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Aquele intervalo poderia ter durado para sempre, mas infelizmente o sinal tocou e eu tive que deixá-lo ir embora. As últimas aulas passaram por mim que eu nem notei, estava ocupado escrevendo "mochi" na última página. Claro que por causa disso o Namjoon Hyung me irritou uma hora dizendo que eu estava apaixonado. E obviamente eu negava, todos fazemos isso automaticamente. Minha alegria foi ouvir aquele sinal tocar, eu guardei minhas coisas e me mantive calmo para não parecer ansioso para encontrar o Jimin lá fora.
-Jungkookie está apaixonadinho. -cantarolou Taehyung me abraçando por trás e nos balançando de um lado para o outro. -Namjoon hyung me contou sua obsessão pelo Jimin. Que bonitinhos.
-Ok, ok, pare de me abraçar antes que o Yoongi apareça aqui, ou vai sobrar para mim. -dei tapinhas nas suas mãos e ele me soltou enquanto ria. O nosso casal preferido começou a ir para a saída e como bons carneirinhos, os seguimos.
Lá fora o tumulto já havia passado, eu era acostumado a não ir para casa cedo, a ficar muito tempo com meus amigos e ir para casa a pé ou de carona, mas daquela vez eu sentia a necessidade de ir esperar o carro chegar.
-Eu não vou para o Terraço hoje, vou para casa. - o Terraço era um lugar especial meu e deles, era lá onde nos encontrávamos sempre que possível.
-Entendemos. -disse Jin Hyung. -Divirta-se.
-Parem com isso de dizer que eu estou apaixonado, eu não estou. -eu disse já pronto para seguir o lado contrário do corredor, estávamos parados na porta Ainda.
-Não? -Tae sorriu maliciosamente e levantou uma sobrancelha, olhei para onde ele olhava e vi Jimin conversando com o diretor, ele lhe entregava alguns papéis e dizia coisas que eu não ouvia. -Vai lá pegar o seu mochi.
-Jungkook apaixonado? -disse Yoongi Hyung chegando ao lado do Tae, com o rosto marcado pela espiral do caderno por ter dormido em cima, ele abraçou Tae de lado e encostou o rosto no braço dele. -Não conseguiu o coração dele?
-Ainda não, mas ele está escrevendo o nome dele que nem louco. -comentou Namjoon Hyung.
-Calem a boca. -eu ia me virar e ir até ele, mas o gênio do Yoongi estava aguçado naquele dia.
-Jimin! -gritou Yoongi no corredor, ele olhou e acenou antes de falar mais algumas coisas ao diretor e então seguiu com os papéis em mãos até a gente. -Jimin, o Jungkook escreveu seu nome mil vezes no caderno dele. -enquanto ele falava isso eu estava lutando com suas mãos para tentar calá-lo. -Acho que ele está com muita saudade, sabe? -ele ria, quando eu consegui por uma mão sobre sua boca ele gritou e Ainda deu para ouvir. -Não leve ele para a cama!
Jimin ficou vermelho como uma pimenta com essa ultima frase, e notando meu quase desespero, meu Hyung decidiu me ajudar. Jin Hyung pegou um braço do Tae e outro do Yoongi, e foi os puxando para longe.
-Desculpa, Jimin. -disse Jin enquanto os afastava. -Eles não tem modos, não fui eu quem criou eles.
-T-Tudo bem. -Jimin riu Ainda com vergonha.
Yoongi foi embora satisfeito com seu trabalho de me deixar com vergonha, e eu estava quase me fundindo ao armário.
-Desculpa. -pedi me afastando antes que colasse ali para sempre. -Ele é um péssimo amigo.
-Ok. -ele olhava para o chão, mexendo nervosamente nos papéis. -Eh... meu pai não vai poder vir nos buscar hoje.
-Ótimo. -eu suspirei e contemplei o corredor vazio, como eu levaria meu mochi para casa? -Jiminie, vamos andando?
-Ou é isso, ou vamos de táxi.
-Prefiro andar com você. -peguei sua mão e o puxei pelo corredor.
-Eu tenho que guardar meus papéis. -ele me parou e dobrou os papéis enfiando-os na bolsa. Não me culpe, você também iria ficar olhando como um idiota ele tentando fechar o zíper da bolsa que não queria fechar. Ele então fechou e voltou a sorrir pelo trabalho. -Vamos?
  -Vamos. O que são esses papéis? -passamos pelas porta e descemos o lance de escadas. Mais à frente era a calçada.
  -Estou participando de um concurso de redação. Os papéis são redações vencedoras para eu me basear. -ele dizia olhando satisfeito para o chão.
  -Uau, não sabia que tinham concursos de redação por aqui. -eu ri e puxei a sua mão para a minha novamente. -Não solte a minha mão, isso me deixa mal.
  -Ok. -ele olhou ao nosso redor, as casas e as árvores, imaginei quando foi a última vez que ele andou por entre as pessoas, sem ser na escola, quando foi que ele andou com as próprias pernas para onde quisesse. -Eu gosto de árvores. Árvores coloridas. -ele riu para as copas amarelas de algumas por que passávamos.
  -Jiminie, faz quanto tempo que você não passa por aqui? -a rua era tranquila, muitos dos alunos iam para casa de bicicleta, mas o Carcereiro não deixaria meu mochi com tanta liberdade assim.
  -Muito tempo. Nem me lembro mais. -ele quase saltitava ao meu lado, sorrindo como um bobo. -Mamãe tinha uma árvore no nosso quintal, ela fez um balanço para mim uma vez.
  -Você gostava dele?
  -Sim, todos os dias eu ia lá. -ele suspirou, o brilho nostálgico nos olhos.
  -Jimin, vamos por aqui. -eu apontei para um caminho diferente, que teríamos que passar para o outro lado e ir direto, não fazer a curva como seria costume. -É mais seguro.
  -Por que? -perguntou confuso enquanto eu já o puxava pela rua. -É por ali que vamos sempre.
  -Mas é bom ir ali de carro, por aqui é melhor a pé. -certo, eu menti. -Vamos.
  Seguimos por aquele caminho com ele segurando a minha mão sem a soltar um minuto, faltava pouco para chegarmos aonde eu queria, e as ruas começavam a ter algum movimento de carro.
  -Jimin. Jimin. Jiminie. -cantarolei chamando sua atenção, ele me olhou e sorriu.
  -Gosta do meu nome.
  -Muito. Gosto de chamá-lo, mesmo que não seja para nada. -eu o girei pela mão como numa dança e ele deixou escapar uma gargalhadinha fofa. -Estamos quase chegando.
  -Não parece nada com a nossa casa.
  -Porque não é.
  Ele empacou quando eu disse isso. Eu já esperava um mini ataque dele a minha pessoa quando eu dissesse isso, por isso que só decidi contar quando a volta era muito longe.
  -Mochi, você vai gostar.
  -Você mentiu para mim!
  -Um pouquinho, ou você não viria. Estamos quase lá.
  -Jungkookie, eu tenho coisas para fazer. -reclamou batendo os pés no chão. -Seu mentiroso, você devia ter me contado antes me arrastar para um lugar desconhecido...
  -Olha, eu posso te fazer ficar calado em dois segundos, mas você vai ficar com raiva de mim. -eu me aproximei e ele se calou.
  -Seu... babaca.
  -Parou? Nem parece que é mais velho do que eu. -segurei sua outra mão e ele tentou se desvencilhar de mim, puxando as mãos, mas eu me mantive firme. -Pare com isso.
  -Você não manda em mim. -ele ficou emburrado e abaixou a cabeça desistindo.
  -Está fazendo bico?
  -Não estou. -murmurou irritado. -Você não vai fazer aquilo de novo.
  -Por favor. -eu disse perto do seu ouvido e ele ficou com as orelhas vermelhas. -Jiminie, vamos. -eu soltei suas mãos suavemente e as levei a cintura dele. Puxando-o mais para perto, ele levantou a cabeça e se manteve longe de mim com os braços sobre o peito me separando dele. -Teimoso.
  -Você é o pior dongsaeng da história. -ele bufou e voltou a abaixar a cabeça.
  -Estamos indo para a montanha de Namsan, Jiminie. Lá tem a biblioteca de Namsan, você não quer ver? E tem muitas árvores. Tem um aquário.
  -Não vai me ganhar com coisinhas assim.
  -Se você não for comigo eu vou ter que encontrar outra pessoa para ir. -eu estava tentando implicar com ele e se desse certo eu ia ganhá-lo em poucos minutos. -Se não quiser, eu acho o Taehyung, e ele vai lá para cima comigo.
  -O que pensa que esta fazendo? -Jimin me olhou raivoso, dando tapinhas no meu peito. -Você está me irritando só para subir uma montanha? Meus pés já estão cansados.
  -Vamos subir de bonde se preferir. -eu passei os braços ao redor da cintura dele sem que percebesse. -Ok, você não quer. Eu chamo a Akemi.
  Sim, eu já tinha pensado na possibilidade de ele negar subir, então eu tinha uma carta na manga. Akemi, era uma intercambista da nossa classe, ela era do Japão e estava conosco desde o ano passado, era muito bonita. E já ficamos por um tempo, mas terminamos amigavelmente, ainda conversamos por mensagem mas é só isso. Eu já a levei para  casa uma vez quando já estávamos quase terminando, só estava Jimin lá e ele reclamou comigo por levar gente sem avisar aos nossos pais.
  -Estava pensando em voltar mesmo.
  -Pare de me abraçar falando isso. -ele tentou me afastar e eu ri o prendendo mais Ainda em mim. -Jungkookie... -disse manhoso com um quase bico, seria minha chance? -Você quer mesmo ir?
  -Quero, quero ir com alguém que eu goste muito, mas se o meu querido Mochi não quiser ir comigo eu vou com a minha futura namorada.
  -Vá com ela então. -disse me pegando desprevenido e saindo dos meus braços.
  -Eu estou brincando. -eu ri tentando o alcançar, mas ele desviava das minhas mãos e continuava emburrado. -Eu não quero que ela seja minha futura nada.
  -Quem disse que eu ligo? -ele se fingiu de desentendido e se encostou na parede de um restaurante fechado jogando os ombros. -Pode chamar ela.
  -Vai dizer que não está com ciúme?
  -Eu não sinto ciúme de você.
  Ele não me encarava. Logo decidi que aquilo era só birra.
  -Ok. Você tornou o meu trabalho mais fácil. -eu o encurralei nos meus braços, aproveitando a solidão da rua. -Você vai comigo, porque você é a minha única opção. Eu não chamaria ninguém além de você, certo?
  -Só me chamou porque me sequestrou da escola. -disse tentando me ignorar e olhando para outros pontos que não fosse eu.
  -Seu ciúme é fofo, tanto que eu poderia te beijar aqui. -ele arregalou os olhos para mim. -Agora está prestando atenção, hum? -sorri e ele ficou vermelho como uma pimenta.
  -Não estou!
  Eu já não o ouvia mais, porque eu estava concentrado na sua boca, tão bonita e tão próxima, porque eu não podia me aproveitar um pouquinho dela? Jimin não iria me deixar beija-lo, mas e se fosse roubado?
  -Jungkookie, pare de me olhar assim. -ele tapou o rosto com as mãos e me trouxe para o mundo real. -Me deixa constrangido.
   -Vamos para Namsan, antes que eu acabe fazendo muita besteira. Okay? -perguntei levemente e ele me deixou ver seus olhos por entre os dedos.
  -Que besteira?
  -Quer mesmo saber?-eu sorri e voltei as mãos a sua cintura, ele prendeu a respiração e eu o levei a centímetros do meu rosto. -Besteiras como essa. -eu o roubei um selinho e ele ficou arregalou os olhos para mim, não me bateu, só ficou muito vermelho e escondeu o rosto na minha camisa, como sempre.

The Cure - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora