..:..:..Capítulo 47..:..:..

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Caroline

Culpada. Falando assim a palavra assume um peso bem maior, ou talvez seja só coisa da minha cabeça. Não vou mentir, estou morrendo de saudades do Felipe. Depois do nosso beijo na chuva eu pensei que tudo ia mudar, mas não foi bem assim. Nos despedimos, ambos com as bochechas coradas e sem a mínima vontade de ficar longe um do outro. Quando deitei minha cabeça no travesseiro ao chegar em casa o sorriso bobo ainda marcava presença em meu rosto, acompanhado das borboletas que teimavam em bagunçar meu estômago. Só que o meu momento paraíso não durou muito tempo. Flashs da minha dança com o Josh tiraram-me dos devaneios e eu tive que voltar a realidade. O que eu estava fazendo? Eu tinha dito pro Josh que ele podia ter chances! E o que eu faço depois? Beijo o Felipe na chuva! Por isso o sentimento de culpa ainda me assombra.
Acabei por me afastar dos dois. Mandei mensagens pro Josh, no dia seguinte ao jantar, dizendo que tinha beijado o Felipe assim que ele foi embora e também mandei pro Felipe, só que pra ele eu expliquei que queria meio que dar um tempo. Disse que só precisava pensar, clarear as ideias. E foi assim, durante um mês.

Olho pra cima e vejo o prédio fofo de tijolinhos. Falo com o porteiro - que já estava informado sobre a minha chegada - e subo sem nenhuma interjeição ou problema. Trago uma boa quantidade de ar e toco a campainha. Meus joelhos estão tão trêmulos que eu sinto como se estivesse prestes a cair. Se ansiedade matasse eu já estaria a sete palmos abaixo da terra. Não tenho culpa de estar ansiosa, um mês sem vê-lo foi quase uma tortura, mas foi necessário!
Quando a porta é aberta a sensação que me domina é a de ter passado vários anos longe dele e, agora, finalmente o reencontro acontece. Não consigo desviar os olhos dos olhos brilhantes dele.

- Caroline! - Ele dá um sorriso de orelha a orelha e abre os braços para mim. Seu entusiasmo é contagiante. - Que saudades... - Afaga meu cabelo e deposita um beijo em minha testa.

Sorrio com o gesto terno. Pode parecer bobo, mas eu não consigo conter as lágrimas. Eu o amo muito e estava morrendo de saudades, só agora percebo a magnitude desse sentimento.

- Não chora, minha pequena. Vem, vamos entrar. - Sussurra no meu ouvido, com uma voz doce, o que me faz chorar mais ainda.

Ontem à noite, depois de presenciar a confusão sobre a tal viagem da Beatriz pro Rio e o meu irmão chorar pela primeira vez na minha frente, acabei indo pra cama mais cedo. Antes de sequer pregar os olhos recebi uma ligação de Felipe, que estava tão animado por finalmente estar falando comigo - Já que eu estabeleci o tempo que ele não podia falar comigo, e, como o mês tinha acabado ele já podia falar comigo. - que eu esqueci de todos os problemas a minha volta por breves minutos. Então, ao perceber que eu estava um pouco cabisbaixa, convidou-me para um almoço na casa dele. Aceitei de cara, era exatamente o que eu queria, a desculpa perfeita para vê-lo.

- Então, foi difícil encontrar o apartamento? - Ele pergunta, já com uma garrafa de Coca-Cola na mão.

- Não, foi bem fácil. - Deixo minha bolsa no sofá e avalio as fotos que enfeitam a estante. - Deve ser legal dividir um apartamento com os amigos. - Comento.

- Sim, é incrível, libertador até. O problema é que você descobre que chega um momento em que suas roupas precisam ser lavadas e é você quem faz isso. A comida some num passe de mágica e você tem que sair pra comprar mais. Já é bem louco morar sozinho, com os amigos então.

Rio. Queria dividir apartamento com alguma amiga, mas primeiro eu teria que ter uma. Sou péssima em fazer amizades.
Felipe me serve um pouco mais de Coca e puxa uma cadeira para que eu sente. Fico encantada com a decoração caprichada. Há velas - mesmo sendo um almoço -, guardanapos decorados, taças e uma rosa exatamente no meu lugar.
- Que lindo! - Não consigo conter a animação. Ele abre um largo sorriso.

O Idiota do Meu Chefe #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora