agradecida. É como se a vida estivesse me chamando para uma dança e eu muito alegre tivesse aceitado. E foi maravilhoso me sentir viva contagiada por aquelas explosões altamente contagiosas de felicidade.
Capitulo 3, Outono em mim
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Outono em mim
Romantik" Eu adoro quando esquece teus olhos sobre os meus... " "Outono em mim" vem com todo sentimento que grita em nosso peito todos os dias, no sentido do outono que vem o vento e derruba todas folhas ao chão.. Que refletindo aos nossos sentimento tos, e...