-X- Taehyung -X-
Eu nunca imaginaria que uma viagem de carro pudesse ser tão longa, principalmente quando se dirigia a minha casa.
Durante os poucos minutos que fiquei no carro com Hoseok, ficamos calados. Sem dar um pio. Eu me sentia muito desconfortável, eu não tinha como pergunta-lo sobre mais nada a não ser oque estávamos vendo em frente.
-Droga. -ouvi ele resmungar.
Foi então que percebi oque tinha diante de nós. Assim que fizemos a curva, uma fila de carros estava imóvel ao longo da rua. Não tínhamos como ir por outro caminho, pois já estávamos na rua, e outro carro já estava atrás de nós.
Hoseok bufou e bateu a mão no volante.
-Calma. -Eu disse, baixo. Olhei de lado para ele, Hoseok parecia irritado. O rosto anguloso e bonito, estava franzido encarando o vidro. As luzes do farol do carro na nossa frente, tingia seu rosto de vermelho, seus olhos pareciam pegar fogo. -Vamos conversar.
Ele suspirou.
-O que podemos conversar, Taehyung?
Me espantei. Até então ele não estava me chamando de "Taehyung", e não estava parecendo tão rígido.
-Taehyung? -perguntei, erguendo uma sobrancelha. Coloquei o dedo ao lado do seu queixo e virei o rosto dele pra mim. -Taehyung?
-É. Você me disse que esse era o seu nome. -disse com simplicidade. - A não ser que esteja mentindo para mim.
-Claro que não. -cruzei os braços sobre o peito e respirei exasperado. -Por que está assim comigo? Você era mais legal.
-Ah! Não sei, Taehyung. Talvez porque você seja incrível e lindo, e o seu namorado é um idiota gostoso. -ele cuspiu as palavras como uma represa quebrada. Quando parou de falar, arfava e não estava vermelho apenas pelo farol do carro. Ele voltou a olhar para frente e passou as mãos no rosto. -Que merda.
Fiquei calado. Não sabia oque dizer. Olhei ao redor tentando não ficar constrangido. Então Hoseok sentia a mesma confusão que eu. Isso era adorável - e perigoso. Ele era uma figura pública.
-Não precisa ficar com raiva disso. -eu disse olhando para o lado de fora, encostando a cabeça no vidro.
Lá fora já era de noite e dentro do carro, com o ar-condicionado ligado, eu me sentia exposto e sozinho. Eu não o conhecia tão bem como eu dizia conhecer, e se ele fosse violento? Eu teria que dar meu jeito de sair daquele carro... de artista... superprotegido.
-Tae, me desculpe. -disse gentilmente, oque me acalmou o coração. Continuei olhando para fora. -Eu sei que deve está parecendo horrível para você. Eu só... me desculpe.
Virei-me devagar para ele. Hoseok me olhava temeroso, como se eu fosse um animalzinho e ele tentasse se aproximar devagar. Tinha tirado as mãos do volante e o cinto, estava de lado virado para mim.
-Não. Não é horrível. -sorri e também me sentei de lado, desatando o cinto. Encostei a cabeça no banco. Ele ergueu a mão e ainda hesitando, tocou meus cabelos, pouco atrás da orelha. Seus olhos me fitavam brilhando, o esboço de um sorriso se formava nos seus lábios, os cabelos pretos caiam na testa, e ele cintilava numa jaqueta de lantejoulas azuis. -Eu também venho pensando assim.
Ele arqueou uma sobrancelha e fez uma expressão confusa.
-Pensou?
-Sou seu fã desde sempre. Nunca esperei conhecer você. E você se mostrou ser a pessoa mais fofa do mundo assim como é em todo canto. -contei nos dedos e ele riu. -E se eu já era apaixonado por você antes, agora...
Ele soltou uma gargalhada contida, e continuou a acariciar meus cabelos com os olhos apertados num sorriso.
-Você é um idiota gostoso e meu namorado é um fofo-bobão.
-Pensei que eu tivesse dito que ele era um idiota gostoso.
-Vocês dois são. -admiti revirando os olhos. Hoseok deslizou a mão pela minha mandíbula e parou no meu queixo. O dedão se erguendo e acariciando meu lábio inferior.
-E quanto ao Yoongi?
Olhei profundamente nos seus olhos, e senti o medo crescer neles.
-Eu amo ele. Ele me atazanou por anos, e fez eu me apaixonar por ele do nada. -estalei os dedos. -Agora eu sou caidinho por ele.
-Mas... -antes que ele pudesse falar, eu o interrompi.
-Não. Eu gosto de vocês dois, seu idiota. Eu quero vocês dois e isso também está me perturbando. Não tem "mas...".
Ele me olhou com os olhos arregalados. Suspirei e abaixei o rosto, fazendo-o puxar a mão para longe.
-Jungkook me disse para não pensar no futuro. -eu disse. -E eu não quero. Eu amo Yoongi, quero ele para minha vida inteira. E eu... eu também quero muito você.
Hoseok puxou meu rosto para cima. Me deparei com um sorriso enorme da parte dele, que aproximou o rosto e passou perto para me deixar na vontade de beija-lo.
-Eu também quero muito você. Desde a primeira vez que te vi. E eu também quis seu namorado, mas minhas esperanças murcharam quando disseram que estavam namorando. -ele disse com o rosto próximo, eu estava com as bochechas esquentando e ele parecia notar isso, pois o sorriso brincalhão estava nos seus lábios. -Se os dois me quiserem, eu aceito os dois de braços abertos.
Fitei aqueles olhos escuros, sentindo o cheiro inebriante do seu perfume. Toquei a jaqueta sentindo as lantejoulas e tentando me certificar que era verdade ele estar ali. Aproximei mais meu rosto, mas ele tocou meus lábios e balançou a cabeça.
-Só me beije se tivermos um acordo.
-Quer nós dois?
-Isso. -ele riu. -Você e o Yoongi. Sendo meus.
-Isso vai dar certo?
-Precisamos saber dele, não é? -ele passou a mão pela minha coxa e então se sentou direito, voltando a colocar o cinto. Onde ele havia tocado, minha perna formigava. Não do jeito ruim. Por mim estaríamos ficando ali mesmo, no meio do engarrafamento, mas meu senso de moralidade e lealdade gritavam pra mim que, antes de ter ele, eu precisaria me certificar que isso não seria trair o YoonGi. -Ligue para ele, avise que estamos indo lá e que vamos conversar sério.
Assenti e peguei o celular.
Seria uma noite confusa.
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The Cure - Jikook
Fanfiction"Devíamos amar quem quiséssemos, não é? Pessoas são pessoas." Jimin vivia sob ordens de um pai rigoroso. Jungkook era seu meio irmão, livre para fazer suas escolhas e forçado a aceitar aquele segundo casamento da sua mãe.