Quantas dúvidas

33 - Bruno

Foi tudo muito top anteontem no Conexão! Teatro arrebentou, tanto que os dois jovens novos que vieram na minha tribo saíram comentando e rindo da peça bem-humorada. Meck está se superando, e Thalia parece atriz profissional, no mesmo nível da Duda. Nossa! O Cultura aqui de Marazul está ficando melhor a cada dia. Tá ligado! Zebulom arrebenta.

Chega o horário de almoço e percebo que minha irmã não vai ajudar em nada na cozinha. Ela ficou assistindo televisão a manhã toda, e se deixar fica o dia todo durante as férias escolares. Ainda bem que eu não gosto de desenhos, pois seria difícil fazer o jejum de vinte e um dias com a televisão ligada neles todo dia, o dia todo.

Arrisco-me à beira do fogão, já que não tem ninguém para preparar o almoço. Minha mãe foi hoje de novo ao laboratório para ver como está progredindo seu tratamento com o novo remédio. Não aceito isso! Ela vai ser curada, em nome de Jesus.

E aqui em casa hoje será macarrão instantâneo de almoço.

— Miojo, Bruno? Não sabe fazer um arroz?

— E você sabe?

— Claro que sei.

— Por que não faz então?

— É pra você fazer!

Só Deus para me dar paciência. Essa menina é mais chata que a Tonya, irmã do Chris. Só a mãe para suportá-la. Como quando ela quebrou quase todos os copos de casa ao tentar fazer com eles uma torre, e depois convenceu a mãe de que eu os havia quebrado ao deixá-los escorregarem do secador enquanto lavava a louça.

O almoço não sai lá essas coisas, mas ela pelo menos não vai passar fome enquanto a mãe está fora. Ela deve gostar do macarrão instantâneo, pois come com um sorriso de aprovação. Chega a ser estranho ver minha irmã contente por algo que eu fiz. Todas as meninas têm minha amizade com tanta facilidade, mas ela é a mais difícil de todas. Fico até me sentindo esperançoso quando a vejo assim.

Apesar do sentimento bom, penso se minha mãe estará bem no feriado. Se não terei que cancelar a viagem para a chácara com os jovens. Nem tem como saber antecipadamente, pois se desse eu nem pagaria minha parte.

Mas eu determino que ela estará bem, curada até lá. Tá ligado!

— Para de ficar boiando aí, Bruno, e traz água gelada pra mim.

Demorou para descer o espírito de Tonya nela!