Capítulo 12
"Foi há muito tempo, mas descobri que não é verdade o que dizem a respeito do passado, essa história de que podemos enterrá-lo. Porque, de um jeito ou de outro, ele sempre consegue escapar."
- Khaled Hosseini
O ônibus parou e todos estavam conversando alto, tinha um menino com um violão tocando e cantando com alguns amigos, enquanto outros gargalhavam por algo que presumi ser muito engraçado.
- Atenção pessoal! - começou o organizador do passeio - Nós vamos sair agora e vocês deverão estar aqui as 16:00! Não se atrasem, bom passeio e sobre tudo... Juízo!
Todos riram e foram descendo um a um. Annie me puxou pelo braço e eu fiz sinal para ela chegar mais perto de mim - Você está louca? Por que sentou com ele?- Inquiri.
- Shhhiiu! Ele vai ouvir!! Olha só, acho que estamos nos entendendo de novo... Ela cochichou para mim.
- O quê?
Minha voz sai um pouco mais alta do que eu queria.
- Shhhhiii! Estamos indo devagar...Bom, eu estava aderindo a frase que li em um livro um dia: "a gente nunca pode julgar o que passa dentro dos outros" então eu concordei e disse "boa sorte". Annie me pediu para ficar junto com ela, mas eu não tinha muita escolha de qualquer forma...
Entramos no parque e começamos a caminhar por ele. Eram árvores enormes e várias trilhas para seguir. Escolhemos a trilha da esquerda. Inesperadamente um rapaz se chocou comigo e pediu desculpa. Quando olhei para ele, o reconheci. Ele estava no mesmo ônibus que nós.
- Ei! Você é a Bia né?
- Oi, sou sim!
- E você é o...?
- Daniel...
- Claro, oi Daniel! Já tinha visto ele outras vezes, ele era bonitinho.
- Você toca na orquestra né?
E a história se repete, pensei - Sim... - Respondi.Porque as pessoas quando querem puxar assunto com você e não sabem como, elas apelam para alguma coisa que elas sabem que você faz.
- Ah legal! Eu toco violão, mas não sou lá muitoo bom - ele disse.
Agora ele está me mostrando o que temos em comum, tão óbvio, pensei.
- Ah eu também não... Mas tem que praticar...Daniel ficou o tempo todo comigo desde aquele instante e tagarelava das coisas que ele fazia e do seu trabalho. Ele era bonitinho, mas falava demais. Deixei cair a minha câmera no chão e voltei para pegá-la e nesse meio tempo ficamos para trás de Annie. Quando me abaixei para pegar a câmera e me levantei de novo, avistei Thomas e mais uns dois amigos dele bem atrás de nós. Ou no caso na minha frente.
Daniel avistou um deles que era seu amigo também e parou para esperar eles se aproximarem de nós, e eu, inevitavelmente tive que que fazer isso também.
- Oi. Disse eu finalmente para o Thomas. Eu não poderia simplesmente ignorá-lo eternamente.
- Oi... Disse ele.
- Então...Nós dois falamos na mesma hora. Eu fiz sinal para que ele começasse.
- Então... novo amigo?
- Quem? Ele? - eu segui o olhar dele e prossegui - Ah... Já conhecia ele de vista... Bem legal ele até...
- Percebi.Continuamos caminhando em passos mais lentos e ficamos mais atrás dos outros.
- Como vão as coisas? Ele perguntou.
- Vão bem... Tudo tranquilo. E por aí?
- Tá tudo bem...Eu não sabia o que conversar com ele. Não é como se tivesse um manual de etiqueta de se como portar na primeira conversa com alguém depois de uma discussão.
- Parece que a sua amiga gosta ainda do meu amigo... Ele puxou assunto.
- Pois é...
Continuei caminhando e olhei para o lado, havia uns pássaros empoleirados em um galho.
- A gente nunca sabe o que passa dentro do outro, respondi.
- Eu conversei com ele esses dias... Ele me disse que gostava pra valer da Annie, mas ele era muito novo e não sabia se conseguiria lidar com um relacionamento tão serio.
- Mas para outras coisas ele não é novo né? Ironizei.
- É eu sei. Por isso dei uns conselhos para ele. Eu sei que ele gosta dela. Ele só precisava de um empurrãozinho...
- Se não for para fazer ela sofrer - olhei nos olhos dele e continuei - Então acho que devo dizer obrigada. Ele sorriu.A essa altura estávamos completamente sozinhos na trilha e acabamos nos deparando em uma das várias cachoeiras do parque. Eu quase cai por conta das muitas pedras que tinham no caminho conforme íamos se aproximando, mas por sorte Thomas pegou minha mão e eu consegui me equilibrar de novo. Nossos olhos se encontraram e ficamos nos olhando por um instante. Havia tantas coisas que eu queria dizer a ele, mas tantas coisas aconteceram.
Demoramos a soltar nossas mãos, foi uma sensação muito diferente porque estava tão calor, mas eu não queria soltar a sua mão. Foi naquele momento em que percebi que alguns simples minutos junto com ele foi o bastante para destruir o meu trabalho de ignorá-lo por meses. E foi nesse mesmo instante em que eu finalmente me convenci de que não estava sendo sincera comigo e com os meus sentimentos a muito, muito tempo.
Capítulo 12, Outono em mim
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Outono em mim
Romance" Eu adoro quando esquece teus olhos sobre os meus... " "Outono em mim" vem com todo sentimento que grita em nosso peito todos os dias, no sentido do outono que vem o vento e derruba todas folhas ao chão.. Que refletindo aos nossos sentimento tos, e...