42-Falso

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Abro meus olhos sentindo a forte luz do sol sobre meu rosto. Argh.

-James,fecha isso que eu quero dormir. -Digo,colocando o edredom em cima do meu rosto.

Escuto sua risada do outro lado do quarto,provavelmente se trocando.

-Acorda,querida. Já são 9:50. Temos que ir pro trabalho. -Ele diz em uma voz doce e eu bufo.

Ele vem ate mim e tira o edredom do meu rosto,beijando minha testa. Mas tem algo errado...

-Ei,espera.... Hoje não é sábado? -Pergunto,nada fazendo muito sentido na minha cabeça.

-É? -Ele vai ate o calendário no corredor e volta,tirando o paletó que ele estava usando-E não é que é? Pode dormir se quiser.

Ele se joga na cama ao meu lado,uma cama gigante de casal que não me lembro de ter comprado. Fecho meus olhos e estou quase dormindo quando alguém abre nossa porta e sobe em cima da cama,pulando nela.

Droga,esqueci a pequena humana.

-Penny,não pula na cama.-Diga,finalmente tirando o edredom de cima de mim e desistindo de dormir.

Ela ri de mim e deita entre a gente.

-Hoje é sábado. Sabe o que isso significa? -Diz,e James começa a fazer cosquinha nela,e ela ri pedindo pra ele parar.

-Não,o que isso significa?-Digo me fazendo de doida. Ela me olha como se eu falasse serio e eu rio,subindo em cima dela e a prendendo.

-É claro que eu sei. Hoje é dia de caça, você vai matar seu primeiro animal.  O que você quer que seja? -Pergunto,saindo de cima dela e indo separar a roupa pra trilha.

Paro. Algo parece estranho. Porque eu vou levar minha filha de 8 anos pra caçar? As coisa não estão fazendo muito sentido hoje.

Pisco os olhos e estamos no carro,minha roupa de trilha já posta,penny remexendo nas coisas para mata.

-Porque esta está levando outra blusa mamãe? -Ela fala no banco de trás,e eu vejo que estou com duas blusas de frio. Dois moletons.

Olho para a janela e o sol esta brilhando. Porque eu estou com duas blusas em um dia como esse?

Solto o volante e olho para trás. Penélope estava agora segurando minha espingarda e tentando destrava-la. Arregalo meu olhos.

-Porque pegou isso? Me dá aqui. -Pego de sua mão e ponho no banco da frente,voltando a dirigir.

Então estou na floresta,a arma que antes estava no banco está na minhas mãos.

-Devemos ficar em silencio. Ele está vindo. -Digo,e nós dias ficamos quietas.

Um tempo passa e ouço passos. Ouço vozes. Folhas. Entrego a arma pra Penny e mostro o jeito de segurar,como acho que já tinha mostrado pra ela antes.

Ela põe a arma na posição e me olha,eu afirmo com a cabeça, indicando que está tudo certo.

Então algo aparece correndo na nossa frente,ela atira e tudo desaparece. Não só a coisa que corria como nós também.

Chuva,eu vestindo preto. Olho envolta e muitos choram,Penny segura minha mão. Ela usa um lindo vestido e parece uma fada. Acho que tem gente demais aqui.

Olho a minha frente,para o caixão,abro espaço e caminho até ele. Lagrimas instantaneamente vem ao meus olhos e eu ponho a mão no rosto.

James está ali.

Com um lindo terno branco,seu rosto agora frio e um pouco azul. A marca onde a bala passou está escondida pelas flores vermelhas.

Ai meu Deus. James morreu? Olho para trás, procurando explicação com Penny,mas ela não se encontra lá.

Abro caminho entre as pessoas e ando pelos túmulos. Algo parece muito errado.

Por fim,a acho. Ela está sentada na terra,as mãos cobrindo o rosto. Me agacho ao seu lado e ponho a mão no seu ombro. Ela passa os braços pela minha cintura e me abraça, colocando o rosto no meu peito.

