Calma, era só um chuvisqueiro

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Capítulo 29





Era madrugada ainda e o gosto de Thomas permanecia em mim. Eu não queria que aquele dia acabasse, então permaneci o máximo de tempo que pude acordada. Tinha a sensação que eu estava dentro de um sonho, pois era bom demais o que estava acontecendo. Thomas e eu, aqueles beijos quentes, o cheiro dele na minha pele, a voz dele no meu pescoço, o amor nos aquecendo... Acabei dormindo eventualmente, mas eu já não sabia a hora em que tinha começado a dormir ou se estava apenas ainda nesse sonho.



Os primeiros raios de sol que vinham pelas frestas da janela tocaram no meu rosto e me fizeram despertar. Espreguicei-me lentamente na cama e deslizei sem vontade para a beirada. Olhei no espelho e me achei tão bonita, abri a janela e o dia estava perfeito. Era aqueles dias em que você acorda achando que tudo é bonito, pensei, mas não, talvez o que precisasse mesmo para um dia assim, era de um pouco de amor na vida da gente para tornar tudo mais bonito.



"adoro essa sua cara de sono e o timbre da sua voz que fica me dizendo coisas tão malucas..."



Até a música do rádio parecia tocar em perfeita sintonia comigo quando o liguei. Peguei o celular e mandei uma mensagem para Thomas perguntando sobre o seu sobrinho. Alguns minutos depois ele disse que tinha o levado para o hospital. Fiquei preocupada imediatamente e disse que iria lá, mas ele disse que não seria necessário. De repente o medo tomou conta de mim, será que ele não queria tornar público que nos dois estávamos juntos?



- Porque você não quer que eu vá lá? Perguntei.


- Bia...


- O quê? Não quer que ninguém saiba de nós? Joguei as palavras para fora sem pensar.


- Não Bia...


- Então o que é?


- Olha na janela...



Eu me sentia uma perfeita idiota e aquelas garotas paranoicas. É, aquelas do tipo que eu simplesmente odiava. E hoje estava desempenhando o papel maravilhosamente bem de uma delas.



Thomas estava em pé escorado na sua camioneta olhando para mim na rua. Ao mesmo que me senti ruborizar de vergonha, sentia uma paz, e o meu coração estava tranquilo novamente. Poder vê-lo ali dava me a sensação de que agora tudo iria ficar bem. É como alguém que acorda na madrugada porque há uma criança chorando e começa a niná-la e subitamente o bebê se acalma com o colo, com a voz e dorme naturalmente.



Desci as escadas correndo e abri a porta.



- Desculpa...


Foi a primeira coisa que disse a ele. Se pudesse enterrar minha cabeça na terra, o faria sem a menor sombra de dúvida agora.


- Está tudo bem...



Thomas chegou perto de mim meio sem jeito e beijou-me nos lábios docemente. Depois ele sorriu e se afastou. Eu olhei para os lados e percebi minha mãe nos olhando. Oh my god, This is awkward.



- Oi Sra. Maria...


Thomas cumprimentou logo que seguiu meu olhar.


- Olá Thomas...


Ela parecia em dúvida se falava alguma coisa ou se ficava em silêncio.


- Huh... Dona Maria, eu gostaria muito de dizer que gosto muito da sua filha e se a senhora não se importar, gostaria de visitá-la mais vezes...



Eu fiquei surpresa pela inciativa de Thomas explicar a minha mãe sobre nós. Minha mãe sorriu e disse que não tinha problema. Não era segredo para ninguém que eu gostava dele. Ela se retirou e ficamos a sós na sala.

Outono em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora