44-Sozinha

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Passa alguns segundos até eu me lembrar onde estou. Provavelmente os melhores segundos do dia. Sinto todo meu corpo doendo ao abrir ao olhos. Esse colchão que estou dormindo é horrível.

Bebo a água que tem em uma garrafa do  meu lado com minha mão livre,estava tão quente que me deu vontade de cuspir.

Fazem três dias desde que Henry veio aqui. Acho que a pior parte de tudo isso é o tédio e a curiosidade.

Fhashback on

-O que esta fazendo aqui? Você tinha sido preso?-Pergunto,tentando arrumar minha roupa e ir mais para trás.

Ele vem mais pra frente e agacha pra ficar do mesmo tamanho que eu. Faz um sinal mandando o outro cara que ainda estava aqui ir embora,que vai sem hesitar.

-Você realmente achou que ia conseguir se livrar de mim tão facilmente? Não é assim que funciona,docinho.-Diz ele,me livrando de uma das algemas.

Contínuo em silencio,olhando para o chão,ele vendo que eu não respondi,continua:

-Bem,foi simples na verdade. Eu nem cheguei a ser preso,tinha gente me vigiando,quando eu fui levado eles pararam a van e me tiraram de lá,depois colocaram alguem parecido comigo,ninguém nem percebeu.

Continuo calada,até começar a pensar na situação que eu me encontro.

-O que vai fazer comigo? -Pergunto,minha mão começa a tremer,junto com o meu corpo que estava começando a se acalmar.

-Quando contei aos outros o que aconteceu... Eles não estão felizes com você,ok? Eu não queria te machucar,pelo menos não antes,mas não sei se tenho muita escolha agora. Não posso te deixar presa por muito tempo,ira chamar muita atenção. E ainda não sei se quero te matar. Seria muito desperdício.

Matar? Ate agora isso não tinha passado na minha cabeça. Não posso morrer ainda,tenho muita coisa pra fazer,muitos lugares pra conhecer.

Eu não dei uma resposta para James. Ele deve estar pensando tanta coisa.

De repente um toque de celular interrompe meus pensamentos,e Arregalo os olhos a perceber que é o meu.

Henry pega meu celular do seu bolso e olha para a tela,virando pra mim e falando com uma voz que eu não ousaria desafiar.

-Você não vai falar nada além do que eu te mandar. E sabe porque? Por que haverá severas consequências se não me obedecer. Não só para você.... Você não é a única que está na minha mira.

Continua quieta,o encarando de volta. O celular para de tocar,e eu respiro meia aliviada.

-Concorda comigo? Ou vai tentar alguma gracinha?-Ele não desvia o olhar e eu faço o mesmo.

Ele está falando de James né? Ou seria Milena? Se ele tivesse ameaçando apenas a mim... Mas não conseguiria por em risco a vida das pessoas que amo por algo que é culpa minha.

Desistindo do meu orgulho,aceno a cabeca que sim. Ele sorri e dá uns tapinhas em minha cabeça, então começa a discar um número. Ouço a voz de alguem atendendo.

-Alô,é o James?

.......

A ligação termina e eu pensou no que ele me obrigou a falar. Isso significa que provavelmente James irá parar de me procurar, já que achou que eu fui embora.

Enquanto ele falava com ele eu queria gritar,dizer que era mentira,pedir pra ele vir me pegar,mas fiquei quieta ao invés. Não correria o risco de por minha familia em risco.

Ele finalmente desligou o telefone e olhou para mim,acho que pensando no que fazer.

-Você está com fome? Vou pedir pra alguem lhe trazer algo,enquanto decido o que eu vou fazer com você.

-Não seria mais fácil simplesmente me matar? -As palavras saem da minha boca antes que eu possa parar. Seus olhos parecem bravos,pra minha surpresa.

Ele não diz nada,apenas sai.

Flashback off

Continuo olhando para a escura parede. Adoraria saber que horas é. A porta se abre e sei que não é comida,por que faz menos de dez minutos desde que me trouxeram um prato com macarrão e suco.

Uma mulher que devia ter una quarenta anos e baixa vem até mim e destranca minha algema.

-Me siga.-Ouço sair baixinho da boca dela.

Será que essa seria minha única oportunidade de fugir? Ou será que ela vai me levar para o lugar onde irei morrer? Eu preciso tentar fugir daqui.

Fico em pé e quase caio. Foi estranho ficar em pé. Ela parece agitada e fica um pouco brava quando vê que eu não estou indo.

Começo a andar lentamente atrás dela,passamos por um corredor estreito,algumas portas e mais corredores.

Eu poderia correr agora,mas sei que eu cairia e essa mulher poderia facilmente me derrubar e também esse lugar parece um labirinto,é mais fácil eu estar entrando mais do que saindo.

Por fim chegamos em um corredor com apenas uma porta,preta,na qual ela bate e me coloca na frente dela.

Henry abre a porta e sorri ao me ver.

-Oi. Faz tempo que não te vejo,docinho,entre,entre.-Ele diz,se afastando da porta,me dando vista para um quarto. A moça que veio comigo já tinha ido embora.

O quarto é bem diferente,parece aqueles de hotéis de luxo. Uma cama enorme,paredes pintadas de branco,uma televisão e duas portas. Em cima da cama tinha uma calça preta,uma blusa branca e uma sandália.

Exito em entrar,mas ele me da um empurrãozinho e acabo entrando.

-Tome um banho e se arrume,coloque as roupas que estão em cima da cama. Pode deixar essas roupas no banheiro. Daqui à vinte minutos vão vir te buscar e a gente vai dar uma volta pelo jardim,ok?

Fico o encarando por um tempo,mas não sei mais o que fazer então concordo. Ele sai,fechando a porta em seguida,e eu ouço ela sendo trancada.

Não queria obdece-lo,mas eu realmente queria tomar um banho e colocar uma roupa limpa. Entro no banheiro e procuro por alguma câmera,não acho então apenas ligo a banheira.

Tiro a roupa e entro na água quente. Estava sentindo muita falta de um banho. Ficar sozinha e sem nada pra fazer por mais de três dias é totalmente cansativo. Não saber as horas,ou onde está, ou se tem alguém procurando por você é agoniante.

Assim que termino o banho,devo ter ficado na água por uns quinze minutos,me seco e coloco as roupas que  estavam em cima da cama.

Me deito na cama e me sinto relaxada como nunca. Tinha maquiagem no banheiro,mas eu nunca passaria maquiagem pra ele.

Será que ele vai me liberar? Será que ele vai me matar agora? Estou me arrumando para minha morte?

Ouço baterem na porta e sem ter o que fazer e suspirando,me levanto e digo que pode entrar. Era a mesma mulher que me trouxe aqui,sem dizer nada ela faz um aceno para segui-la.

Após corredores,escadas e uma linda sala de estar enorme com uma lareira,ela me tira pelo que parece ser a porta dos fundos.

Seguro minha respiração. Lá se vão meus planos de fugir.

Por uma janela,consigo ver o que tem ao nosso redor. Absolutamente nada.

Eu conseguiria sair daqui viva?

O homem da noite anteriorOnde histórias criam vida. Descubra agora