Capítulo 13
Se tinha uma coisa que eu descobri em Thomas, era que ele não tinha o menor jeito com mulheres, chegava a ser engraçado.
Finalmente conseguimos chegar nas margens da cachoeira. Eu estava de vestido e não tinha trazido outra roupa, então decidi não entrar, embora estivesse com vontade de entrar com roupa e tudo. Thomas estava de calças e tênis e aparentemente não tinha trazido uma segunda muda de roupa. De repente ele se sentou em uma pedra e começou a tirar o tênis e depois arremangou as calças. Eu fiquei observando o que mais ele tiraria... Mas parou por ali mesmo, para a minha frustração.
- O que você está fazendo?
- Ué vou molhar os pés...Era próximo ao meio dia e o sol estava escaldante então decidi fazer o mesmo que ele, me sentei em uma pedra próxima da que ele estava sentado e fiquei com os pés na água me refrescando.
Logo chegou outras pessoas da excursão e uns se jogaram na água de roupa e tudo. Aquele barulho de pessoas gargalhando e falando alto me incomodou em minutos.
Depois de descansar um pouco, esperamos os nossos pés secar e seguimos o caminho da trilha. Nos deparamos com uma cachoeira gigantesca e essa estava proibida até de colocar os pés na água. Era de tirar o fôlego aquela visão. Havia uma extensão de mais de mil degraus para quem quisesse descer para a cascata e se molhar com respingos da água que batiam nas rochas, e nós resolvemos descer, é claro. Mas como diz o ditado... Para descer todo santo ajuda...
Quando chegamos lá em baixo, tiramos algumas fotos de lá e alguns amigos já estavam ali em baixo fazendo o mesmo.
Uma das meninas de repente pegou a câmera do Thomas e disse que iria tirar uma foto de nós. Foi estranho. Eu e ele nos olhamos e ficamos desconsertados com a proposta, mas aceitamos para não ficar ainda mais esquisito do que já era.
Ele pôs a sua mão em minha cintura e eu senti um arrepio nos meus braços. O lugar em que as mãos dele estavam no meu quadril pareciam queimar com aquele toque. Eu queria que continuasse assim, eu gostei daquela posição para a fotografia. Parecia certo estar ali abraçada nele. Nos aproximamos mais e sorrimos.
Ufa, estava definitivamente calor. Ele tirou a sua mão de mim meio sem jeito e pegou a câmera. Eu também fiquei sem jeito, mas o que se poderia fazer? Era um "sem jeito" bom.
Eu fiquei olhando a cascata e tirei mais algumas fotos. Quando me virei para ele, vi a sua câmera apontada para mim e rapidamente ele desviou o ângulo.
Ok. Dentre todas as esquisitices de hoje, essa era a top do dia.Fiquei me perguntando sobre aquilo até chegar o momento em que acabei esquecendo eventualmente na subida... Não estávamos nem na metade e eu já queria me sentar.
Thomas se ofereceu para pegar a minha bolsa, mas nada adiantava... Decidi que nunca mais iria descer aquelas escadas de novo.
Quando chegamos no ônibus estávamos mortos de cansaço. O pessoal da excursão insistiu que tínhamos que ir em um tal lago, e no fim por unanimidade acabamos indo lá.
Ao chegar lá, todos foram direto para os pedalinhos e eu e o Thomas paramos e ficamos em pé olhando eles subindo nos "patos gigantes".
- Você quer ir? Ele me perguntou.
- Não... Está maluco? Depois de subir mais de mil degraus, pedalar é insano. Vamos se cansar ainda mais... - eu dei uma gargalhada- Isso é um belo programa de índio!
- Ainda bem que você sempre pensa que nem eu. Ele disse rindo também.Sentamos em um banco embaixo de uma árvore e ficamos ali olhando o lago repleto de pedalinhos e casais apaixonados.
- Você não é nenhum um pouco convencional né? Ele me disse.
- Não gosto do óbvio. Respondi.
- Adoro isso em você.Meu coração deu um salto nesse instante. Calma coração, assim você não terá muitos dias... Tentei me acalmar.
