Capítulo 28
"Se você não consegue entender o meu silêncio de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos."
― Oscar Wilde
Após todos estarem suficientemente cansados para querer voltar para casa, enfim todos entraram no carro para ir embora. Vitor voltou do meu lado no carro segurando a minha mão no escuro até chegarmos na casa. Cada um se jogou em um canto e eu por sorte tropecei em um sofá logo na chegada. Eu não vi as próximas horas passarem, quando acordei já era tarde de domingo e alguns estavam já arrumando as malas para a volta. Eu simplesmente levantei e caminhei em direção ao mar. Eu queria colocar os pensamentos no lugar, tentar entender porque tinha feito coisas estúpidas na noite passada que não mudaram em nada a minha vida. O vazio permanecia aqui. De repente senti meu celular vibrar, examinei a tela e era Thomas perguntando onde eu estava e porque não respondia às suas mensagens. Bloqueei a tela do celular e devolvi no meu bolso. Fechei meus olhos e senti o vento no meu rosto. Fiquei ouvindo o som que os pássaros faziam e o barulho das ondas quebrando na beira da areia. Eu só queira ficar assim o máximo de tempo que eu pudesse. Senti um leve tremor na areia e percebi que ela tinha cedido no meu lado esquerdo. Abri os olhos e dei de cara com Vitor.
- Oi...
- Oi, respondi.
- Então... Você gostou de ontem à noite?
- Foi muito bom sim... Respondi honestamente. Afinal o beijo dele era maravilhoso. Ele não tinha nada a ver com meus problemas sentimentais.
- Que bom! Ele sorriu por baixo do fôlego. Continuei em silêncio observando as ondas. Eu conseguia sentir ele me olhando.
- Então... Nos poderíamos repetir né? Vitor falou delicadamente. Eu suspirei.
- Olha, me desculpa... Eu adorei ter ficado com você ontem, mas não podemos mais repetir isso, me desculpe. Espero que entenda...
Abaixei a cabeça e fiquei olhando os grãos de areia que cirandavam com o vendo sobre as minhas pernas.
- Mas você não gostou do meu beijo? Ele perguntou confuso.
- Gostei!! Meu Deus como gostei! Não é isso... É só que... - eu suspirei e olhei para o mar novamente. Havia um barco bem no limite onde minha visão alcançava.- Você não entenderia... Continuei.
Ficamos em silêncio por um minuto e ele acarinhou o meu ombro.
- Eu entendo sim Bia... Eu já entendi. Me virei para ele e para minha surpresa Vitor deu pequeno sorriso e beijou a minha testa se levantando dali onde eu estava.
- Espero que ele valha a pena... Ele disse antes de ir embora.
Vitor tinha razão. Thomas não valia tudo isso, mas existia essa força que não me deixava ir para frente. Eu só estava perdendo o meu tempo. Eu precisava de um novo amor, alguém capaz de anular Thomas da minha vida, mas meu coração não parecia estar aberto a negociações.
Era a pior coisa do mundo continuar amando alguém que jamais iria te pertencer. Tudo que eu queria era um pequeno infinito de nós. Passei a semana ocupada estudando as partituras novas que o maestro nos tinha dado para a próxima apresentação. Eu sempre ficava tensa quando tinha partituras novas, então passava horas lendo e relendo o arranjo antes de pegar meu instrumento. Quando chegou o sábado, fui para o ensaio da orquestra e esperei ver ele, mas para minha sorte misturada com frustração, não o encontrei nos bancos da plateia. O maestro finalizou e eu conversei com alguns amigos do sopro enquanto guardava o violino no estojo. Quando passei pela porta da saída, senti alguém encostando no meu braço. Quando me virei, meu olhar encontrou os olhos negros de Thomas, este que, parecia irritado.
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Outono em mim
Romance" Eu adoro quando esquece teus olhos sobre os meus... " "Outono em mim" vem com todo sentimento que grita em nosso peito todos os dias, no sentido do outono que vem o vento e derruba todas folhas ao chão.. Que refletindo aos nossos sentimento tos, e...