-Eu... Eu o matei. -Ela diz,e eu fico parada.

Como assim ela o matou? Como assim James morreu? Isso não parece certo. Não me lembro de ter conseguido adota-la. Ou de ter me casado. Acho que me lembraria de ter casado.

Olho ao redor,tudo parece meio sem foco,como uma fotografia.

O que está acontecendo?

Olho para o enterro e não há mais ninguém lá. Olho pra frente e Penélope desapareceu. Me levanto,e vou até o caixão  onde antes tinha um monte de gente que nunca me lembro de ter visto na vida.

Tento ver o corpo,mas James não está ali.

Eu estou.

Olho para a pedra e vejo o nome:

Daise: 1992-1998
Descanse em paz.

Não. Não,não. Isso não esta acontecendo. Literalmente.

Tudo começa a sumir e eu acordo.

Dessa vez,não há luz. Não abro meu olhos,fico quieta.

Estou deitada,em uma cama não muito boa. Sinto algo envolta do meu pulso direito,algo frio. Na verdade,tudo aqui é frio. Sinto também algo prendendo minha boca,provavelmente uma fita adesiva me impedindo de falar.

Não me mexo porque começo a ouvir vozes baixa,provavelmente discutindo na porta.

"Mas ele disse especificamente que..." Diz um deles,provavelmente homem por causa da voz grossa.

"Não me importo com o que ele disse. Você viu ela?" Outro pergunto,também homem.

Arrisco abrir meus olhos,mas não resolve,não tem muito o que ver.

Um quarto minusculo com uma horrível iluminação. No canto esquerdo há uma pequena janela meia fechada,e a pouca luz que existe no ambiente vem dali. Na minha frente tem uma porta de madeira,consigo ver a sombra dos pés dos homens pela frecha entre a porta e a parede.

Tento mexer minha mão e sinto a algema nela,presa no chão,o movimento causa um barulho alto.. De repente a porta se abre e eu fecho meus olhos,fingindo que estava dormindo.

"Eu disse que não foi nada"-Um deles diz,vamos chamar de idiota 1.

" Juro que ouvi algo,tem certeza que ela não acordou?"Diz idiota 2.

"Sim...... Olha isso..." Diz idiota 1.

Sinto uma mão no meu ombro,e ele começa a descer,indo até minha mão e voltando. Então começa a descer mais,pro meu peito,e eu abro meus olhos,dando tapas mais forte que consigo com a mão livre.

-Olha quem acordou-Diz o idiota 1.

Ele é alto e feio,com uma barba mal feita. Idiota 2 vai mais pra trás,parece que me evitando,mas o 1 não se afasta,ao contrário,sobe em cima de mim.

Tento reclamar,mas não consigo falar nada,só resmungos saem da minha boca,por causa da fita. Ele prende minha mão livre com outra algema que tinha presa no chão,então faço o que consigo.

Ele sobe a mão até meus peitos e eu começo a chuta-lo,o impedindo de qualquer coisa. Ele começa a ficar bravo e pega minhas pernas,e ele é muito mais forte do que eu. Ele prende as minhas pernas no chão, ficando entre elas.

Olho para idiota 2 e peço ajuda com os olhos. Ele parece que não quer isso,mas não faz nada pra impedir.

Idiota 1 rasga a blusa de frio que eu usava por cima,e ia rasgar a outra quando a porta abre bruscamente.

Me sinto aliviada quando vejo idiota 1 saindo de cima de mim,e consigo por fim me acalmar um pouco,respiro o máximo que consigo com esse negócio na minha boca.

Olho para a porta e quem quer que seja que abrio a porta puxou o 1 e me deixou com o 2,que ainda me olha com o olhar de pena.

Fico parada e quieta,e após alguns minutos a porta se abre de novo.

E Henry passa por ela,me encara,e sorri:

-Olá docinho.

O homem da noite anteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora