O homem da noite anterior

34-Luzes

-Estamos chegando? -Ouço penny dizer no banco de trás.

-Quase.

Ontem a noite quando estava voltando pra casa vi um cartaz falando que um parque de diversões tinha aberto na cidade. Fiz um pouco de pesquisa e achei ele bem legal,então consegui comprar ingressos essa manhã pra mim,Penélope e Milena,que resolveu ir de ultima hora com a gente.

Observo Penny pelo retrovisor. Me lembro quando contei pra ela nessa manha.... Seus olhos brilharam e ela disse que nunca tinha ido em um e desde então ela não para com a ansiedade.

Dou uma risada com o pensamento,me lembrando da primeira vez que fui em um.

-Pronto,chegamos. Só vou estacionar.

Sinto ela vibrando atrás e olhando tudo que ela conseguia ver pela janela. A roda gigante,a montanha russa,o trem fantasma.

-Vamos em todos eles?-Diz quando eu paro o carro,apontando para os brinquedos.

-Sim,vamos em todos.

Saímos do carro e vamos pra bilheteria. Ainda bem que compramos o ingresso antes,porque o parque esta lotado. Finalmente entramos e Penélope enlouquece.

-Qual vamos primeira? A montanha? O bate-bate? O carrossel? -Diz sem respirar,e eu rio.

-Que tal começarmos na montanha russa menor? -Sugere Milena,que tinha se mantido quieta desde então.

-Perfeito! -Digo,e nos dirigimos pra fila.

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-Isso foi INCRÍVEL. Vamos de novo? -Diz penny se virando a tempo de pegar Milena vomitando.

Tínhamos acabado de sair do martelo,um brinquedo que dá muitas voltas de 360 graus. Eu ainda estava meia tonta mas Penélope estava viva como nunca.

Estava anoitecendo,já tínhamos ido em quase todos os brinquedos do parque,faltava poucos. Levo penny para ir no carrossel de novo e ajudo Milena a se recompor.

Observo a criança feliz no cavalinho de ferro e tento lembrar se alguma vez fui assim. Ela se animava com os brinquedos mais perigosos do mesmo jeito (ou até mais) que os brinquedos infantis.

E,nesse lugar,girando e girando,vi que ela até esqueceu de morte de seu pai. E com isso soube: ela é forte,ela vai superar.

Finalmente o carrossel para e uma animada Penélope desse de seu cavalo de ferro: ela vem correndo ate nós, rindo e batendo palmas.

-Vamos em algo mais calmo agora? Que tal a roda gigante?-Falo,me lembrando que esse foi praticamente o único que não fomos ainda.

-Claro,vou para a fila.... A próxima sessão já deve começar. -Diz penny e corre para o brinquedo.

-Você vem? -Pergunto para Milena.

-Não,muito obrigada-Responde com sarcasmo- Vão vocês,eu vou ficar aqui e me recompor.

Dou um tapinha leve em sua costas e rio,indo me juntar a penny na fila. Logo,a roda começa a parar e as pessoas a descer.

Subimos em uma cabine e quando todos na fila sobem a coisa começa a rodar.

Sinto o coração de Penny batendo forte ao meu lado e quando estamos bem no alto,ao ponto de eu só conseguir ver o parque se olhar pra baixo ela faz uma careta seguida por uma expressão séria.

-O que foi? -Pergunto a ela.

-Nada,eu só..... Estive tentando lembrar qual foi a última vez que meu pai me trouxe para um lugar assim,só para a gente se divertir. Não consigo me lembrar.

Olha para ela preocupada e ela olha pra mim,dando um sorriso leve e voltando a olhar para frente.

-Sente falta dele?

Ela da de ombros e responde sem me olhar.

-Se um dia tivesse tido algo bom ou rendido alguma coisa,o que quase nunca acontecia,eu tinha a oportunidade de ve-lo. Agora eu não vejo nada dele. Acho que estou mais triste por todas as mudanças do que pela sua morte. Digo,ele era meu pai e é claro que eu o amava,mas sinto como se ele já tivesse morto. Ele morreu no dia que resolveu se casar com aquela mulher.-Ela diz e é nesse momento que tenho certeza do que tenho que fazer.

-Hey,quer comer algodão doce quando o brinquedo parar?

Ela sorri pra mim e afirma com a cabeça, se animando de novo.

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(Na manhã seguinte)

Assim que chegamos ontem a noite Penélope tomou um banho e dormiu instantaneamente. Deixei ela em casa assistindo TV e vim pra cá, mesmo sendo sábado.

Entro na empresa e vejo James. Droga,James. Com tanta coisa acontecendo (de novo) acabei esquecendo de falar com ele.

-Oi sumida!!!-Fala ele com ironia,vindo até mim.

-James,ai meu Deus. Eu esqueci de você. OK,vamos lá em cima e eu conto tudo.

Ele faz uma careta e eu quero rir dela,mas me mantendo seria com muito esforco. Pego em sua mão e vou até o elevador e ele não resiste.

Por fim entramos no meu escritório e eu me apoio na mesa e ele me encara com os bracos cruzados no peito.

-Humm...Se lembra quando eu fiquei presa no elevador com uma garotinha? -Pergunto e ele muda a cara de bravo pra confuso.

-Lembro,mas.... O que isso tem a ver com o fato de eu não te ver em quase uma semana?

-Bem,eu encontrei essa garota de novo. O pai dela morreu e ela não tinha ninguém,então ela está morando comigo por um tempinho. -Respondo como se tivesse dito que acabei de comprar sorvete e ele aparenta mais confuso ainda.

-Que? Você é doida-Diz ele e começa a rir de mim e fazendo eu ficar confusa.

Ele vem ate mim,me prensando na mesa.

-James?-Pergunto confusa e ele sorri pra mim. Um sorriso sincero e lindo.

-Eu estava começando a ficar preocupado e estava achando que você estava brava comigo,ou terminando as coisas,mas você estava ajudando uma criancinha.... Sabe,bem quando eu esqueço do porque te amo tanto você vai e me lembra. -Ele fala e me faz rir,beijando ele em seguida.

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Dou para James minha chave e falo pra ele me esperar no meu apartamento que provavelmente eu não iria demorar. Pelo menos não agora.

Ele concorda,me dando um selinho. Eu amo como ele confia em mim e não pergunta o que eu vou fazer.

Minutos depois Vicky entra,ela está um pouco estressada e fala alguma coisa sobre não ter paciência com homens e como eles sempre deixavam a toalha molhada em cima da cama.

Eu não. Eu estou pirando. Minha respiração é rápida e eu sinto como se meu coração fosse explodir. Eu ia mesmo fazer isso?

Não sei quando a ideia surgiu em mim,só sei que surgiu. E uma vez que eu a falasse em voz alta para alguem seria verdade.

Vicky não demora para perceber meu estado. Ela muda sua cara de brava para preocupada,vindo ate mim e tocando em minha testa.

-Daise,você está bem? Está doente?

-Não e não!-Digo tirando sua mão com delicadeza da minha testa-Preciso da sua ajuda.

-Para o que? Eu não faço favores de sexo,fique sabendo.-Diz,me fazendo rir.

-Não,infelizmente não é isso.-Digo com uma voz carregada de ironia e sarcasmo.

-Porque infelizmente? Eu sou ótima na cama,tá? Mas não fique triste,se tem uma mulher que eu transaria seria você.

Eu rio de novo,relaxando um pouquinho.

-Não,é algo mais sério.

-O que Daise? Vamos,desembucha.

E,antes que me arrependesse,digo o que esteva no meu coração à um tempo.

-Eu preciso da sua ajuda. Eu quero adotar penny.