O local era belíssimo, rodeado de flores e o lago em si era negro, o que dava mais destaque ainda para as flores ao seu redor. Ficamos ali olhando as nossas fotos tiradas na câmera até chegar a hora de voltar para o ônibus.
De lá, seguimos para um parque de diversões. Havia desde montanha russa, a tirolesa. Todos estavam indo em um novo brinquedo que era uma espécie de trenó moderno, só que era você quem controlava a velocidade da descida. O brinquedo por obrigatoriedade só aceitava pares para usá-lo. Ficamos no meio do parque pensando no que iríamos fazer, todos estavam indo para esse brinquedo, mas eu não sabia se ele queria ir comigo...
Thomas inesperadamente me olhou e disse - Vamos? Eu fiquei completamente espantada. Tudo estava muitoooo estranho definitivamente.
- Vamos! Respondi.
Esperamos na fila e ele não deixou eu pagar o meu ingresso. Quê? E isso não para de ficar mais esquisito! Pensei.
Ele bateu o pé que iria controlar o freio e eu não tinha como vencer ele nisso. Eu me sentei então na frente e ele atrás, no entanto, as suas pernas ficavam abertas em volta de mim como se estivesse dentro de um abraço dele. Foi muito desconfortável no início porque ele não queria ser invasivo com os seus braços sobre mim e eu não queria também da mesma forma ser invasiva ao encostar nas pernas e no peito dele, mas era bom. Era ótimo estar ali encostada no peito dele e nas suas pernas.
Quando ele soltava totalmente o freio, eu gritava e automaticamente me empurrava para trás segurando as pernas dele em um ato inconsciente e desesperado de medo, então ele diminuía a velocidade e dizia para eu me acalmar, que tinha tudo sobre controle.
O trenó descia sob um bosque e ficamos totalmente sozinhos ali porque ele estranhamente começou a frear mais.
Quando chegamos no ponto final, todos estavam rindo de nós e não entendíamos o porquê. Foi quando então que olhamos para um telão que dizia a velocidade de cada um na descida. A nossa velocidade era a mais baixa e fomos os últimos a chegar. Ele ficou meio irritado no início, mas depois esqueceu. Homens sendo homens. De qualquer forma eu estava bem feliz em ter demorado lá.
Quando finalmente cheguei no ônibus, me joguei em qualquer banco que vi pela frente.Daniel estava vindo em minha direção e tenho a plena certeza de que ele iria sentar-se ao meu lado, mas Thomas foi mais rápido. Daniel olhou para mim e sentou no banco da frente sorrindo e puxou algum assunto para disfarçar.
Olhei para o vidro e o reflexo da luz interna do ônibus ofuscava a rua. Já era noite.As luzes foram apagadas e enfim eu estava confortável no banco. Formou-se um silênico no ônibus. Todos estavam entregues ao cansaço. Thomas começou a falar sobre a reforma do seu mustang e então me peguei olhando para ele, e não saberia dizer uma única palavra que ele disse depois: reparei no seu cabelo, naquela barba acirrada de um dia que estava nascendo no seu rosto, nos seus olhos até que cheguei em sua boca... Eu queria imediatamente beijá-lo. Mas eu não iria fazer isso. Eu tinha que parar com esses pensamentos ridículos. Eu precisava estancar esses desejos que eram só meus. Olhei para baixo e me recompus.
Thomas falou comigo sobre algumas coisas como empresas e negócios, e aquilo meio que foi me chateando do decorrer da noite.
Eu não sei explicar o por quê, mas senti uma tristeza pinicando o peito de repente, e de alguma forma, não eram aquelas coisas ou aqueles assuntos que eu queria ouvir da boca do Thomas. Não era isso que eu gostaria de estar conversando com ele. Senti algo se aproximando mais para uma decepção naquela noite.
Mas era uma espécie de decepção sem culpados.
Capítulo 13, Outono em mim
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Outono em mim
Romance" Eu adoro quando esquece teus olhos sobre os meus... " "Outono em mim" vem com todo sentimento que grita em nosso peito todos os dias, no sentido do outono que vem o vento e derruba todas folhas ao chão.. Que refletindo aos nossos sentimento tos, e...