Epílogo

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Desde o dia em que eu havia dito "sim" para o Jimin no altar, parecia que tudo tinha ficado mais difícil. Não entre nós, mas agora que estávamos resolvidos, os outros pareciam não se entender.
Oito anos depois da nossa promessa em Namsan, já estávamos muito bem casados, formados e trabalhando, só havia uma coisa que não estava normal entre nós, não morávamos mais na Coreia. Eu havia me formado em literatura e dava aula sobre a língua coreana numa universidade em Londres, enquanto Jimin tinha aceitado umas propostas do Hobi Hyung, e estava alavancando numa carreira de escritor em conjunto com a empresa do Hyung.
  E foi no fim de maio, quando fomos acordados à meia noite pelo telefone. Jimin atendeu meio dormindo.
-Sim..? Hyung? Taehyung o que?
Levantei e peguei o aparelho dele.
-É o Jungkook. -avisei, coçando os olhos.
  "Ótimo." Respondeu o Hoseok Hyung do outro lado. "Eu disse ao Taehyung que eu iria me assumir hoje, e ele entrou em pânico."
  -O que você quer dizer com isso?
  "Ele desmaiou."
  Arregalei os olhos. Não era para tanto. Jimin estava sentado na cama me olhando com um olho fechado e o outro lutando para ficar aberto.
  -Ele desmaiou porque você vai se assumir... ele acordou?
  "Ele está no quarto com o YoonGi. Acha que eu devia fazer isso mesmo? Ele não pareceu gostar da ideia."
  -Você tem que conversar com ele, Taehyung as vezes é exagerado. Sua ideia é arriscada.
  "Dez anos de carreira, Jungkook! Não posso passar minha vida toda escondendo."
  -Mas você tem dois namorados, vai ter que escolher um para aparecer?
  Hobi Hyung ficou calado por um tempinho, pensando. Eu não queria ser bruto com ele, mas ele tinha que pensar direito no que fazia. Por fim, ouvi ele suspirando.
  "Você tem razão. Nunca mais vou poder aparecer com os dois e serem considerados só meus amigos."
  Sentado na cama, Jimin parecia mais desperto, e me olhava como se entendesse tudo.
  -Sua vida é só sua, Hyung. Não adianta que só as pessoas próximas saibam?
  "Eu me sinto mal quando as pessoas criam tantas expectativas sobre mim. Se eu estou olhando para uma amiga numa premiação, logo surgem boatos que eu estou apaixonado, mas... eu amo eles."
  -Então seja só deles. Seus fãs são importantes, mas mais ainda são eles, entende? Aja como quiser, seja você mesmo, mas não acho necessário que se assuma para milhares de pessoas como uma obrigação. Nenhum artista assume que é hétero.
  "Você tem razão." Ele suspirou. "Obrigado, as vezes você parece mais velho do que eu."
  Eu ri.
  -As vezes eu tenho que ser.
  "E agora principalmente."
  Falar nisso me deixava bobo, e olhar o Jimin enquanto falava sobre isso era o ápice de me fazer perder a cabeça.
  -É, agora eu vou ter que ser adulto. Não sei como vou fazer isso.
  Jimin riu e se deitou.
  "Quando vai ser? Nós temos que estar aí no dia."
  -Vai ser dia vinte e sete de junho.
  "Ah, faltam alguns meses então. Vou adorar mimar ele."
  -Todos vamos, ele vai ter que aprender a falar coreano.
  "Claro. Jungkook, ele acordou. Vamos conversar. Depois eu ligo de novo."
  -Certo. Até depois.
  Desliguei o telefone e o deixei no criado mudo. Jimin estava deitado com um dos braços sobre os olhos.
  -Hobi Hyung quase perdeu o juízo. -ele comentou, dando uma respiração profunda. -Ia se assumir só para não poder namorar.
  Deitei ao seu lado e passei um braço por cima dele.
  -Ele está ansioso para conhecer o nosso futuro filhote.
  Jimin abriu um sorriso e baixou o braço, me olhando tão feliz que quase derreti.
  -Você também já sente um calorzinho no coração quando pensa nisso?
  Assenti. Estávamos na lista para adotar uma criança, e tinha o Oliver, um garotinho de um ano, moreninho dos olhos azuis. E tinha roubado nosso coração assim que visitamos o orfanato. A história dele era simples, os pais tinham o deixado lá porque a mãe era muito jovem e o pai tinha sumido. E ele era destinado a ser nosso. Sabe por que? Assim que entramos na sala onde os de um a três anos ficavam, Oliver foi o primeiro a nos ver, e abriu um sorrisão com quatro dentinhos para o Jimin. Desde então, íamos o visitar toda semana, até que os documentos fossem devidamente feitos.
  -Oli. -Jimin disse sorrindo. -Acha que ele está bem?
  -Acho que está ótimo, mas ficará melhor quando estivermos com ele.
  -Meu bebezinho. -Jimin apertou as mãos no rosto, amassando as bochechas. -Eu vou apertar tanto ele, que ele vai virar uma bolinha bem bonitinha. Eu to morrendo de saudade, queria trazer ele logo para cá.
  Eu ri e o puxei para perto de mim.
  -Logo, logo estaremos com ele. Aproveite e durma enquanto pode. E me deixe aproveitar um pouquinho antes que tudo vire para ele.
  -Não pode ficar com ciúme do nosso filho, Jungkook! -ele deu um tapa ardido no meu braço.
  -Aí! Tá! Desculpa. Não reclame quando minha atenção for toda para ele também.
  Ele riu e deu um beijinho no meu pescoço, depois outro, e outro, até minha boca.
  -Será que ele vai ser ciumento? E como ele vai me chamar? E te chamar?
  -Appa. -apontei para ele. -Papa. -apontei para mim.
  -Ah não faz isso eu acho muito fofo. -ele fechou os olhos e deu um gritinho contido.
   É, teríamos que aprender a ser adultos.

The Cure - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora