43-Desaparecida.

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James

Abro a caixinha e observo o anel dentro dela. É lindo. Me faz imaginar como ficaria no dedo dela.

Minha mãe me deu o anel dois dias trás,e eu estou pensando em como dar o anel pra ela. O que fazer com ele. Quero ter certeza que ela vai dizer sim.

O que me faz lembrar,preciso ir comprar as coisas pra surpresa. Tem que ser grande e legal. Guardo a caixa na gaveta e vou ate o mercado,compro tudo que preciso e depois de,acho que uma hora,volto para o escritório.

Algo parece estranho,não me lembro de ter deixado a caixinha aberta. Juro que guardei.

Sento na cadeira e fico encarando o anel. Realmente estranho. O guardo de novo na gaveta,e volto a fazer meu trabalho.

Após alguns minutos,ouço uma batida na porta e digo "entre",e Vicky aparece na porta.

-Oi,senhor James. Daise veio falar com você? -Ela pergunta,sorrindo com expectativas.

-Não... Por que? Deveria ter vindo? -Pergunto.

-Achei que ela estivesse aqui... -Diz,seu sorriso sumindo aos poucos.

-Porque? Tem algo errado? -Digo,começando a me preocupar.

-Não,é só que... Ela veio falar com vc,e não vi ela no almoço,ela também não está no escritório e não atende o telefone. Achei que poderia estar com você.

Me levanto. Pego meu celular e tento ligar para ela,mas cai na caixa postal. Tento de novo mas da no mesmo.

-Tenta Milena.-Digo para ela. Ela afirma e liga para a mesma,então olha pra mim e nega com a cabeça.

Encaro o anel. Talvez.... Ela tenha vindo falar comigo e achado o anel. Isso explicaria porque a caixinha estava aberta.

-Vamos dar um tempo,se ela não aparecer até amanhã a gente começa a se preocupar,tá? -Digo,mas eu mesmo não acredito nas minhas palavras.

Ela afirma e sai,me deixando sozinho com meus pensamentos e duvidas.

Um dias depois:

-Eu gostaria de reportar um desaparecimento. -Digo,com a voz tremula.

Dou todas as informações e desligo,apos eles me derem a promessa de que fariam o possível para encontra-la e de que provavelmente ela só estava tentando dar um susto em nós.

Milena anda de um lado para o outro. Ela esta nervosa desde que apareci hoje de manha pra perguntar se ela não estava aqui.

-Tenta de novo seu celular-Diz,finalmente sentando no sofá. Vicky também está aqui,tentando descobrir o que podia pelo computador.

-Esta dando caixa postal. Ela avisa que vai sair ate quando vai a esquina.

Estou tentando não pirar. Não perder a cabeça. Sera que ela fugiu por causa do pedido de casamento? Ela faria isso? Não. Ela não faria isso.

Mil coisas passam pela minha cabeça. Coisas que podem ter acontecido com ela. Acidentes. Ela pode estar morta agora mesmo em uma cama de hospital.

Não. Não,não. Isso não aconteceu,ela vai ficar bem. Ela precisa ficar. Por mim. Como vou sobreviver sem ela?

O meu celular toca um numero desconhecido aparece e atendo sem hesitar.

-Alô-Digo,um tempo se passa antes da pessoa responder.

-Alô, é o James? -Pergunta,acho que conheço essa voz em algum lugar.

-Sim,sou eu. Quem fala?

-Oi,sou Henry. Lembra de mim?

Minha voz some e eu olho espantado para Milena,que faz sinal de o que com as mãos. Continuo calado,sem saber o que falar,ou como reagir. Ele está solto? O que eu perdi?

-Bem,acho que lembra,por todo esse silencio. Acho que tenho algo aqui que te interessa.

-O que? Do que você esta falando? -Pergunto desesperado. Ele ta falando do que eu to pensando?

-Você sabe do que eu estou falando. Daise. Ela esta aqui comigo.

Não sei o que falar ou reagir. Ela não esta bem. Tiro o celular da minha orelha e tampo o microfone,me virando para as meninas:

-Ligue para a policia,agora. Precisamos rastrear uma chamada.

Coloco o celular de volta com minhas mãos trêmulas.

-O que você quer por ela? Dinheiro? Eu posso dar. -Digo,sem nem pensar. Um instante se passa antes da resposta.

-Dinheiro? Não. Você entendeu tudo errado. Vi que estava procurando por ela e resolvi que isso precisava de um ponto final. Ela esta comigo,não ao contrário. Por pura e boa vontade.

Hã? Ele está falando que ela foi falar com ele? Que ela esta com ele? As vezes sinto que meus ouvidos não estão funcionando direito. Não acredito nele.

-Se ela esta ai por livre vontade,me deixa falar com ela. -Digo,espero,mas não ganho resposta.

Se passa um tempo então ouço outra voz na linha. A voz dela.

-Oi. Estou bem. Eu tive que vir,desculpa,não tive opção. Desculpa,descul... -A linha fica muda enquanto tento ouvir,mas ele volta na linha-Viu? ela está bem. Agora para de procurar,não tem nada pra achar.

A linha fica muda e eu sento no sofá pra não cair. Milena e Vicky me olham desesperadas me perguntando o que aconteceu.

-Era Henry. Ele disse que ela foi até ele,e ela disse que estava bem. -Digo,elas sentam no sofá na minha frente,tão pensativas como eu.

-Era mentira. Eu a conheço,ela não faria isso. -Diz Milena,se levantando e olhando de um lado para outro.

Mas sera? Mesmo com o anel? Pego o mesmo que estava no meu bolso e o encaro,tentando imaginar se Daise seria capaz disso. De me deixar assim.

Entrego o anel para Milena que me olha sem entender,seguindo por uma cara de quem entendeu,e eu confirmo com a cabeça.

Viro o olhar para o chão, e memórias de tudo que a gente passou vem a minha mente. Quando a vi pela primeira vez,com tédio naquela balada,ela parecia a coisa mais linda que já conheci.

Quando descobri que ela ia trabalhar pra mim e que não tinha sido a última vez que a vi,fiquei tão aliviado e surpreso. Na nossa primeira vez,quando ela desistiu de tentar lutar pelo o que sentia por mim e se entregar a esse sentimento.

Quando finalmente percebi que a amava,na praia,quando ela me contou que não podia ter filhos e eu vi que não me importava,porque sabia que não poderia viver sem ela.

Quando conheci Penélope e Daise me contou depois que queria adota-la,e como eu soube imediatamente que eu queria isso também.

Quando minha mãe me mandou o anel e eu soube na hora que eu queria pedir ela em casamento. Porque eu preciso dela,mais do que já notei.

Ouço batidas na porta e Vicky abre,e vejo a polícia lá. Milena aparece na minha frente e me estende a mão.

-Vamos? -Diz,eu olho para ela confusa.

-Para onde?

-Encontrar Daise.

Seguro a mão dela.

O homem da noite anteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora