quando fui chuva

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Capítulo 10


Incrível como as coisas mudam de uma coisa para outra não? Ás vezes me apavoro com a rapidez dos acontecimentos na nossa vida. A gente é até deixar de ser, assim, em um piscar de olhos. E não que isso seja exatamente uma coisa ruim, pelo contrário, às vezes é crescimento, mudanças exigidas para a própria sobrevivência.



- Corrida no lago hoje?



Acordei com uma mensagem no celular. Era ele, Augusto. Esse menino não cansa não? Pensei.



- Que tal amanhã? Implorei em pensamento que a resposta fosse sim.


- Ah para de preguiça! Se continuar reclamando vou ai te pegar a força!



É claro que eu não tinha como ganhar essa. Era sábado de manhã, o dia favorito de Augusto de correr no calçadão que tinha vista para o mar. Eu também gostava de lá, não pense que não, o que eu não gostava mesmo era de correr. Mas era legal estar com ele. Ele me fazia esquecer de tudo.



- O que está fazendo? Ele perguntou curioso.


- Ué, nós não vamos correr? Eu já estava uns dez metros de distância dele.


- Mas temos que fazer o aquecimento primeiro! Augusto riu tanto que eu achei que ele iria passar mal. Tudo bem, eu merecia isso. Confesso que foi engraçado, afinal, não é como se eu fizesse isso todo dia.



Tentei esticar minha mão até o meu pé, mas não conseguia.



- Calma, não é assim! Desse jeito vai ficar com uma bela dor na coluna!



Augusto veio em minha direção e colocou as suas mãos na minha cintura e me baixou até onde eu conseguia na posição correta. Eu gostava das mãos dele ali. Eu queria que ele ficasse encostado em mim o dia todo.



- Viu? É fácil... - Ele sorriu e eu me ergui em posição ereta novamente e me virei para ele, que ainda continuava com as mãos no meu quadril. Ficamos nos olhando. Você já viu por acaso olhos que sorriem? Eu já. Augusto fazia isso. Não importa se eu conseguia ou não ver a boca dele, eu via o seu sorriso nos olhos, que se tornavam em uma linha fina.


- Pronta?


- Sim! - Tirei as mãos dele sobre mim e disse - Sinto muito, mas tenho uma corrida para ganhar! Me virei para o outro lado e sai correndo o mais rápido que pude até não sentir mais as pernas.



Augusto saiu correndo atrás de mim e não precisa ser um gênio para saber que em segundos ele já estava ao meu lado.



- Wow! Você quase me pegou nessa hein! Augusto disse entre tomadas de fôlego enquanto se recuperava da corrida.


- Espere para ver o monstro que você está criando...


- Ok, Sra. monstro, eu ganhei a corrida e agora qual é o meu prêmio?


- Hum... Ainda vou analisar os fatos com a corte para ver se o ganhador se portou de maneira honesta...


- Hmm ok então, mas diga a corte julgadora que, se eu ganhar, vou querer um jantar com a perdedora.


- A corte analisará a sua proposta. - Respondi. Aquilo foi inesperado.



Voltei para casa pensando no que ele tinha dito. Ele estava claramente gostando de mim, e eu tinha esse vício de estar sempre com ele... Mas por quê eu estava em dúvida agora que poderíamos seguir adiante? Alguma coisa parecia me travar e eu não sabia explicar o quê. Várias vezes chegamos perto de nos beijar, mas quando chegava na hora eu... Travava. Isso só poderia ser coisa da minha cabeça, pensei. Devido a lembranças anteriores, provavelmente estou me auto bloqueando para sentimentos possíveis. Tenho que parar com isso o mais rápido possível.

Outono em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora