Caroline
Tenho medo de acordar, medo de assim que abrir os olhos, todos os problemas virem à tona. Sinto como se tudo tivesse sido um terrível pesadelo, mas no fundo, bem lá no fundo, eu sei que é verdade, que não sonhei. Estou perdendo a minha mãe... A pergunta que não sai da cabeça é "por que ela?", minha mãe não merece isso, ela já sofrera tanto por não ter ficado com o homem que amava. O pior de tudo é que eu não posso fazer nada para ajudá-la, me sinto tão inútil, tão impotente.
A cama está diferente, não sei exatamente em quê, talvez seja o lençol, também sinto um cheiro diferente, um misto cítrico de âmbar e laranja, eu acho. Bom, pelo menos li algo assim na descrição de um perfume um dia desses, o cheiro é parecido. Tento me espreguiçar, porém meu braço encosta em alguma coisa e o meu pé tem um peso por cima, que impede o mais simples dos movimentos.
Abro os olhos aos poucos e na pouca claridade que há no quarto consigo destinguir uma silhueta que me parece familiar... Ai meu Deus! É o Felipe... dormindo, com os pés em cima dos meus e o rosto a centímetros de distância. Ele parece um anjinho, tão calmo, sereno e lindo, extremamente lindo. Estou me segurando para não acariciar seu rosto angelical, afagar os cabelos encaracolados que emolduram sua face. Não entendo por que a vida tem que ser tão difícil, seria bem melhor se algumas coisas fossem fáceis, como eu e Felipe juntos, mas a vida faz questão de complicar tudo o que a gente quer como se estivesse nos testando, só que eu odeio ser testada.
Afinal, o que eu estou fazendo aqui? Como vim parar nesta cama? A única coisa que a minha embriaguez melancólica me permite lembrar é que num instante eu estava jantando, noutro estava chorando e por fim apaguei nos braços de Felipe. Tenho certeza de que ele não se aproveitou de mim, mas por que ele me trouxe para o seu quarto? Não entendo... E dormimos na mesma cama, isso é tão... Estranho! E bom... Muito bom...
Fecho os olhos e inspiro profundamente, não estou nervosa, só estou tentando manter a calma. Sim, calma, porque o meu coração está numa dolorosa agonia. Tudo em mim se resume a conflitos. Minha mão chega a arder de tanta vontade de tocá-lo, mas a minha cabeça se sobrepõe, ou seja, a razão. Não sou idiota, já fui rejeitada duas vezes, na verdade acho que foram três, enfim, não vou passar por isso mais uma vez. Sinto uma tímida e quente lágrima escorrer por minha bochecha, fecho os olhos para impedir que as outras escapem. Meus lábios tremem assim que tento conter mais um ataque de choro, me encolho, puxo o travesseiro branco e macio, o abraço e uso para abafar os soluços.
Sinto algo acariciar meus cabelos, lenta e preguiçosamente me aproximo de Felipe. A costumeira conexão que nutro por ele está de volta, é como se fôssemos os pólos opostos de um imã, meu corpo idiota é atraído em sua direção de forma que não tenho controle.
Seus braços me envolvem, protetores, largo o travesseiro e descanço a cabeça em seu peito que sobe e desce num ritmo calmo, logo uma onda de calmaria me invade. É quase como se eu pudesse sentir a tensão se dissipar do meu corpo.- Não chore, por favor. - Ele sussurra.
O simples fato de ouvir sua voz em sussurros, já me faz querer chorar, sou tão estúpida!
- Por que você está aqui? - Pergunto, em meio aos soluços.
- Shi... Você precisa descansar.
- Já estou descansada. - Me afasto o suficiente apenas para encará-lo. - Por que, Felipe?
- Por que o quê?
- Você está comigo... Por que está me ajudando? Sei que você me odeia e despreza.
Ele se apoia em um dos cotovelos e, me encarando, responde.
- Você está louca? Mas é claro que eu não te odeio!
- Odeia, sim! Sei disso, não precisa ser gentil.
- Não odeio, não! Só falei que não gosto de você do jeito... Você sabe.
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O Idiota do Meu Chefe #wattys2016
RomanceBeatriz Burke sempre vivera sob os cuidados de sua mãe protetora, até que, para conquistar a sua independência, ela se muda para Nova York, acompanhada de seus dois melhores amigos, para estagiar em uma das maiores empresas de publicidade do país, a...