Ficar pensando na primavera não vai fazer você sair do outono

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Capítulo 51


Embora Augusto fazer justamente o oposto do que pedi para fazer, ainda sim como sempre ele me surpreendeu agindo amavelmente e completamente compreensivo por toda aquela cena descontrolada do outro dia que fiz, mesmo eu não merecendo.

Na semana da minha viagem, Augusto não falou comigo e disse que precisava me dar

mais espaço, mas eu já estava enlouquecida sem ele. Eu precisava desesperadamente
ouvir a voz dele. Mandei mensagens e liguei, mas ele era totalmente monossilábico comigo. Eu estava extremamente chateada com essa situação, esta que, foi exatamente o que eu disse que aconteceria: tudo ficaria complicado e dramático.

Chegava a ser irônico como três palavras poderiam complicar uma vida inteira. Os dias foram passando, e eu passei vendo-os um a um, angustiada pelo silêncio de Augusto.

Chegou o dia da minha viagem e eu estava no aeroporto me despedindo da minha

família em lágrimas e com a garganta apertada de saber que só os veria daqui uns meses. Era fácil falar em partir, mas quando chega a hora de ir embora de verdade

nunca é fácil. Mas ainda que fosse difícil partir e deixar tudo para trás, o nó parecia mais apertado ainda porque faltava alguma coisa, faltava me despedir de Augusto. Eu não conseguia acreditar que ele faria isso comigo. Estava entrando na sala de embarque quando ouvi alguém de repente chamar o meu nome.

- Bia?

- Augusto?

Não sei explicar, mas corri tão rápido que em segundos já estava nos braços dele

sentindo o seu perfume amadeirado. Ver Augusto antes de partir me trouxe uma

sensação enorme de paz e de conforto, era como se agora eu pudesse finalmente

partir.

- Vou sentir a sua falta... - ele disse no meu ouvido enquanto estávamos abraçados.

- Eu também vou... - eu disse com pesar.

- Promete que vai voltar...

- Prometo.- não conseguia dizer não a ele, não agora.

- Eu não vou a lugar algum...

Soltei os braços dele e ficamos nos olhando em silêncio. Eu queria dizer a ele que não

existia melhor amigo e que sempre estaria dentro de mim, mas achei que o silêncio

seria mais coerente. Augusto foi a melhor coisa a ter me acontecido nos últimos meses e francamente estava tentando imaginar como seria fazer uma nova amizade em um

outro país e como seria a minha vida sem ele lá.

Entrei no avião e não pude conter o choro novamente me cumprimentando, mas era

hora de partir e vestir a camiseta do grande talvez. Talvez eu ame estar lá, ou talvez

odie, não sei... Mas eu precisava fazer isso por mim mesma, eu me devia isso. Após

infindáveis horas de voo, finalmente cheguei no solo americano e eu já não conseguia me conter de tanta empolgação, queria ver cada canto daquela cidade enorme que se mostrava aos meus olhos. A minha vontade era de contar para todo mundo o que eu estava vendo, as coisas que estava fazendo e das experiências que eu estava experimentando.

Por um momento nem lembrei que alguma vez havia sentido alguma dor, eu só

conseguia sentir em enorme entusiasmo de ver que o mundo é bem maior e melhor do que imaginava. Passei pelas ruas e como sempre tive que parar em frente a uma

Outono em mimOnde histórias criam vida. Descubra agora