..:..:..Capítulo 34..:..:..

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Sabe aquele momento em que você fica sem saber o que fazer ou simplesmente não sabe para onde olhar? É o que eu estava vivendo naquele momento, e posso garantir que não é nem um pouco legal.
Observei Dhiren pelo canto do olho e ele estava perplexo, com o olhar vazio, encarando o nada. Nora chorava compulsivamente, nem percebi quando Maxon levantou e foi reconfortá-la. Encarei Julia, que com o olhar cheio de compaixão e tristeza, me abraçou. Em nenhum momento ela deixava de olhar, mesmo que disfarçadamente, para Ren que ainda permanecia imóvel ao lado do pai, que ao contrário dele, estava inquieto, de cara fechada e sem nenhuma sombra de remorso ou culpa de ter despejado uma notícia de forma tão ardilosa.
Eu queria gritar com aquele velho babaca. Por mais idiota e egoísta que o Ren fosse, não merecia receber uma notícia daquela de modo tão rude e grosseiro.
Apesar de tudo eu gostava dele, não mais do que Max, mas, sei lá. Não podia negar que sentia algo por ele, seria atração? Amizade? Não fazia ideia, só queria poder apoiá-lo.
Eu me sentia uma intrusa. Afinal, eu não fazia parte da família Ward, só estava ali, no meio de uma conversa tão constrangedora e perturbadora por causa do meu breve relacionamento com Ren, que nem fora algo real. Aliás, eu tinha que conversar com a Ju sobre algumas coisas... Eu pelo menos não fui para cama com ele. No dia que eu peguei Max e Samantha juntos no quarto de hotel lá em Portugal, e logo depois corri para o quarto de Ren, para, digamos, me redimir, nada aconteceu. O problema foi que na hora H eu não consegui, eu morri de vergonha, é claro, e no fim dei a desculpa de que estava esgotada por tudo que tinha me acontecido. Ele ficou muito frustrado, pude notar facilmente o seu semblante de desapontamento. Hoje eu agradeço aos céus por não ter progredido. Acho que nem o Max deve saber isso, na verdade tenho certeza de que ele não sabe.

- Acho melhor deixá-los a sós... - sussurrei no ouvido de Julia.

- Não sei se é uma boa ideia.

- Bom, então vou falar com Maxon, não estou mais aguentando esse clima de tensão.

- Te espero aqui, estou cansada.

- Claro.

Em passos hesitantes, caminhei até Maxon e sua mãe, que chorava em seu ombro. Ele parecia estar se contendo para não chorar, entretanto, eu podia ver seu rosto vermelho e inchado entregando-o.

- Max, acho que seria melhor se todos fossem esfriar a cabeça.

- Concordo, mas não sei como sugerir isso.

Maxon inseguro? Eu quase não podia acreditar em seus olhos suplicantes e temerosos.

- Então deixe que eu faço. - sorri docemente e apertei sua mão, num gesto reconfortante.

Pus-me no centro do escritório e inspirei profundamente por diversas vezes até tomar a coragem necessária.

- Essa "reunião" - dei ênfase a palavra. - Está acabada. - Puxei Ju pelo braço e a levei para fora do escritório, sei que foi um gesto simples mas o suficiente para encorajar os outros a saírem, já que ninguém sabia o que fazer.

Ainda ouvi um abafado "menina petulante!", de Edmund, seguido por um "limpe essa merda de boca antes de falar qualquer coisa sobre a Bea!". Então como o velho rabugento que ele era, respondeu " tenha modos, moleque! Sou seu pai!", "Fale mal de Bea mais uma vez e você ouvirá coisas muito piores". Sei que eles eram pai e filho, e sem sombra de dúvida o respeito é primordial nessa relação, mas não pude conter o sorriso que se formou no canto de minha boca. Óbvio que Julia me deu várias cotoveladas de provocação em minha costela, o que me fez rir um pouco.

(...)

Eu estava que nem uma louca, procurando por Julia. Aquela mansão era bem maior do que eu pensava. Nora queria ter uma conversa de meninas, e eu fui a encarregada de ir atrás da louca da minha amiga. Eu já estava quase dando meia volta para cancelar a conversa de garotas - O que não seria má ideia, Nora estava abalada demais para ter qualquer tipo de diálogo, ela deveria descansar. -, quando ouvi choros abafados vindos da lateral da casa.
Cheguei mais perto, com o coração martelando, torcendo para que não fosse Julia. E me surpreendi com o que vi.

O Idiota do Meu Chefe #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora