39 - Ariana

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Desço do Camaro do Valdir às gargalhadas. Entro em casa sem sentir cansaço, mesmo após um dia de muito trabalho. É muito bom trabalhar com o que a gente gosta.

— Ih, o que tá havendo? — ouço distante a voz da mãe.

Vou direto para o banho, pois preciso estar arrumada. Hoje é dia de Terapia. Não posso faltar! Não é que esteja ansiosa para arrumar namorado, pois nem estou no momento certo para isso. Agora tenho outro foco. Mas aprender a amar é fundamental.

— Ariana?

Realmente ouvi minha mãe, mas quando toco a maçaneta para abrir a porta do quarto, depois de pegar uma toalha, para respondê-la, a porta é aberta por fora.

— Nossa, Ariana! Você está tão desligada.

— Desligada? Não, estou normal. Até mais ligada que nunca!

Quase me atropelei nas palavras. Mas não é fácil esconder de quem nos conhece quando algo está ocupando nossa mente com tanta força. E são tantas coisas que estão acontecendo, que nem sei o que direi se alguém (quero dizer, minha mãe) perguntar por que estou um pouco desligada.

— É seu amigo, não é?

— O Valdir? Não, mãe. É tanta coisa que acho melhor nem falar. Eu resolvo sozinha, tá? Agora deixa eu terminar de me arrumar pra ir pra Terapia.

— Pode se abrir com sua mãe, Nininha.

Há quantos anos que não ouço esse apelido? Nem lembro direito se é bom ou ruim quando ela me chama assim!

— Ah, mãe, é que... ah... estava pensando que logo eu posso estar como líder dos jovens, e não sei se consigo. É uma grande responsabilidade.

Minha mãe não corresponde meu sorriso de nervosismo. Será que ela nunca se viu incapaz de fazer algo? Ela sempre me dizia que eu era incapaz, e para mim aquilo era ela descarregando suas próprias frustrações. Pelo menos pensei ser isso.

— Você consegue sim. Mas duvido que seja só esse o motivo.

Ela sorri agora, e entendo o que ela quer insinuar.

O problema é que ela está certa, mas não quero admitir. Até porque ainda não é a hora certa. Mas bem que podia ser!

Quantas voltasOnde histórias criam vida. Descubra agora