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  Eu estava assistindo-o jogar a uns trinta minutos. Indo de barraca em barraca e ganhando prêmios que já enchiam meus braços, incluindo um ursinho que fazia meu nariz coçar. Vendo-o dali, todo feliz e parecendo uma criança, Jungkook não era nada mais ou nada menos que uma pessoa que se vestia de homem quando queria, mas na verdade escondia uma criança. Seu sorriso me contagiava sempre que ele ganhava alguma coisa, e seu olhar triste quando alguém conseguia mais pontos que ele, então ele me olhava quase com um bico, e eu sorria tentando encoraja-lo. Quando ele saiu do joguinho de boliche e veio na minha direção com uma pelúcia de coelho, eu conseguia ver a felicidade dele, o sorriso enorme e mexendo as orelhinhas do coelho.
  -Esse aqui é para você levar para sua cama. -disse esticando-o para mim. -O nome dele é Jungkook.
  -Eu adoraria segura-lo, mas... -mexi os braços mostrando o patinho, o urso e dois peixinhos pequenos que estavam empilhados lá. -Não acha que são muitos?
  -Desculpa, eu tenho mania de pelúcia. -ele riu e pegou o urso e um dos peixes para aliviar meus braços. -Vamos na roda gigante? -disse quase dando pulinhos na minha frente. Eu ri e olhei para onde estava o brinquedo, era muito alto e eu tinha um pequeno medo de altura. -Você nem vai perceber que vamos estar lá em cima, vamos estar ocupados. -ele riu e começou a me empurrar devagar pelas costas. -Vamos.
  Fui me arrastando até a fila, onde vários casais esperavam para embarcar, devia ser estranho ver dois rapazes na fila quando ela era composta basicamente por casais héteros esperando ter um momento romântico. Tentei me distrair com a pelúcia de coelhinho enquanto a fila ia, até que faltavam apenas alguns minutos para que os outros desembarcassem e que outros entrassem, Jungkook se virou para mim e puxou meu rosto pelo queixo.
  -Pare de se preocupar com oque os outros estão pensando. -ele disse como se estivesse lendo meus pensamentos. -Pense que lá em cima, vai ser só eu e você.
  Eu ri e concordei, realmente, a parte de que ficaríamos sozinhos era muito boa. Então eu esperei quieto, abraçado as pelúcias enquanto ele me olhava de soslaio de vez em quando. Os carrinhos vinham e paravam, para alguém sair, e outro casal entrar, e assim foi feito até que sobrasse o último carrinho para nós. Entramos no lugar de um casal bem jovem que sorriu para nós e saíram animados. Eu tratei de apertar o cinto bem firme em mim, Jungkook veio ao meu lado obviamente, o chão era transparente e a parede da frente e dos lados também, menos a que estava nas nossas costas. Eu me agarrei no braço dele assim que começou a se mexer.
  -Yaegiya, não precisa ficar assim. -ele disse tentando me acalmar. -Jiminie.
  -Não, isso aqui está suspenso do chão, a metros de altura e tudo que está nos prendendo é um cinto, que eu não sei se funciona direito! -eu disse um pouquinho exaltado, minha respiração estava acelerada e eu estava quase em pânico ao ver o chão se afastando dos meus pés, enquanto eu encarava o mundo ir diminuindo, ele segurou meu rosto e me deu vários beijos pelo rosto. -Jung- -ele me interrompeu com um beijo e depois amassou minhas bochechas. -Kook!
  -Você vai ficar maluco! Por favor, para um pouquinho e respira. -ele ficou me encarando severamente até que eu fizesse oque ele queria, então enchi os pulmões de ar e o soltei devagar. -Ótimo.
  -Mas eu estou com medo. -admiti com as bochechas ainda sendo presas pelas mãos dele, tremendo eu as toquei por cima e ele riu.
  -Você é um amor desse jeito. -ele segurou minhas mãos e as beijou. -Calma. Vamos ficar bem.
  -Ok. -respirei tremido e me virei para frente vendo o topo dos prédios de Seoul a noite, mil janelinhas brilhando entre o escuro. -Estou calmo. -suspirei e ele riu.
-Eu queria poder te beijar na frente de todo mundo. -ele disse baixo, olhando para frente como se imaginasse aquela situação.
-Sabe que...
-Seu pai, eu sei, ainda somos meio irmãos por causa do casamento. -ele riu amargurado e abaixou o rosto para suas mãos, comecei a ficar preocupado. Ninguém nunca tinha ficado mal por minha causa e isso era estranho. -Eu não posso te beijar, não posso pegar a sua mão, não posso demostrar oque eu quero quando eu quero... -ele passou as mãos nos cabelos os puxando para trás. -Isso é frustrante. Eu não posso fazer nada, apenas sorrir e te olhar. É como olhar um boneco na vitrine e saber que eu nunca vou poder toca-lo.
-Jungkookie... você pode me tocar.
-Quando estamos entre quatro paredes, escondidos, sussurrando. -o carrinho se mexeu e paramos mais em cima.
-Eu estou passando por muita coisa para poder até mesmo estar aqui com você. -eu disse mexendo nas minhas unhas, do nada o clima naquele carrinho de roda gigante estava pesado. -Eu parei de me focar tanto como eu estava focado, eu fugi de casa algumas vezes apenas para estar com você, eu deixo você me beijar e me tocar porque eu gosto muito de você, oque de certa forma já é um problema, porque você é um garoto. Eu estou desafiando o meu pai sem que ele saiba, e conhecendo ele, se ele descobrir nós dois, vai ser horrível. Ele vai nos afastar, e... vai fazer coisas muito ruins. -suspirei evitando falar demais. -E eu acho que eu também te amo, oque é incrível e idiota ao mesmo tempo.
Ficamos em silêncio por um momento e ele pegou a minha mão, a cariciou e depois a colocou sobre o seu peito, senti as batidas aceleradas do coração dele, rápidas como se tivesse corrido, olhei para o seu rosto e ele continuava sério.
-Você faz isso comigo. -ele tirou a minha mão de lá e continuou a segurando. -Quando te vejo no corredor, ou quando ouço você me chamando. Te ouvindo dizer que me ama, é, realmente é incrível e idiota. -ele se afastou um pouco e inclinou a cabeça no meu ombro. -Eu devia te beijar muito enquanto estivéssemos aqui em cima. Mas... -ele voltou a se sentar irritado. -Eu te amo, droga, eu te amo muito e eu não quero ser idiota com você. Em tão pouco tempo, eu não entendo como eu posso saber que te amo desse jeito, mas eu sei.
  Ele apoiou os cotovelos sobre os joelhos, a cabeça nas mãos e respirou fundo. Eu estava assustado, não sabia como reagir a alguém dizendo que me amava daquela forma. Se fosse outra pessoa, eu diria que ele devia repensar antes de dizer aquilo, talvez se fosse outra pessoa eu também não admitiria tão fácil, mas não era outra pessoa, era o Jungkook e eu sabia que nele eu podia confiar até o meu coração. Me aproximei mais, esquecendo completamente do brinquedo em que estávamos, encostei o rosto na parte de trás do seu ombro direito.
  -Eu também.
-O que?
-Também não entendo como nós dois funcionamos. -acariciei suas costas. -Eu não sei oque é amar alguém de fato. Eu... não tenho nenhuma experiência com isso. Eu só estou fazendo tudo às cegas, e eu acho que isso é amor. -ele segurou meu braço de leve e se sentou novamente, me fazendo afastar. -O que?
O brinquedo subiu mais, e quando olhamos lá para fora, estávamos no topo, vendo o mundo muito pequeno, como no deque de Namsan. Eu parei o olhando aquilo, e deslizei minha mão até a dele. Ele entrelaçou nossos dedos.
-Jimin, eu queria muito poder ser um casal na frente de quem quer que fosse, mas se não podemos ser um desse jeito, -ele apertou minha mão de leve. -Então eu não me importo em ser escondido. Eu queria muito que não fosse, mas eu quero mais ainda ficar junto a você. Que seja escondido então, eu disse, eu te amo.
  -Obrigado. -suspirei.

***
  Passamos alguns minutos naquele brinquedo, houve um momento em que, sem pausa, ele nos girou umas duas vezes. Depois da nossa conversa, não falamos mais do assunto uns bons minutos, ficamos apenas quietos, encostados um no outro, olhando a cidade ir e vir. Quando finalmente fomos descer, tivemos que encher os braços com as pelúcias novamente, tentei ser forte ao sair, já que minhas pernas pareciam gelatina, mas Jungkook parecia bem da mesma forma que entrou. Caminhamos entre as pessoas até a parte das barraquinhas novamente, ele parou olhando em volta e bufou.
  -Eles sempre somem. -resmungou. -Você viu um deles por aí?
  Pensei um pouco e conclui que ele estava falando dos amigos dele, aquela conversa no carrinho havia me tirado da realidade por um momento. Começamos a andar os procurando nas filas das barracas e nos brinquedos que não levavam prêmios, mas eles pareciam ter sumido do parque. Estávamos quase desistindo quando Taehyung apareceu pulando com um pôster contra o peito, os outros três vinham atrás andando calmamente. Taehyung correu até nós e abriu o pôster quase no meu nariz. Eu o afastei um pouco para ver oque ele me mostrava, em letras grandes havia escrito um nome esquisito, e o resto eram horários e lugares, na frente da foto de um rapaz muito bonito acompanhado de alguns outros.
  -É ele! Ele! Ele! -disse apontando para o garoto na foto.

  -Como você conseguiu isso? Arrancou da parede? -riu Jungkook

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  -Como você conseguiu isso? Arrancou da parede? -riu Jungkook. -Tem um desse colado em toda parede.
-Eu roubei. -disse orgulhoso voltando a abraçar o pôster. -É nesse show que vamos.
-Estou sendo traído com um pôster. -resmungou Yoongi Hyung, na mesma hora o Taehyung foi até ele e o abraçou quase o derrubando.
-Obrigado!
-Aliás, vamos em que show mesmo? -perguntei, eu havia topado o show nas cegas, então podia ser até de rock e eu não sabia.
-Do meu -disse Taehyung, com ênfase. -Crush de tv porque eu nunca vi ele pessoalmente, -ele voltou a abrir o pôster e a girar como se mostrasse a todos. -J-Hope! -gritou.
-Isso é obsessão e precisa de tratamento. -disse Namjoon Hyung que estava quase dormindo nos braços do Jin Hyung. -Eu quero ir pra casa.
-Eu também. -Jungkook disse indo para minhas costas e me abraçando. -Vou dormir no seu quarto hoje. -sussurrou com os lábios próximos ao meu pescoço.
-Eu estou sobrando agora. -disse Yoongi cruzando os braços.
-Não é você que nega que estão namorando? -disse Namjoon Hyung rindo.
-Não estamos namorando.

The Cure - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora