Você nao estava ali...

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Capítulo 49



Logo quando despertei pela manhã, tinha a sensação de que tinham brincado de ping


pong com o meu cérebro, mas logo ignorei essa dor que eu não sabia de onde tinha


vindo porque havia um corpo quente ao meu lado e era uma sensação muito gostosa de

começar o dia. Eu me sentia tão quente e segura, eu poderia muito bem acordar


Thomas beijando-o agora.

Me virei adorando sentir a respiração dele no meu rosto enquanto eu estava deitada


dentro dos seus braços, e tenho a leve sensação de ter sorrido de felicidade ainda com os olhos fechados antes de procurar a sua boca. Mas havia alguma coisa estranha, não

era o cheiro dele que eu estava sentindo, esse cheiro era familiar, esse cheiro era...

- Augusto!

Abri os olhos e dei de cara com Augusto que imediatamente acordou assustando pelo


meu grito. Eu estava tentando entender o que estava acontecendo e corri os olhos pelo cenário; Augusto estava sem camisa tapado por um lençol e eu não sei se queria saber se ele vestia alguma coisa por baixo do lençol... E eu estava deitada sobre o braço


dele.


Meu deus será que... Um terror começou a crescer no meu peito e eu já não sabia mais se eu queria saber o que tinha acontecido na noite passada. Augusto após ter levado


um susto comigo o acordando, suavizou o rosto e sorriu.

- Bom dia linda...


Aqueles olhos marrons sorriam para mim gentilmente.

- O-oi - eu não sabia se agia normalmente ou se perguntava alguma coisa já de cara.

- Como está se sentindo?


Como assim? É algum código que eu não sei? Cada palavra que ele dizia eu tentava


captar alguma coisa para tentar descobrir o que tinha acontecido na noite passada.


Comecei a ficar nervosa gradativamente.

- Como assim? O que você quer dizer? Digo, eu... Você...- pigarrei e tentando limpar a garganta e finalmente criei coragem - Porque eu estou deitada com você? Nós...

- O quê? Não Bia! Só tirei a camisa porque estava calor e...

Senti instantaneamente meu cenho suavizar, era como se tirasse um peso das minhas costas e não ouvi o que ele continuou falando. Quero dizer, não tinha nenhum problema dormir com ele, mas eu não queria ter a sensação de tê-lo usado como um step.


Tentava lembrar sobre a noite passada, mas tudo parecia como um borrão embora eu


tivesse a leve sensação de que eu tinha beijado ele.

- Mas porque eu estou aqui deitada com você? - continuei investigando.

- Bem huh... Eu tentei ir para a minha cama, mas você queria ficar abraçado em


mim... - ele ficou em silêncio e continuou

- Disse que precisava que pelo menos essa noite alguém ficasse e não fosse embora.

- Hum, acho que entendi - tenho a sensação que subiu um vermelhão no meu rosto de vergonha, mas continuei - Então... Nós... Não fizemos nada mesmo?

- Bem huh... Talvez nós tenhamos nos beijado...

OMG eu realmente tinha beijado ele ontem a noite, era real não foi um delírio. Fico


pensando o que mais eu teria feito...

- Oh meu deus, me desculpa, eu acho... - eu não sabia qual era a regra de estar


bêbada e saber que saiu beijando amigos por aí. Não tinha manual para isso.

- Eu fiz mais alguma coisa na qual eu deveria me envergonhar? - eu estava temendo com a resposta desta pergunta, mas precisava saber.

- Não, fica tranquila.

- O que aconteceu ontem?

- Nada de mais...

- Fala a verdade! - eu sentei na cama e cruzei as pernas em sinal de aguardo. Ele se

ajeitou na cama se sentando também e começou.

- Bem huh, digamos que você não estava no seu normal querendo conversar...

De repente me veio à tona alguma coisa que eu tinha falado para ele como dar prazer e


logo já pude entender do que ele estava falando.

- Huh, me desculpa por isso... Eu não sei onde eu estava com a cabeça, enfim, todos


nós fazemos coisas que não queremos quando bêbados não? - tentei demonstrar que estava tudo bem quando na verdade eu queria enfiar a minha cabeça em um buraco.

Quando fui tentar me levantar, senti como se o meu cérebro estivesse solto e sentei


novamente de tanta dor.

- Vai com calma Bia... - Augusto prontamente me pegou e me deitou novamente.

Depois se levantou e trouxe um copo de água com uma aspirina.- Toma isso, daqui a pouco vai passar...

Engoli rapidamente e fiquei torcendo para que fizesse o efeito logo.

- Eu falei alguma coisa relacionada a mim?

- fiquei imaginando a vergonha que eu


deveria estar sentindo agora pelas coisas que fiz e não lembrava, e que, consequentemente não me fazia sentir vergonha.

- Não... - ele suspirou por baixo do fôlego

- Você chamou pelo nome dele na


madrugada...

Fiquei mortificada naquele instante. Eu estava morrendo de vergonha e humilhação.


Ninguém precisava saber que ainda sofria por ele.

- Bia, está tudo bem. Não estou te julgando sobre nada. - ele pareceu entender a


minha expressão e tentou me confortar.

- Aliás, tenho algo que eu queria te dizer...

Subitamente fiquei com medo daquelas palavras. Eu precisava trocar de assunto


rapidamente.

- E a trilha? Eles já foram? Nós perdemos? Oh meu deus!

- Não Bia, agora são 5:30 da manhã.

- Oh... Então devemos nos aprontar rápido! - sentei na cama novamente enfrentando aquela dor e mexi nervosamente na mala que estava aos meus pés tentando achar uma roupa para a caminhada.

Augusto ficou em silêncio e tenho para mim que desistiu de falar o que queria, para o


meu alívio. Já tinha muita coisa para uma manhã só; tinha acordado com uma enorme ressaca imaginando estar ao lado de Thomas e depois descobri que tinha beijado Augusto, este que, muito cortês com certeza me poupou dos detalhes mórbidos, porque


tenho certeza que tinha sido muito pior do que ele tinha me contado e que eu tinha feito coisas na qual não teria orgulho hoje.

Fomos para a trilha e era pura adrenalina, conheci o limite do meu próprio corpo


escalando, atravessando rios e vales. Descobri uma natureza intocada naquele lugar e ali tive a visão que poucos tem daquele imenso cânion visto de baixo. Augusto me ajudava ao passar pelas pedras e por um momento olhei para ele sorrindo com os olhos para mim e pareceu tão certo estar ali com ele, era como se eu nunca tivesse existido um enorme buraco no peito.



Capítulo 49, Outono em mim

Outono em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora