Já faziam uns vinte minutos desde que eu tinha começado a falar com o Namjoon hyung, ele estava em casa enquanto o Jin hyung estava fazendo um trabalho de literatura e ficou entediado assim como eu. Eu não estaria entediado se o Jimin estivesse aqui, mas infelizmente ele voltou para o quarto dele depois de me bater e eu tive que atender o celular e me jogar na cama. Estava indo uma conversa boa, até ele tocar nesse assunto.
"E você está mesmo com o Jimin?"
-Não. Ainda. -ri. -Por que?
"O pai dele... não vai da problema isso?"
-Vou conquistar ele, depois disso, penso no pai dele. Não é minha prioridade.
"Devia se preocupar com isso."
-Hum. -murmurei revirando os olhos. -Devia me apoiar nessa.
"Apoio, só me preocupo. Você não tem um coração responsável, Jungkook."
-Não vou machucar ele. -reclamei me sentando. Era um absurdo ele pensar que eu faria isso com o meu mochi. -Namjoon hyung!
"Ok, ok! Desculpe."
-Já fiz uma vez, me arrependo. Não vou fazer de novo. Aliás, eu e o Tae ainda somos amigos. -bufei me jogando para trás. Minha história com o Tae era meio complicada. -Jiminie é diferente.
"Eu sei. Ele mora com você, pode te matar discretamente. Não como o Tae."
Eu ri, lembrar do Tae me ameaçando era engraçado. Consigo visualizar perfeitamente na minha mente a imagem dele tentando ser discreto segurando um candelabro. Na hora foi assustador. Depois eu ri.
-Ele e o Yoongi se acertaram?
"Estão tentando."
-Estão tentando...?
"No quarto do lado." disse ele melancólico. "Por que eles vêm transar na minha casa?!"
-Porque são sua responsabilidade, como se fossem seus herdeiros.
"Eu não pedi por isso. E se são meus filhos, então não aceito incesto nessa casa."
-Meio incesto vale?
"Ah, Jungkook. Vai se pegar com teu irmão aí que eu tenho mais oque fazer."
-Você está muito irritado, Hyung. Onde está o Jin Hyung? Você está precisando dele.
"Idiota."
-Vejo vocês amanhã. -desliguei o celular e fiquei encarando o teto.
Na mesma hora minha mãe chegou no quarto sem bater, ela sorriu e se encolheu ao perceber que não havia batido.
-Desculpe, força do hábito. Estamos indo para o Museu.
-Ah, eu decidi que eu vou. -respondi me levantando. -Me arrumo rápido.
-Estamos esperando.-X- Jimin -X-
Não fazia muito tempo que estávamos esperando Jungkook, mas mesmo assim meu pai estava reclamando dele há muito tempo. Eu queria defendê-lo, mas eu só conseguia assentir e concordar com tudo que ele dizia a respeito dele. Meu pai me causava pânico, por coisas que... eu prefiro não lembrar.
-Já estamos aqui a dez minutos... -voltou a reclamar e então eu o vi descendo as escadas, lindo em uma camiseta preta e jeans.
-Pode parar de reclamar por um segundo? Ou é muito esforço? -perguntou enquanto descia. Ele estava muito bonito, eu não conseguia tirar os olhos dele.
-Se você demorasse menos, sim, eu poderia.
Meu pai levantou e minha madrasta o acompanhou, pegando a bolsa sobre o sofá. Jungkook veio sorrindo e piscou para mim enquanto eles iam para a porta. Eu me levantei e os segui até o carro lá fora.
Já dentro do carro, eu e Jungkook ficamos no banco de trás, então finalmente pude sorrir para ele sem que meu pai pegasse o ato.
-Feliz? -disse sem som e eu assenti.
-Muito.
Ele riu e voltou a encarar o lado de fora enquanto o carro acelerava. Meu pai começou a falar sobre o trabalho e como sempre eu e a mãe do Jungkook tivemos que responder suas irritações sobre isso e concordar com tudo, sempre.-X- Jungkook -x-
Daquela vez eu estava até calmo, mas o Carcereiro tinha que me irritar mesmo que indiretamente. Entre suas histórias sobre o trabalho, ele começou um discurso homofóbico por causa de um colega de trabalho gay, que planejava adotar uma criança. Eu tive que controlar todos os meus instintos para não o responder. Olhei para Jimin e ele estava mais encolhido do que nunca no canto do carro, mexendo em seus dedinhos e de cabeça baixa.
-Não acho que seja um problema. -retruquei tentando distorcer oque aquele idiota colocava na cabeça do Jimin. -Pelo contrário, eu acho muito bonito.
-Claro que acha, só anda com gente desse tipo. -ele respondeu debochado. Deus segure minhas mãos ou eu vou socar ele. -Aposto que aqueles seus amigos são.
