Felipe
Eu não consigo me entender. Passei a noite toda pensando na trágica cena... Por que eu a beijei? Nem gosto dela! O máximo que podemos ser é amigos. Isso só pode ser praga do meu pai. Eu prometi a mim mesmo que não faria mais nada para agradá-lo, e eu não vou fazer. Ficar com Caroline é algo que o faria ficar muito feliz, e não é isso que eu quero. Eu fiquei encantado com sua pele macia, com o cheiro de morangos que o seu cabelo exalava, mesmo com tanto glacê e champanhe. Só que isso não quer dizer nada. O fato de eu querer tocar em sua pele, não tem nada a ver em ter sentimentos envolvidos. Eu só queria sentir o quanto a pele era macia por debaixo do vestido, queria ver o quanto ela é perfeita, mas não por gostar, e sim por curiosidade. Ela não parece se preocupar com a aparência, então como pode ter a pele tão macia e cabelos tão sedosos e cheirosos?
Na hora eu sabia que estávamos fazendo algo errado, algo que eu não queria, meu próprio corpo fazia questão de avisar. Eu sentia... Sentia cada parte do meu corpo queimar em protesto.
Meu primeiro beijo foi com um garoto. O nome dele era Matheus, ele também era como eu. Quando nos beijamos, foi algo calmo, sereno e puro, sem tremores, e sem a estranha queimação, foi um bom beijo. E é assim que tem que ser.- Ei. - um cara parece estar chamando Caroline, mas ela continua andando, como se não tivesse escutado.
Aliás, não é só um cara, é um loiro de olhos azuis acompanhado por um homem de cabelos castanho-escuro.
Ele não deve estar atrás da Carol, por isso nem mostro nada. Ela acelera o passo e me chama para comermos no MC.
Pegamos nossos pedidos e sentamos em uma mesa próxima a escada rolante. Permanecemos calados, comendo nossos hambúrgueres. Não tem nada a ser dito. Eu ainda não consigo tirar a cena constrangedora de ontem à noite, e Caroline parece perdida nos próprios pensamentos.
Seu pé descuidado encosta em minha perna e um estranho calafrio percorre meu corpo. Olho para o chão e encontro suas pernas claras, meus olhos, involuntariamente, percorrem o caminho de seu coturno até a barra do exagerado short curto. Ela tem as pernas perfeitas, tão claras como se fossem pernas de um anjo - coisa que ela está longe de ser -, apenas com alguns hematomas de infância.
Volto a olhar para o meu hambúrguer sem graça, espero que ela não tenha percebido esse descuido.
Carol está estranha, séria, quieta e calada por tempo demais.- Felipe. - finalmente fala alguma coisa.
Eu quero pedir para ela repetir meu nome, mas eu não vou fazer isso, vai causar a impressão errada. Não é nada demais, é só que eu adoro quando ela fala meu nome com o sotaque americano encantador dela.
Gosto quando ela junta as sobrancelhas, e com raiva, me insulta. Ou até mesmo quando me bate. Quando prende o cabelo num coque desajeitado, sem se importar se está feia ou não.- Eu queria te fazer uma pergunta.
- Lá vem! - limpo a boca com o guardanapo e espero ela continuar.
Caroline mantém o olhar fixo em meus lábios por tempo demais, o que me deixa sem jeito. Amigos não fazem esse tipo de coisa! O que ela pretende fazer?
Ela está desconfortável, tenho quase certeza de que está repensando se faz ou não a tal pergunta. Consigo ver daqui seus dedos agitados descascando o esmalte preto das unhas. Seus pés balançando num ritmo acelerado.- Eu, eu...
Agora estou preocupado, ela nunca foi uma pessoa nervosa ou sem confiança.
- Caroline, você está bem?
- Claro que eu estou! Para de ser chato.
Meus ouvidos chegam a doer com o seu grito. Meu Deus! Eu não consigo entender essa garota! Eu até tento e toda vez eu acabo com dor de cabeça. Fecho os olhos e conto até dez.
- Eu só queria ajudar... - sussurro.
- Desculpe.
Oi? É isso mesmo? Caroline Ward me pediu desculpas? Agora eu devo estar ouvindo coisas.
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O Idiota do Meu Chefe #wattys2016
RomantikBeatriz Burke sempre vivera sob os cuidados de sua mãe protetora, até que, para conquistar a sua independência, ela se muda para Nova York, acompanhada de seus dois melhores amigos, para estagiar em uma das maiores empresas de publicidade do país, a...