— Parece que seu primo não pensa! Deus me perdoe, mas o Felipe é maluco!
Mas é verdade. Já que ele quer ser de Deus, precisa ter mais equilíbrio. Não que eu seja cem por cento equilibrada, mas sou bem mais que ele.
— Ah, obreira, ele é maluco, mas assim que é bom — diz Bruno, primo do Felipe, cheio de movimentos nas mãos. — Assim ele ganha os malucos.
Até faz sentido o que ele diz, mas ainda acho que o que eu penso está mais correto.
Chegam mais jovens. Vamos evangelizar para o Conexão hoje. Precisamos. Todo sábado é a mesma coisa: dez ou onze, no máximo, no máximo quinze jovens quando tem algo diferente; e cansei disso. É uma vergonha. Há dois anos estou à frente do trabalho da FJ aqui em Marazul, e neste tempo todo o grupo oscilou entre dez e vinte jovens. Às vezes chego a pensar se esse realmente é o lugar onde Deus me quer servindo. Duas vezes já trocou de pastor, e cada um que vem parece colocar mais cal ainda no meu trabalho.
Apesar de tudo, não vou desistir. Essas almas, por mais que sejam poucas, não vão se perder no que depender de mim. Vamos para cima!
Na praça em frente à marina ficamos até as duas horas distribuindo panfletos e convidando os jovens para o Conexão, às quatro. A rejeição da maioria não me impede de continuar, diferente dos jovens mais novos. O Bruninho, por exemplo, depois da uma e meia, nem falou mais, só entregava o convite. Os outros nem convite entregavam.
Nessas horas o Felipe faz falta com aquele seu jeito maluco. E a Valéria, então? Ela enchia a reunião sozinha. Ah, que saudade dela. Um dia ela vai voltar, e seremos nós duas outra vez sacudindo esse grupo!
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Quantas dúvidas
Ficción GeneralOs primos Felipe e Bruno tentam vencer os próprios defeitos ao lado de Bia, a obreira perfeita que abre mão da própria felicidade para ajudar os outros, apontando seus defeitos. Seus velhos amigos Meck e Valéria pensam estar bem, mas com as dificuld...