Capítulo 8
"O fato de o mar estar calmo na superfície não significa que algo não esteja acontecendo nas profundezas"
-Jostein Gaarder
2 semanas depois... Amanheceu chovendo. O som da chuva no telhado e o meu cobertor estavam tão acolhedores que pensei:
pronto, vou pedir demissão. Quero continuar dormindo. Isso parece certo.
Fechei meus olhos de novo. - Não sei porque as pessoas gostam de comer comida crua... Não consigo nem imaginar eu comendo comida japonesa ou chinesa. Yew! Nem gosto de peixe também para variar... - Isso é porque você nunca comeu uma comida oriental de um chef de verdade... Thomas respondeu com o peito estufado fazendo sinais com as sobrancelhas. - Olha, talvez eu arriscaria comer o Teppan, que pelo menos não é cru e o salmão não me enjoa tanto como os outros peixes... - Eu disse. - Pois saiba que sei fazer um yakissoba
tão gostoso que você vai querer virar uma oriental! Nos olhamos seriamente e rimos daquilo. Não sei o porquê, mas rimos. - Ok então, aceito o desafio. Eu respondi meia incrédula que realmente gostaria de alguma comida oriental, mas vá lá, do jeito que ele estufava o peito, quase acreditei que seria delicioso. - Então tá... Vou fazer lá em casa e vou te chamar para provar e você vai se render aos encantos do chef e da cozinha oriental... Thomas disse convicto. A ideia de estar na casa do Thomas com ele cozinhando me fez ruborizar só de pensar no que poderia acontecer. Thomas era bem feio quando o conheci, mas os anos fizeram bem a ele definitivamente. Certamente ele já era atraente o suficiente, imagina o cenário dele cozinhando para mim... Fiquei perdida nos meus pensamentos quando Thomas me chamou e... O despertador tocou de novo. Finalmente acordei daquele sono leve que me remeteu aquela lembrança que tivemos quando eu falei que não gostava de peixe. Confesso que doeu um pouco. Aquela pontinha de saudade pinicando o seio. Eu queria voltar a dormir, mas toda vez que tentava, me vinham essas lembranças doídas. Eu não sabia exatamente se a minha vontade de dormir por meses era por causa da chuva que nos deixa extremamente preguiçosos, ou pelo fato de ser a única maneira de não pensar em nada. Para ser mais específica, nele.
Me arrastei da cama não querendo ir trabalhar. Mas iria ser bom, mente ocupada... Quando saí do serviço, liguei para Annie para checar como ela estava. Claro que ela estava ainda muito triste, com aquela ferida aberta exposta no peito, mas de alguma forma ela me pareceu animada. - Oi Annie tudo bem? - Oi! Tô bem sim, eu acho... - Que bom, senti tua voz mais animada mesmo... Fiquei em silêncio por um momento e continuei - Nós poderíamos fazer alguma coisa juntas... Quem sabe você não vem aqui em casa ou eu vou na sua... - Tenho uma ideia melhor, que tal nós sairmos para comer alguma coisa? Ela perguntou. - Claro, por mim está bom! - Tudo bem então, vamos ir no Jimmy's bar? Annie perguntou. - Pode ser, adoro aquele lugar! Em especial as batatas fritas crocantes cobertas de queijo. - Ok então, eu passo aí as 8:30 da noite... - Ok! - Respondi. Me despedi dela e quando desliguei meu celular, avistei o meu violão no seu pedestal. Não resisti e peguei ele. Entre os poucos instrumentos que sei tocar, o violão era o único parecer entender do meu caos do seio. Talvez por estar tão agarrado e próximo a ele enquanto toco, não sei. Mas o ritmo do meu coração se encaixava exatamente as notas e dedilhados que fazia enquanto o fazia extrair uma canção. Fecho os olhos e sinto apenas o som das cordas dissonantes penetrarem os meus ouvidos e me fazer esquecer de onde estou. O pulsar e a melodia me faziam desligar dos meus problemas, de tudo. Eu me sentia dentro da música. Acho que por isso eu tinha esse afeto em especial com o violão. Ele me entendia. Ele conhecia as batidas do meu coração. Ele sabia do meu caos particular.
Me perdi no tempo tocando violão. Isso eu percebi quando ouvi o som da campainha na porta. Tinha a plena certeza que era a Annie. Em minutos, ela já estava no meu quarto com as mãos na cintura como se fosse uma xícara. - Muito bem heim? Sabe que horas são? Ela parecia indignada, mas eu á conhecia bem para saber que era só cena. Imediatamente ela abriu as portas do meu armário e começou a escolher minhas roupas e falar sozinha. Ela era amiga mais doida que já tive. Mesmo com o peito dilacerado, ela não gostava de demonstrar isso, embora ela soubesse que de mim ela não conseguia esconder. - Pronto, vista isso. Ela escolheu uma saia azul com uma blusa amarelinha para eu colocar. Gostei da combinação e obedeci sem protestar. Fomos no carro dela para o Jimmy's e estava lotado. Estávamos em pé procurando lugar para sentar quando um amigo dela acenou e fez sinal para iremos a sua mesa. Havia muitas pessoas em pé e eu não era lá muito alta, então eu só consegui ver quem estava na mesa quando estava quase chegando ali, e para o meu azar, não dava mais tempo de disfarçar e dar meia volta, porque todos já haviam me visto, inclusive ele... Thomas.
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Outono em mim
Romance" Eu adoro quando esquece teus olhos sobre os meus... " "Outono em mim" vem com todo sentimento que grita em nosso peito todos os dias, no sentido do outono que vem o vento e derruba todas folhas ao chão.. Que refletindo aos nossos sentimento tos, e...