O amanhecrr de abril

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Capítulo 30


O amanhecer de abril



Ninguém gosta de filas, mas era tão fácil estar em pé quando tinha Thomas atrás de mim abraçando-me como se algo muito ruim fosse acontecer para apenas um simples entrelaçar de mãos. É difícil descrever a sensação de estar com minhas mãos juntas as dele, sentindo o calor do seu peito nas minhas costas, a barba dele roçando no meu pescoço enquanto ele me sussurrava coisas no ouvido. Pela primeira vez não estávamos um ao lado do outro como estranhos, estávamos fazendo parte da multidão de casais apaixonados na fila de ingresso no cinema. Cada gesto ou ação era uma comemoração diferente que eu brindava mentalmente. Eram dias de Alice definitivamente.



Assistimos o filme e quando saímos da sala de cinema já era tarde, portanto fomos embora, as lojas já tinham-se fechado. Entrei dentro do carro, e instantaneamente fiquei embriagada pelo seu perfume. Ele andava vagarosamente para o caminho de casa e isso me deixava completamente satisfeita. Olhei para ele, a sua camisa vermelha, suas calças jeans combinavam perfeitamente e o seu cabelo... Eu ficava louca com o cabelo dele. Era macio, cheiroso e... Eu não conseguia tirar a minha mão do seu cabelo.



Thomas ficava em um estado de frenesi toda vez que acarinhava a sua nuca e eu ficava feliz em saber. O sinal fechou. Ele impulsivamente começou a me beijar ali no retorno da avenida principal em meio a madrugada. Já estava se tornando um hábito nos beijar quando semáforo mostrava o vermelho. Era extremamente perigoso fazer uma coisa dessas, mas quem liga? Existe algo mais arriscado que entregar o seu coração para alguém? Pensei.



E com esse pensamento me tranquilizei beijando-o mais forte e puxando-o para mais perto. O seu calor, a sua pele, as suas mãos em mim. Eu não queria que o sinal abrisse, definitivamente.



Verde.


Nunca imaginei que odiaria tanto sinais verdes na minha vida. Estávamos quase chegando na minha casa e agora parecíamos menos tensos, fisicamente falando. Thomas parou o carro uns vite metros antes da minha casa. Tenho a sensação que ele não queria que ninguém soubesse a hora em que chegávamos pelo simples fato de que poderíamos ficar mais tempo ali dentro do carro o quanto quiséssemos, além de evitar o constrangimento de ver algum familiar meu de soslaio na janela. Era uma boa ideia, tenho que reconhecer.



- Você tem que ir embora mesmo? Thomas sussurrou na minha orelha enquanto me beijava com o carro devidamente estacionado.


- S... Simm...



Meu corpo tremia com a sua voz e todos os meus sentidos estavam à flor da pele. Ele parou subitamente e ficou me olhando com aquele semblante profundo e sério. Não saberia dizer quanto tempo ficamos assim, mas sei que o silêncio foi quebrado eventualmente. Eu sorri para ele segurando o seu rosto com a mão.



- Sabia que eu te amo? - ele disse colocando o meu cabelo atrás da orelha. Era estranho. Toda vez que estas palavras saíam da sua boca, sentia o pulsar feroz no meu peito e minha respiração ficava forte e pesada.


- Eu te amo... - respondi.



Era a primeira vez em que tinha falado em voz alta o meu sentimento por Thomas. Eu sentia algo libertador quando pronunciei aquelas palavras, e agora eu queria repeti-las a todo momento para ele.Thomas sorriu e ficamos assim, como dois drogados se olhando. Era como se eu não estivesse apenas olhando para o seu rosto, eu via mais além, toda vez que eu ouvia estas palavras dele, eu me via no futuro de Thomas, eu conseguia enxergar uma vida com ele.



Beijei o se pescoço suavemente e fui fazendo um caminho até a sua orelha. Quando cheguei ao pé do ouvido, sussurrei várias vezes o quanto o amava, e ele extasiado, ás vezes sorria, até que ele não se conteve e me puxou para encontrar os meus lábios trêmulos de desejo. Thomas mordeu o meu lábio e ficou brincando comigo me fazendo cócegas na barriga. Eu ria, ele ria. Era quase impossível conseguir fazer cócegas nele, mas obtive sucesso algumas vezes.



Por fim cansamos de tanto rir e Thomas enterrou a sua cabeça no meu peito e eu acarinhei a sua cabeça.



- Eu não quero ir embora...


- Eu também não...


- Fica então. - sua voz estava quase inaudível abafada na minha roupa.


- Não posso, minha mãe vai ficar preocupada...



Thomas ergueu a sua cabeça e me beijou de cabeça para baixo no meu colo. Eu beijei o seu queixo e brinquei com a sua língua lambendo os seus lábios. Ele finalmente se ergueu e me beijou docemente.



- Boa noite Bia...


- Para nós dois... - respondi.


- Já é uma incrível noite...



Era a coisa mais complicada do mundo: dar as costas ao amor da sua vida. Fechei a porta e ele abriu o vidro. Virei-me para olhá-lo novamente.



- Bia?


- O quê?


- Eu te amo.


- Eu te amo.



E assim nos despedimos mais uma vez, ou menos uma vez? Era frustante saber que perdi os outros anos da minha vida sem ele e saber que não éramos eternos não me deixava melhor definitivamente. Mas de uma coisa eu sabia: um dia com ele era equivalente a 100 com os outros me sentindo vazia. E era bom demais sentir-me completa.




Capítulo 30, Outono em mim



Outono em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora