19 - Arnaldo

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É o último sábado do mês. É a final do rally de março. E a minha tribo está perdendo feio, mas a outra não precisa saber. Talvez outra pessoa seria melhor cabeça de tribo que eu. Não! Tá amarrado! Se Deus me escolheu, é porque sou capaz de fazer essa tribo vencer. Só não sei ainda como.

Outra vez estou a caminho. Passo na casa de alguns jovens que convidei durante a semana, mas chego à avenida sozinho. Até a Heloísa, que sempre me acompanhava, não está comigo. A menos de uma quadra do salão meu celular toca. É minha tia.

— É a Bia! Não sei o que faço, Arnaldo. Ela está tendo outro ataque daqueles, bem aqui no sofá de casa.

Fico sem reação. Da primeira vez que ela teve uma ataque meus pais estavam perto para socorrer. Desta vez não sei o que faço. Os obreiros estão quase todos na capital hoje, e eu não posso ir correndo e lhe impor as mãos.

— Bia, se acalme. Vou levar ajuda pra tia, já, já.

Apresso-me e chego ao salão, onde peço para a obreira Rodi, a líder, liberar eu e o obreiro Sérgio, o único outro obreiro da FJ Mazini, para fazer uma oração na minha prima.

*

Dou meia-volta e quase atropelo Heloísa, que chega no Conexão bem em cima da hora!

— Arnaldo, oi...

— Oi, Helô, me desculpa, não posso ficar hoje no Conexão. Você pode ajudar a Amanda cuidar da tribo pra mim?

— Mas por quê? Aconteceu o...

— Não tenho tempo. Depois a gente se fala.

Nem sei o que ela respondeu, mas continuo correndo, e Sérgio no meu encalço. Corremos para, talvez, dar tempo de voltarmos no Conexão.

*

São quase três e meia quando saímos da casa da tia. Sérgio está até suado! A briga foi feia, mas no fim a semente foi plantada. Bia aceitou o convite para o TF Teen. Resta saber se ela vai mesmo amanhã cedo.

E a mim resta a vergonha de perder o rally depois de praticamente um ano consecutivo de vitórias.

Quantas voltasOnde histórias criam vida. Descubra agora