— Que virose é essa que não passa? Tá amarrado! Quando não é uma coisa é outra. Isso significa uma coisa: Vai ar-re-ben-tar!
Karla me olha com desprezo depois dessa palavra enquanto termina de passar os medicamentos no leitor de códigos. Ô, mulher besta.
— Quanto deu mesmo?
Ela olha para os lados. Somos apenas nós na farmácia. Uma das portas está fechada, pois passou das seis horas.
— Não é nada — Karla diz enquanto tira o jaleco com movimentos suaves.
— Fala aí, quanto é.
— É sério, Felipe. Pode deixar que eu pago. O Paulinho precisa disso urgente, e sei que você vai deixar pendurado, né?
— Não vou ficar devendo pra ninguém. Vê logo o preço aí, cara. Não sou mais assim. Vou pagar!
— Quero ver como está o menino. Eu posso ajudar. Me leva pra sua casa.
— Que? Para com isso, Karla.
Ela anda para o lado que eu saio sempre, o caminho para casa. Não quero criar confusão, pois isso deixaria meu filho triste comigo. Então apenas sigo Karla até a esquina e a guio daqui para frente até minha casa. A mulher não para de falar.
— ...Ela é muito trouxa, não sabe decidir o que é bom, fica só perdendo tempo. Na verdade ela nem sabe o que quer. Às vezes consigo levá-la comigo pra curtir um pouco, mas da última vez ela foi embora no meio da festa.
— Quer saber? Falta Deus. Duvido que ela continua assim cheia de dúvidas se voltar pra Força Jovem.
— Esse negócio de igreja? Ninguém curte isso, só os coitadinhos dos pobres e que não conseguem pegar ninguém. Pra gente normal é só uma perda de tempo.
Esse papo não está indo bem.
— Olha, Karla, se você quiser me ajudar, eu aceito, mas não fala mais isso, beleza? Você tá me desrespeitando na minha cara, e eu não aceito isso.
Meu sangue começa a esquentar, mas respiro fundo e lembro da minha promessa. A amizade do Paulinho é mais importante que meu orgulho.
Em casa ela e Paulinho se entendem até demais. Karla e Bia são mulheres capazes de fazer o Paulinho sorrir. Meu garoto já é sucesso com a mulherada desde pequeno!
As horas passam e o sol se põe.
— Já tá muito tarde. É bom você ir, senão pega mal.
— Tudo bem, Felipe. Obrigada por me deixar brincar com o esse lindinho.
Vá logo! Preciso correr para chegar na Terapia a tempo!
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Quantas dúvidas
Fiksi UmumOs primos Felipe e Bruno tentam vencer os próprios defeitos ao lado de Bia, a obreira perfeita que abre mão da própria felicidade para ajudar os outros, apontando seus defeitos. Seus velhos amigos Meck e Valéria pensam estar bem, mas com as dificuld...