Vê-lo nesse estado deu um aperto em meu coração. Queria correr e beijar seus punhos, agora sangrentos, e dizer que tudo vai ficar bem, tudo vai dar certo. Só que o meu orgulho não permite, então enfio as mãos nos bolsos da calça para contê-las e espero que ele diga alguma coisa. Não consigo decifrar sua expressão, ele parece nervoso, apreensivo e... Com medo? Max olha para a parede, o teto, o chão, menos para mim e isso me dói muito, mais do que o necessário.
Duas enfermeiras passam por nós e ao verem sangue, se aproximam, eu sussurro um tudo bem e elas dão a volta, constrangidas. Antes de qualquer coisa preciso saber o que tanto o assombra.- Max... - Começo, com um tom suave. Seus olhos azuis me fitam, e um arrepio indesejado percorre o meu corpo. - Você não...
- Vamos. - Diz, antes mesmo que eu possa concluir a frase, me puxando pelo pulso.
- Me solta! - Esquivo de seu aperto e paro - O que pensa que está fazendo?
- Vamos, Beatriz. - Passa as mãos pelo cabelo e solta um grunhido.
Por que ele está me tratando assim? Ele vai ser pai! Não sei se vou conseguir segurar as lágrimas por mais tempo, mas preciso tentar, tenho que ser forte.
- Olha pra mim, Maxon! Não seja covarde. - Grito e recebo olhares reprovadores. Que se dane! Eles que cuidem de suas vidas.
- Conversamos em casa, Beatriz. - Diz secamente e rompe em passos rápidos, deixando-me para trás.
Reviro os olhos e o acompanho.
O caminho de volta é carregado de tensão e silêncio. Tento me manter distraída com as ruas agitadas de Nova York mas nem mesmo a Quinta avenida está me animando.
Maxon estaciona com agilidade. Abro a porta do carro e saio correndo para pegar o elevador sozinha. O que eu menos quero agora é outro momento de tensão e constrangimento. Aperto o botão diversas vezes, como se isso fosse mudar alguma coisa e me enfio no elevador no exato momento em que ele abre e Maxon estava se aproximando. Aperto no botão do andar e graças a Deus, as portas se fecham antes que ele possa impedir. Solto a respiração e apoio as costas no espelho do elevador.
Assim que as portas se abrem corro para abrir a de casa, ou melhor, da casa do Maxon. Afinal, esse apartamento não é meu.
Jogo a bolsa no sofá e voo em direção ao quarto com intuito de me trancar. Não sei por que estou me escondendo, fugindo dele. Estou sendo covarde demais... Ou talvez só não queira ouvir o que ele tem a dizer.- Abre essa porta, Beatriz! - Esmurra a porta, aos gritos, minutos depois.- Não me faça arrombar!
Seja forte, Beatriz. Você consegue! Certo, nós só vamos conversar, como pessoas civilizadas... Não, não tem como ter uma conversa civilizada com Maxon. Respiro fundo e abro a porta.
Seu rosto está vermelho, assumindo tons quase roxos, o que é bem bizarro. E as mãos estão enfaixadas - para o meu alívio, já ia até perguntar se ele queria que eu cuidasse - e apoiadas na porta.- Não precisava gritar. - Sussurro.
- Não precisava se trancar. - cruza os braços e se aproxima.
Tento, juro que eu tento não olhar para os pelos dourados do peitoral, os braços musculosos e as veias sobressaltadas. Consigo até sentir um formigamento em minha mão, louca para alisar seu peitoral macio e quente. Se não estivesse em tais circunstâncias, iria arrancar a regata branca que lhe cobre o corpo.
Balanço a cabeça e tento afastar os pensamentos pecaminosos.- Bom, você não vai falar nada sobre... - Encaro o criado-mudo e tento pôr um pouco mais de ar em meus pulmões. Por que estou tão nervosa?
- Que porra você quer que eu diga? - Vocifera. Ao perceber que me assustou, se afasta e baixa o olhar. - Desculpa.
A dor em meu peito se intensifica e a minha cabeça começa latejar. Uma lágrima escorre por minha bochecha, mas a enxugo com as costas da mão antes que ele veja.
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O Idiota do Meu Chefe #wattys2016
RomantizmBeatriz Burke sempre vivera sob os cuidados de sua mãe protetora, até que, para conquistar a sua independência, ela se muda para Nova York, acompanhada de seus dois melhores amigos, para estagiar em uma das maiores empresas de publicidade do país, a...