-Não precisa apostar. -respirei fundo me controlando. -Só estou dizendo que não acho nada desrespeitoso um casal adotar uma criança. Tem todo direito.
-Dois homens adotando uma criança. Ridículo.
-Que pena que ache, pensei que o seu cérebro fosse mais desenvolvido. Infelizmente você vai ter que aceitar isso no futuro. -Jimin me olhou de canto e franziu a testa. -Eu sou gay e minha mãe vai ter netos, você querendo ou não. Apenas a realidade.
A freada de carro que ele deu quase fez minha cabeça bater no banco da frente do carro, eu estava logo atrás dele. Me segurei no banco e me virei para Jimin, ele esfregava a testa, havia pulado mais para frente que eu e batera a testa no banco da minha mãe.
-Pare de falar disso. -reclamou o Carcereiro.
-Essa é sua reação à realidade? Parabéns, o futuro o ignora. -observei minha mãe e ela estava calada na dela. Pelo menos uma reação ela poderia ter. -Não é errado. -eu me virei para Jimin, falando para ele, mas de forma que o pai dele pensasse que era apenas uma revolta. -Devíamos amar quem quisermos, não é? Pessoas são pessoas.
Jimin me olhava sério, parecia nervoso na verdade, mas respirou fundo e sorriu pequeno.
-Como o mundo vai continuar com gays e lésbicas por aí? Como os seres humanos vão fazer gerações? Já pensou nisso antes de tomar essa sua decisão estupida? -disse Sr. Park, tanto veneno naquilo, esperando que eu não tivesse uma resposta.
-Não é uma decisão, do mesmo jeito que nascem heteros, nascem homossexuais. É algo natural, não é como se seu discurso idiota fosse me fazer acordar hetero amanhã. E o mundo já é bem desenvolvido para termos outros meios de que nasçam bebês. -respondi com raiva, olhei para o Jimin e ele estava com o rosto encostado no vidro do carro e... estava sorrindo? Ou pelo menos tentando esconder um sem muito êxito.
-Chegamos. Chega desse assunto, okay? -disse minha mãe saindo do carro.-x-
Estávamos dentro do museu e seguindo o casalzinho feliz, numa sessão de objetos antigos e Jimin desde que entrara estava dizendo que queria ver a parte de estátuas de cera. Quando chegamos a um ponto que eu estava quase bocejando de chatice, cheguei perto dele e disse baixo.
-Jiminie, vamos nas estátuas?
-Mas...
-Mãe! -chamei e ele arregalou os olhos. -Eu e o Jimin podemos ir na parte de estátuas? Encontramos vocês depois. -claro que o Carcereiro ia se meter e como sempre eu iria o ignorar.
-É melhor que fiquem aqui. -rosnou ele.
-Meu amor, eles vão ficar bem. -minha mãe disse acariciando as mãos dele. Preciso de um balde para vomitar. -Vão.
Eu sorri para o Sr. Park e me virei seguindo em frente à Jimin, seus passos estavam logo atras. Parei de andar rápido quando já estávamos afastados deles.
-Jiminie... -disse manhoso. -Podíamos sair daqui.
-Não. Você já me fez fazer muita coisa. -reclamou cruzando os braços. -E ainda estou com raiva. Você me... você sabe.
-Cuidado. Para quem ouve parece que fizemos outra coisa. -ele arregalou os olhos e ficou vermelho.
Eu ri dele e o puxei pela mão até a sala das estátuas. Estava tudo muito vazio ali, gosto disso. Ele quase correu para chegar perto das estátuas, quase batendo palmas para cada uma.
-Que lindas! -disse animado. Eu cheguei por trás dele enquanto ele observava o conjunto de estátuas de guerreiros e o abracei pela cintura. -Jungkook! -sussurrou.
-Eu vi você sorrindo no carro. -sussurrei próximo a sua orelha. -Não ouça oque seu pai fala sobre isso, ok?
-Uhum. -murmurou com vergonha colocando os braços sobre os meus. -Gostei do que você falou. -ele fazia carinho nas minhas mãos, percebendo ou não, eu estava gostando daquele Jimin. -Mesmo assim eu... não consigo não ficar com medo dele.
-Eu estou aqui, não precisa ter medo dele. -beijei sua mandíbula e ele riu baixinho. -Você quer um super-herói melhor que eu?
-Super Coelhinho? -perguntou rindo e girando nos meus braços, ele parou bem perto de mim e baixou o rosto.
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The Cure - Jikook
أدب الهواة"Devíamos amar quem quiséssemos, não é? Pessoas são pessoas." Jimin vivia sob ordens de um pai rigoroso. Jungkook era seu meio irmão, livre para fazer suas escolhas e forçado a aceitar aquele segundo casamento da sua mãe.