..:..:..Capítulo 48..:..:..

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Parece que meu corpo ainda está todo eletrizado. Fico de pé pela centésima vez e vou a janela olhar o céu para tentar me acalmar e dissipar, ou pelo menos tentar, toda a eletricidade. Só de lembrar do beijo que Felipe me deu no banheiro, sinto minhas pernas amolecerem e o coração acelerar num nível preocupante. Eu queria ter continuado o beijo, queria ter ido mais longe, pois quanto mais os nossos corpos se aproximavam, mais eu desejava. Nunca era suficiente. Só que eu não estava preparada, era um passo grande demais para minhas pernas demasiadamente curtas.

  - Pronto. Vamos? 

Assinto, ainda calada, um nó enorme se forma em minha garganta. Enquanto Felipe fecha a porta, tento decifrar o que está se  passando por sua mente, porém ele mantém o semblante indecifrável. Provavelmente está procurando um bom motivo para ainda estar aqui do meu lado. É até melhor, só assim ele percebe que eu não sou tudo o que ele precisa. Não vou ficar aqui me torturando; descruzo os braços e aperto o botão do elevador, só quero uma desculpa para não olhar seu rosto inexpressivo. O elevador chega e ele se aproxima. Descemos em completo silêncio, o que me deixa ainda mais abalada e nervosa. Estou prestes a atravessar a rua quando sinto meu braço ser puxado.

  - O que está acontecendo, Carol!? Você está me deixando louco! Foi o beijo? - Ele segura meu rosto com delicadeza, o que só faz os meus olhos se encherem de lágrimas. Que droga!  

Eu até tento falar, mas a ânsia de choro não me permite, sei que se eu der um pio todas as lágrimas e os soluços irão me atacar sem piedade.
  - Carol... Por favor... - Implora Felipe, com a voz embargada e um tanto tenso - Desculpa, eu não devia ter te beijado daquele jeito. Eu... Eu não sei o que deu em mim, eu...

Ele está pedindo desculpa? Por quê? O que está acontecendo!? Felipe não demora a perceber a confusão cada vez mais óbvia em meu rosto.
  - Fala comigo... - Implora, desesperado.
  - Fê, eu... Desculpa! - Não consigo mais conter as lágrimas. 

Felipe me encara, perplexo, confuso e preocupado, talvez até magoado, não sei... Várias emoções perpassam seu rosto angelical.
  - Meu Deus, Carol! O que está acontecendo?
Cubro meu rosto com as mãos. Não sei por que estou fazendo tanto drama, não sou assim. Sou tão estúpida! Talvez a possibilidade de perdê-lo esteja me deixando louca.
Relaxo consideravelmente assim que os braços quentes e protetores do Fê me envolvem.
  - Você está assim por causa dele? O Josh? 

O quê!? Não, é claro que não! Então é isso o que ele está pensando? 
Nego e ele deixa os ombros tensos relaxarem.

  - Certo. Vem, vamos tomar um café.  - Diz, parando em frente a Starbucks.

Deixo-me ser levada por ele. Não consigo tomar minhas próprias decisões, nem estou em tais condições.
Felipe pede dois frappuccinos e escolhe uma mesa mais reservada, nos fundos do estabelecimento. Ele puxa uma cadeira para mim e espera eu sentar, sempre com os olhos cravados nos meus e logo um arrepio percorre meu corpo. Fecho os olhos e respiro fundo.
  - Então? - Ele começa. 

Agora é o momento em  que eu conto a idiotice que estava me assustando e me deixando  pior que as garotas que eu tanto odiava no colégio.

  - Não foi nada... Eu só... - Encaro o frappuccino. 
  - Ei patinha, não precisa ter vergonha de mim. - Ele põe a mão sob a minha.
  - Patinha? - Indago, deixando um meio sorriso escapar.
  - Sim, minha patinha. 

Encaro-o por alguns segundos até cair na gargalhada. Céus! Acho que nunca ri tanto em toda a minha vida.
  - Viu? Fiz minha patinha sorrir. 

O sorriso fofo e a voz melosa fazem alguma coisa estremecer dentro de mim.
  - Eu te amo, Fê. - Deixo uma lágrima idiota escapar.
  - Não vou ter um apelido fofo também?
  - Não, nem pensar. - Sorrio.
  - Tudo bem... Eu também te amo, minha patinha.

O Idiota do Meu Chefe #wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora