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  Na outra manhã, eu acordei com a minha bochecha levemente inchada, onde eu fui acariciado pelo punho do meu padrasto. De qualquer jeito, eu tinha que ir para escola, me levantei cedo, me arrumei, e desci para tomar café. Estávamos todos na mesa, a tensão corria entre cada um de nós, desde ontem que eu não os via. Depois de chegarmos em casa, eu me tranquei no quarto e só sai de lá agora a pouco. Jimin comia de cabeça baixa, sem nem mover os olhos direito, minha mãe tentava conversar com o Carcereiro e eu estava completamente quebrado por ver Jimin tão oprimido entre eles e distante de mim. Quando finalmente terminamos de comer, o Carcereiro nos levou para a escola, como sempre e sem dizer nada. 
  Chegamos lá pontualmente, e saímos do carro, Jimin se despedindo dele num sussurro que eu mal ouvi. Ele não tardou a sair com aquele carro idiota cantando pneu pelo asfalto. Quando me virei para Jimin, depois de ver que eu carro já estava bem longe, percebi que ele havia sumido dali o mais rápido possível. Respirei fundo e entrei na escola, procurando entre naquela multidão uma pessoa que parecesse com o meu baixinho, e eu não encontrei ele. Só o Tae que praticamente se lançou em mim.
  -Jungkook! Que bom te ver! -gritou me abraçando, aquilo era estranho, olhei por onde ele tinha vindo e vi o Namjoon e Jin Hyung de mãos dadas rindo dele.
  -Qual o problema dele? -perguntei Ainda sendo abraçado.
  -Brigou com o Yoongi e agora está carente.
  -Mas o Jungkook é meu amigo, ele não vai me soltar né? -perguntou quase se pendurando em mim.
  -Assim, no momento eu estava pensando em ir atras do Jimin.
  -O único que estava solteiro agora também está muito ocupado para mim. -ele se afastou de mim e cruzou os braços. -Todo mundo me deixa.
  -Ok. -eu ri e voltei a pular para ver sobre as cabeças no corredor. -Vocês viram o Jimin?
  -Você levou um soco? -perguntou Namjoon Hyung segurando meu rosto. -Quem fez isso?
  -Briguei com meu padrasto, nada demais. -não que não tivesse sido nada demais, doeu bastante, mas eu não precisava preocupar ele. -Está tudo bem, nos "acertamos". Mas eu preciso falar com o Jimin.
  -Hum. -ele fez desconfiado. -Ele passou para o banheiro.
  -Obrigado. -eu corri para lá, e assim que puxei a porta ele ia saindo, arregalou os olhos e tentou passar por mim. Eu o empurrei de volta para o banheiro e fechei a porta. -Tem mais alguém aqui? -perguntei baixo e ele negou olhando para o chão. -Jiminie, por que não fala comigo?
  -Porque... porque você...
  -Por favor. Seu pai disse alguma coisa? -perguntei aflito, quase me abaixando para o ver, eu não queria ficar longe, não agora.
  -Ele me disse para ficar longe de você. Você ia fazer me fazer mal.
  -Você acredita nisso? -perguntei e o ouvi suspirar. -Jiminie, sabe que eu nunca faria mal a você. Nunca. -ele levantou o rosto e parecia muito triste, mas nada de lágrimas dessa vez.
  -Por que ficou fora do carro? Devia ter ido comigo. -ele bateu o pé no chão. -Eu não queria ver você machucado, eu disse para não tentar mudar o meu jeito de viver.
  -Mas ele te trata como se fosse um prisioneiro dele. -eu passei as mãos nos seus braços e segurei suas mãos. -Não faz isso, me deixar longe não vai ajudar em nada.
  -Talvez. -ele andou um pouco e deitou o rosto de lado no meu peito. -Eu não quero você machucado, Kookie. Eu sei lidar com isso, eu vivo assim desde sempre, você não precisa mudar.
  -Preciso. -eu o abracei e acariciei seus cabelos, ele parecia um gato aprovando o carinho. -Lembra que você é meu? Então eu não vou deixar nada acontecer com você. -ele riu e passou os braços pela minha cintura.
  -Eu não vou conseguir te fazer mudar de ideia, não é?
  -Não.
Infelizmente o sinal tocou e nos separamos, ele era a pessoa mais linda do mundo, acredite, quando estamos quase nos apaixonando sua cabeça muda de uma forma incrível, até poucos dias eu o olhava e pensava em pernas, agora eu o olho e penso em o proteger do mundo. Sorri para ele e suspirei, teríamos aulas diferentes nesse horário, ou seja, quase uma hora sem o ver.
-Boa aula, mochi. -eu o beijei na bochecha e sai do banheiro. Ele não me seguiu e o conhecendo ele deveria estar morrendo de vergonha no momento. Eu ri e segui para minha aula de Geografia.
Após desviar no corredor daquele milhão de formiguinhas coreanas, eu cheguei na sala e meus amigos estavam no seu canto de sempre, no canto da sala, cochichavam e riam baixinho, e o Yoongi estava tentando fazer o Tae rir, mexendo no seu cabelo, fingindo que ia o beijar, e tentando fazer cócegas que não estavam funcionando muito. Quando eu fui chegando perto, Yoongi bateu as mãos nas pernas e bufou.
-O que eu tenho que fazer pra você me desculpar?
-Jungkook! -disse Tae o ignorando e sorrindo para mim. Agora o Yoongi ia ficar com raiva de mim. -Como foi com o Jimin?
-Tudo bem agora. -eu passei por eles e me sentei atras do Yoongi, perto da linha de fogo. -Por que vocês estão brigando?
-Porque ele acha que eu estou traindo ele. -disse Yoongi apontando para o Tae. -Mas eu já esfreguei na cara dele que eu estava falando com a minha M-A-E. -gritou as letras e o Tae emburrou e se virou para a frente. -Que coisinha mais ciumenta.
-Não me chame de coisinha. -Tae se virou rápido e eu me encostei para assistir no que aquilo daria, o mesmo fez o casal girafa. -Eu não sou uma das suas coisinhas.
-Não é mesmo, nós nem namoramos nem nada. -Yoongi cruzou os braços e como Tae fez antes, se virou para a frente.
-Porque você é chato comigo!
-Então isso não vai acontecer nunca, eu só sou eu.
-Você devia ser legal comigo!
-Por que? -ele se voltou para o Tae e se apoiou nos joelhos esperando a explicação dele.
-Porque...
-Meninos! Vamos começar a aula. -disse o professor alto o suficiente para que todos da sala se calassem. Os brigões se voltaram para frente e eu fiquei rindo daquela ceninha.
  Eu poderia contar como foi a minha aula de Geografia, mas seria entendiante. Digamos que eu apaguei tudo desde que ele disse "começar".

-x- Jimin -X-
  Mais um assunto difícil. Sabe ódio? É oque eu sinto por física, apesar de ser uma matéria muito importante para o mundo, para mim é horrível. Eu já passei horas tentando entender, e quase passei mal de tanto estudar. Minha cabeça estava cheia de fórmulas para descobrir aquele "x" da questão, mas... encontrar o Jungkook no banheiro me desconcertou. Eu estava tão bem com raiva, eu podia continuar a ficar com raiva dele, por que ele teve que ir atras de mim e ser fofo? Ele aparecer na minha janela naquele dia, foi como por uma pedra no meu caminho, desde então ele atrapalha meus pensamentos mesmo estando longe. Aparecia nos meus sonhos de vez em quando, da última vez foi ontem, eu sonhava que meu pai estava batendo nele e por mais que eu gritasse para que ele parasse, eu não conseguia andar nem falar, então eu gritei até aparecer em outro canto, dessa vez, estávamos sentados na varanda do meu quarto e ele me dizia para pular, e eu pulei, caindo até acordar.
  Jungkook você faz mal para mim, mesmo que não perceba.
  Eu nunca me senti tão confuso, nem tão feliz, eu queria ele perto e queria ele longe. Isso é compreensível? Acho que eu preciso dele.

-x- Jungkook -x-
  No almoço, eu não vi o Jimin na cantina, e apesar da próxima aula ser a mesma que a dele, eu precisava ver ele naquele momento. Então avisei aos meus amigos que ia atras dele e sai pela escola, procurei na biblioteca e na sala de aula que ele estava antes. Estava começando a entrar em desespero quando o vi sentado sob uma árvore na parte infantil que estava desabitada naquela escola, desde que haviam quase perdido uma criança ali, então pararam de ter um ensino infantil. Eu respirei aliviado e passei pelas portas de vidro, a árvore ficava no meio de um pátio, com brinquedos quase novos. Era uma pena ninguém mais brincar neles. Eu ri e ele se assustou, aliás estava como sempre, com a cara num livro de alguma coisa chata.
  -O que o meu mochi faz sozinho aqui?
  -Eu gosto daqui. -ele disse fechando o livro e abrindo espaço para eu sentar do seu lado.
  -Estudando ainda? -eu tirei o livro do colo dele e deitei minha cabeça ali. -Devia ter ido para a cantina.
  -Eu não conheço ninguém aqui, Jungkookie. Só você.
  -Justamente. Fique comigo, eu e os meninos ficamos perto da janela, sempre. Você conhece eles. -pedi segurando sua mão junto a mim. -Por favor.
  -Eu disse que gosto daqui. -ele riu e acariciou meus cabelos.
  -Então eu vou vir ficar aqui com você, querendo ou não. Quero lhe enjoar de mim. -sorri e ele retribuiu.
  -Difícil.

The Cure - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora