24 - Valéria

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Karla está se arrumando para sair, como toda sexta-feira, enquanto converso com minha irmã por telefone. Fico um pouco pensativa, pois faz tempo que não falo com aquela falsiane que inventa de tudo para tirar o Elton de mim.

— Val, eu vi o Elton dando uma apertada numa loirinha ontem a noite! Sério! Na frente da farmácia.

Sabia. Essa linguaruda só quer o Elton para si e fica inventando essas mentiras.

— Impossível! O Elton me ama e não faria uma coisa dessas.

— Acorda, Val! Só você não vê o mau-caráter que é esse cara.

Tento argumentar com a linguaruda, mas está difícil manter a razão quando meus argumentos acabam. Elton não me liga há dias, nem manda o dinheiro devido para meus exames.

— ...não sabe nem escolher homem. Val, você é burra, você não presta mesmo!

Meu sangue começa a ferver, e para não explodir tudo, jogo o telefone na base. Karla sai do banheiro ainda soltando vapor e olha com pena para o aparelho de telefone surrado de tantas vezes que repeti o ato.

— Era sua irmã? — Karla pergunta com voz suave.

Respiro fundo e fico quieta por alguns momentos.

— Por que ninguém acredita que o Elton é uma boa pessoa?

— Será que é porque ele não é? Val, abandona ele.

— Só liguei pra ver se aquela linguaruda daria pelo menos um apoio, mas mal falei do problema, ela já começou a nos atacar. Elton não tem nada a ver com isso.

Falho comigo mesma e deixo escapar algo dos olhos. Que porcaria! Odeio ser fraca.

— Amiga, não importa o que sua irmã pense, nem toda sua família, nem o mala do Elton, eu estarei sempre aqui.

Outra vez recebo o carinho do abraço de minha melhor amiga com alegria. Talvez seja por causa da gravidez, mas ultimamente estou sentindo mais carência por esse tipo de afeto. Pode ser esse o motivo pelo qual também mantenho tanto sentimento pelo Elton, mesmo ele tendo me usado. Sei que não é a intenção dele, apenas foi um descuido e ele ainda não estava pronto para assumir a responsabilidade. O que me faz pensar que ele estará pronto algum dia? Ele não demonstra nenhum crescimento. Apenas eu mantenho a esperança devido ao amor que sinto por ele.

Mas que amor é esse que me faz sofrer tanto mal?

Quantas dúvidasOnde histórias criam vida. Descubra agora