O vento era refrescante, mas eu sentia falta do calor

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Capítulo 27





Aquele final de semana de longe foi um dos meus favoritos, exceto que eu tinha muita expectativa sobre algo que não aconteceu. É como fazer aniversário e esperar que todos lembrem de te dar parabéns.



Quando deitei minha cabeça no travesseiro após despedir-me de Thomas, começou a vir os flashes, as lembranças e tudo parecia mais claro agora. Eu estava repetindo os mesmos erros do passado. Quero dizer, era ótimo estar com Thomas, mas ao mesmo tempo era masoquismo. Eu estava inocentemente me deixando levar ao mesmo caminho do fracasso que trilhei anos atrás, onde novamente eu ficava nas mãos dele, dependendo das suas migalhas de afeto. Eu era mais que isso. Eu não poderia cair no mesmo erro. Finalmente me dei conta de que estava em um Déjà vu, estava acontecendo tudo de novo e eu precisava acabar com esse ciclo vicioso de sofrimento.



Thomas passou semanas me chamando nos chats e em mensagens no celular, mas eu não tinha a mínima vontade de responder. Cada mensagem dele era como um beliscão de que eu deveria voltar a vida real, e a realidade era que ele não queria mais do que (sendo positiva, uma noite comigo) ou apenas a minha amizade mesmo.



Ele talvez quisesse um dia, mas eu queria uma vida. Thomas era um grande talvez, e eu uma definição inteira. Tenho que ser razoavelmente sincera quanto a isto, ele não estava afim. Pronto, era difícil confessar isso no âmago do meu peito, mas enfim consegui falar em voz alta. Não estávamos sincronizados na mesma página. Chegamos a um impasse onde cada um deveria seguir o seu caminho e caberia o amor que cada um sentia escolher qual caminho melhor lhe seria.



Pensei nas possibilidades dos caminhos que teríamos que escolher, e ser amiga dele não era definitivamente saudável para mim com tantos sentimentos que guardava aqui transbordando no peito.


Resolvi aceitar a realidade antes que eu caísse em um coma profundo de ilusão. Cada vez que meu celular piscava com o nome dele sentia uma fisgada no seio. Doía ter que ignorar algo que nunca iria começar. Eu estava muito ocupada com a faculdade e isso me deixou extremamente agradecida por isso. Annie me convidou para ir na casa dela e quando cheguei lá, havia mais alguns amigos planejando de ir a praia. A ideia era ótima, tenho que confessar, eu topei imediatamente, afinal, fazia tempos em que não saía.



Fomos no carro da Annie bagunçando e cantando alto junto com o rádio. Eu estava me sentindo infinita naquele instante. Levamos um violão e cantamos músicas sob as árvores que rodeavam a casa de praia até o entardecer. Havia um vento forte ali, mas eu estava de moletom, então me sentia completamente confortável na rua.



No carro quando começamos a viagem, havia um amigo novo na qual me foi apresentado no dia, seu nome era Vitor. Ele tinha o cabelo castanho com um corte bem ralinho na cabeça e tinha estatura mediana. Seu corpo era bonito e chamava atenção. Vá lá, ele era bonitinho. Quando chegamos na casa da praia, Vitor pegou o violão e começou a cantar algumas musicas que eu gostava muito. Fiquei boa parte do dia olhando-o cantando, e percebi ele me olhando também. Eu sentia uma certa atração por ele. Quando um dos nossos amigos pediu o violão, Vitor começou a conversar comigo. Era bom conversar com ele, era uma conversa madura, interessante e inteligente. Vitor estava cursando direito e falamos a respeito de política e outros assuntos. Eu estava adorando a companhia dele.



A noite chegou e eles queriam sair para alguma festa que ficava em uma outra praia perto da que estávamos. Nos arrumamos e seguimos viagem de carro até lá quando já era tarde da noite. Vitor sentou ao meu lado no banco de trás do carro. Por um momento me senti extremamente atraída por ele e isso era muito bom, eu precisava me distrair com alguma coisa. Talvez isso finalmente estivesse acontecendo. Mas ao mesmo tempo que sentia isso, o rosto, o beijo de Thomas me perseguia como em um filme na minha mente. Havia sons por todo lado, e a festa já começava na rua. Todos dançando e bebendo no meio da avenida, parecia carnaval fora de época. Coisas que só se via em praia, pensei.

Outono em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora