Aquela manhã estava tão boa, Jimin podia ter continuado na cama comigo e eu podia ter ignorado meus amigos. Eles iriam entender. Assim que passamos vinte minutos conversando, Jimin começou a insistir em revisar matérias, estudávamos na mesma sala, então eu sabia que não teria teste nem tão cedo para ele estar tão preocupado. Assim que ele começou a revisar matemática na escrivaninha dele, eu resolvi descer para falar com os meninos e trazer alguma coisa para aquela calculadora comer. Calculadora de bolso.
Nossos pais ainda dormiam, eu nem sequer sabia que horas que haviam voltado da formatura, só sabia que havia sido tarde e por sorte eles não checaram se estávamos dormindo ou não, como eu iria explicar estar dormindo de conchinha com o Jimin? Foi sem querer, mas era complicado.
Desci para a sala e encontrei todos eles acordados, cochichando baixinho entre os lençóis que os cobriam no sofá e no colchão no chão. O casal girafa estava no sofá, apelido carinhoso para o Namjoon e Jin hyung. Já o Tae e o Yoongi hyung... eles tinham alguma coisa, todo mundo já sabia, mas eles nunca oficializavam nada, então não importava se estavam se pegando ou não, nunca saberíamos de verdade. Esses dois estavam no chão, quase grudados, Tae estava com os olhos quase fechando novamente. Chuva deixava aquela criança com sono, e ele dormia em qualquer lugar, contando que tivesse chuva.
Eu não fiz tanto barulho descendo as escadas, mas eles olharam para mim e sorriram maliciosos. Bem previsível.
-E ai? Cadê ele? -perguntou Yoongi. -Dormindo?
-Estudando. -suspirei me jogando no espaço vazio que não estava ocupado pelas pernas do casal girafa. -Não temos provas e ele está estudando a essa hora da manhã.
-Então você trocou um dançarino por um nerd. -disse ele se sentando e fingindo pensar. -Acha que fez certo?
-Não venha com essa de trocar. Não troquei ninguém por ninguém, só que o Yugyeom me irritou.
-Ah, entendi. Você agora gosta de comida caseira. -joguei um travesseiro nele e ele riu maldoso. -O que? Não menti.
-Para de implicar com ele. -reclamou Jin hyung se esticando para da um tapa no braço do Yoongi. -Que coisa horrível chamar o menino de comida.
-Ah, por favor. Aquela coisinha não é ativo... ou é? -perguntou me olhando, dessa vez a curiosidade refletia nos seus olhos de verdade.
-Eu não sei. -resmunguei revirando os olhos. -Não aconteceu nada.
-Por que a curiosidade? -Tae perguntou se virando para Yoongi. Ele não estava dormindo?
-Se deu mal, Yoongi. -disse Namjoon que até ali se mantinha escondido atrás de Jin.
-Estava so curioso. -ele fez uma careta e se deitou novamente no colchão.
-Bom dia. -olhei para a escada e minha mãe descia, já arrumada para mais um dia sem nada oque fazer. Se o mundo estivesse do meu lado, mais tarde ela sairia com o Sr. Park.
-Bom dia. -respondemos todos e ela passou para a cozinha com um sorriso.
-Onde está o Carcereiro? -me perguntei baixinho, não demorou muito para que ele descesse as escadas e nos olhasse como se estivéssemos fumando e nos drogando ali na frente dele. Não que façamos pelas costas. Só aconteceu uma vez.
-Bom dia. -disse seco.
-Bom dia. -os meninos responderam. Ele parou os olhos em mim e fez sinal com a mão para que eu o seguisse até a cozinha.
Me levantei e fui até lá, o encontrei sentado à mesa me esperando. Me sentei do outro lado e esperei que ele começasse, minha mãe estava fazendo sanduíches no balcão. Outra coisa que acho ridículo nele, exige que minha mãe cozinhe, eu sempre ajudo como posso, já tentei a convencê-la de não ser otaria assim, mas ela ficou de cara feia para mim por uns cinco dias. Não me meto tanto desde então.
-Algum problema? -perguntei.
-Quem lhe deu permissão para trazer esses meninos aqui? Que eu nem sei quem são e nem se são de futuro.
-Eu... -me levantei ou eu iria atacar ele naquela mesa. -Vou fingir que você não ignorou autoridade da minha mãe e vou me retirar porque você indiretamente insultou meus amigos. -respirei fundo e forcei um sorriso. -Mãe, vocês vão sair hoje?
-Vamos aproveitar o domingo em um museu novo que abriu. Pensamos que o Jimin e você poderiam ir. -ela disse animada, parecia nem ter ouvido a minha muito breve conversa com o namorado dela.
-Desculpa, tenho mais planos, mas se quiser perguntar ao Jimin. -eu sai da cozinha rezando para que o Jimin tivesse uma boa desculpa e ficasse em casa.
Na sala os meninos realmente estavam sentados, todos eles, incluindo o zumbi Tae no ombro do Yoongi. Eu passei de fininho por ali e subi as escadas rumo ao quarto do Jimin. Abri a porta e ele estava de braços cruzados, com um bico e olhando para o livro de matemática com raiva. Eu ri.
-O que foi Jiminie? Ele te mordeu?
-Eu não entendo. -ele suspirou e passou as mãos nos cabelos. -Jungkookie, eu não consigo.
-Não precisa conseguir tudo. -me abaixei ao lado dele na cadeira e olhei aquelas contas invocadas de algum lugar bem profundo do inferno e fechei o livro.
-Não! -disse tentando abrir o livro na página certa. -Jungkook! Eu tenho que entender isso.
-Eu tenho que entender essa cabecinha de bolinho que não come para estudar. -eu apontei para sua testa e ele fez uma careta.
-Como daqui a pouco.
-Se você desmaiar por causa disso, eu lhe dou uma surra. -me levantei e vi como ele ficou vermelho. Ah, eu não pensei nos sentidos dessa frase. Mas não seria mal. -Se você não descer em quinze minutos. Eu volto.
-Hum.-X- Jimin -X-
Enquanto a porta fechava e ele ia embora, contive um sorriso que se alargou assim que tive certeza que ele havia ido embora. Eu estava gostando de ser cuidado daquela forma, por mais que eu não estivesse fazendo aquilo de propósito, ele simplesmente estava disposto a cuidar de mim. E eu nunca negaria seus cuidados.
Quando acordamos naquela manhã e eu percebi que estávamos juntos, minha primeira impressão havia sido de surpresa, mas lá dentro eu sabia que, a primeira reação real, havia sido a de puro prazer.
Eu não sabia explicar bem aquilo.
Eu não sabia explicar nada.
Mas... eu iria descobrir.
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The Cure - Jikook
Fanfiction"Devíamos amar quem quiséssemos, não é? Pessoas são pessoas." Jimin vivia sob ordens de um pai rigoroso. Jungkook era seu meio irmão, livre para fazer suas escolhas e forçado a aceitar aquele segundo casamento da sua mãe.