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  Como meu Hyung mandou/pediu, eu ajudei o Jimin a levar os livros dele para a mesa. Passaram-se muitos minutos, e eu me perguntava se era natural sentir ciúme por ele estar dando atenção mais a um livro do que a mim. Eu conversava com o Tae sobre isso enquanto Jimin lia, e ele dizia que era super normal. Vindo do meu pequeno grande bebê -não contém ao Suga que eu o chamei assim-, eu espero tudo.
  -Jiminnie. -sussurrei e ele me olhou. -Você quer alugar esse livro?
  -Desculpe. -disse envergonhado. -Te deixei sozinho.
  -Tudo bem.
-Eu vou agendar ali, e nós vamos. -ele se levantou com o livro que queria e foi para o balcão ao lado da porta, enquanto isso eu ia guardando os outros. De livro em livro eu percebi como eu me entediava fácil num lugar silencioso como aquele, eu não era como o Jimin, que poderia passar horas ali.

Quando voltei para a mesa, ele me esperava com a mochila nas costas, o livro já devia estar lá dentro. Olhei o relógio do meu celular e vi que já estava um pouquinho tarde, mas decidi não o preocupar com isso. O dei a mão e saímos da biblioteca para o dia ensolarado lá fora. Seoul nunca me parecera tão bonita, talvez porque ele tornava tudo mais bonito para mim. E sim, eu estou com conversa de apaixonado. Descemos a escadaria em silêncio, e fizemos o caminho de volta pela calçada, indo em direção ao túnel de galhos que havíamos vindo antes. Eu nunca esqueceria aquele caminho, mesmo que eu pudesse me machucar futuramente por causa daquela relação meio esquisita que tínhamos, aquele lugar nunca deixaria de ser bonito para mim.

-E se meu pai já estiver em casa? -ele perguntou meio aflito, apertando minha mão sem perceber. -Como vamos entrar?

-Eu entro em casa primeiro, enrolo eles e você sobe pela varanda. -eu já havia feito aquilo inúmeras vezes quando a mãe do Tae não gostava de mim, e também quando tínhamos que invadir o quarto do Yoongi, ficávamos preocupados com ele porque haviam umas histórias nada legais sobre ele ter desmaiado sozinho em casa e por um tempo ficamos de olho nele. -É só você subir no banquinho, segurar na borda da varanda e ir se puxando para cima.

-Jungkook, eu não consigo fazer isso. -disse irritado, o rosto ficando vermelho, talvez numa mistura de sentimentos. -E-e se...

-Ok, então eu enrolo eles e ao invés de você subir a varanda, você entra pela cozinha e se esconde na dispensa. Depois eu vou lá e te aviso quando puder sair. -paramos e eu fiquei o olhando analisar a ideia, ele parecia muito nervoso, oque me deixava a dúvida de porquê ele tinha tanto medo do pai, se ele tinha era por algum motivo, talvez Jimin já tenha tentado desobedecer antes. O que esse idiota fez com o meu Jiminnie?

-Certo. -ele suspirou e tentou sorrir. -Mas e se der errado?

-Se der errado, você não tem com oque se preocupar. -eu toquei seu rosto e ele inclinou para a minha mão como um gatinho. -Eu vou estar lá, lembra? Eu sou o super-coelhinho. -ele riu e assentiu.

-Pare de ser tão fofo comigo. -ele riu e me abraçou, aquele dia estava maravilhoso. O que dá coelho com gato?

-Nunca. Você é a coisinha mais linda do mundo, não ser fofo com você é algo impossível. -aquilo só não foi melhor pelo meu celular vibrando de mensagens. O peguei no bolso traseiro sem deixar Jimin se soltar de mim, não que ele tentasse. -Namjoon Hyung está por aqui, perguntou se queremos carona.

-É mais rápido de voltar para casa, ou você ainda quer ir em algum canto? -eu não queria causá-lo mais problemas e de qualquer forma, teríamos que voltar ali para trazer o livro de volta.
-Não. Vamos para casa, você se arriscou muito por mim hoje. -eu sorri e voltei a levá-lo pela mão, enquanto mandava para Namjoon Hyung que queríamos a carona.
Esperamos num trecho movimentado de uma das bifurcações que levava a NTower, com um restaurante chinês como ponto de referencia. O carro do Namjoon parou pouco tempo depois, e é de se esperar que alguém havia ido com ele, Taehyung estava no banco da frente acenando energeticamente. Ouvi Jimin rir baixinho e o acompanhei até o carro, entramos no banco de trás e lá estava Yoongi Hyung, com uma mala nas pernas e... quase sorrindo? Ultimamente era difícil ver um sorriso nele que não fosse pra tirar onda com a minha cara, ele estava apenas sorrindo.
-Cadê o Jin Hyung? -perguntei fechando a porta e deixando a minha mochila no chão. Jimin estava entre mim e o Yoongi, com todo cuidado para não machucar o livro na bolsa.
-Na mala. -respondeu Yoongi, claro.
-Engraçado.
-Ficou em casa. -disse Namjoon rindo.
-E por que esses dois estão tão felizes?
-Yoongi vai dormir lá em casa. -Taehyung se virou sorrindo para trás, aparentemente eles haviam se entendido novamente.
-Ata, estou entendendo. -malícia? Não conheço isso.
Conversamos um pouco, Jimin era quase um fantasminha ali, ficava quieto e as vezes respondia oque Tae perguntava e quando a mínima segunda atenção aparecia na sua voz, Namjoon Hyung enrolava. Appa do bem. Chegamos na frente de casa em alguns minutos, Tae morava algumas quadras depois. O carro do Carcereiro Ainda não estava, eu quase bati palmas quando vi a garagem vazia. Eu e o Jimin saímos do carro, ele parecia aliviado também, Namjoon Hyung me chamou antes de que eu pudesse apenas acenar e ir para casa. Me aproximei do carro e me abaixei na janela.
-Estamos combinando de sair amanhã. Se quiser levar ele. -sugestão maravilhosa. Claro que eu queria levar ele.
-Converso com ele daqui a pouco. -me virei para o Tae e ele sorriu, era tudo que ele fazia naquele dia. -Boa sorte vocês também, boa noite no caso.
-Cale a boca. -Yoongi, murmurou lá de trás. Eu ri e fui até a porta onde Jimin me esperava, ele respondeu o aceno de Namjoon Hyung e vimos o carro partir.
-Voltamos a ser temporariamente irmãos? -perguntei a ele o vendo sorrir.
-É, infelizmente. -como foi bom ouvir aquilo.
-Somos irmãos até o último degrau da escada, a partir daí... eu posso te roubar uns -ele tapou a minha boca com as mãos e riu.
-Não precisa falar alto.
Eu ri e assenti. Abri a porta e entramos, minha mãe estava na sala e parecia estressada, enquanto olhava o celular. Cheguei fazendo barulho para ela saber que havíamos chegado, claro, eu a pediria para não contar nada.
-Ah, Ainda bem que vocês chegaram. -ela suspirou. -Por que demoraram tanto para chegar?

-Fomos em Namsan. -eu disse, podia sentir o nervosismo de Jimin. -Mas a senhora não precisa contar ao pai do Jimin, não é? -pedi sorrindo. -Fomos passear.

Ela nos olhou pensativa e com um suspiro cedeu. Minha mãe finalmente me fez algo de útil, ela olhou troncho porque apesar de tudo, eu ainda continuava com o roxo do murro, só não havia sentido por causa de muitas distrações que tive hoje. Ela acenou para que fossemos para cima. Subimos rapidamente, e como eu disse, a partir do último degrau não eramos irmãos, peguei sua mão e o fomos para o quarto dele.

-Jungkookie. -sussurrou reclamando quando eu fechei a porta.

-Passamos do último degrau, não? -tirei a mochila das costas e a coloquei no chão. Me aproximei, ele sorria. Isso seria outra coisa que eu vou guardar no fundo do meu coração. -Não somos mais irmãos. -puxei a mochila dos seus ombros a deixando perto da minha e o segurei pela cintura.

-Estou te dando muita liberdade. -ele riu e ele mesmo que me beijou, claro que me aproveitei, devagarinho fui o fazendo andar até que caíssemos na cama, mas dessa vez ele nos girou e caiu por cima de mim. -Eu não devia deixar você fazer isso.

-Você não deveria me deixar fazer muitas coisas. -eu ri e pousei minhas mãos nas suas pernas, sem contar que ele estava sentado muito inapropriadamente sobre mim. -Mas você deixa.

-Eu sou fraco com você. -ele riu e se inclinou para perto.

Passos vieram pela escada, passos que não podiam ser da minha mãe, nem aquela voz poderia ser dela. Jimin quase voou para o chão, tapou a própria boca e jogou minha mochila debaixo da sua cama, apontou para o banheiro e eu corri para lá. Fechei a porta arfando, tomara que ele não perceba.

The Cure - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora