— E aí, Meck, não vai faltar nessa quinta, certo? Ou você desistiu do sonho de casar?
Por que a obreira se importa tanto se eu desisti ou não?
— Não desisti, obreira, eu virei quinta, sim — respondo sem entusiasmo. — Ainda mais porque vale ponto!
Ela me olha torto mas sorrindo. Como se estivesse escondendo algo de mim.
De novo essa pergunta? Talvez seja por eu estar ainda desempregado. Sim, esqueci que a obreira adivinha as coisas que sentimos. Nunca disse que perdi o emprego, pois não acho que os outros precisem saber disso. Mas com certeza ela percebeu que estou com dificuldade nessa área. Ela deve saber que um homem sem dinheiro não se sente homem o bastante; e a autoconfiança é primordial para um relacionamento dar certo.
Deixo de lado esse assunto para focar no presente: vamos evangelizar. Precisamos virar o jogo. Naftali tem que ganhar o rally pelo menos uma vez na vida! Se bem que só tem eu de Naftali aqui...
*
Metade dos jornais que eu levei entreguei para meus amigos. Não dei conta de evangelizar tanto quanto eles, mas, pelo menos, me entendem, e com a sede que têm de almas (sede que ainda não tenho tanta, mas estou buscando), não demoramos para acabar com todos os jornais.
Antes de irmos embora (menos a obreira Bia, que ficará para a reunião de líderes, e sua amiga, obreira Mokado), as meninas conversam com muito entusiasmo sobre seus preparativos para o casamento da obreira Lana. Já que estou ainda no círculo com elas, comento minha opinião sobre a ideia de uma delas de ir de cabelo em coque.
— Deixa solto mesmo, Lyvia. E você ainda vai ficar à frente dos outros, no teclado, né?
Elas olham para mim com censura. Tudo bem, que autoridade tenho para falar de penteados femininos? A mesma de falar de moda.
— É, amiga, deixa solto — diz Kawane, e ela falando consegue aprovação de Lyvia.
Falam por um tempão, até a obreira Bia chegar no círculo e ficar por algum tempo antes de nos despedirmos.
— E olha, pessoal, depois desse casamento, já vamos nos preparar para o próximo! Tá ligado? — a obreira diz com os olhos estranhamente fixados em mim.
Pare, obreira. Foi difícil tirar a senhora da cabeça, e agora que tenho um objetivo alcançável, não vou recuar. Perdeu.
Ou será que ela, como excelente observadora, sabe o que sinto pela Thalia?
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Quantas dúvidas
Genel KurguOs primos Felipe e Bruno tentam vencer os próprios defeitos ao lado de Bia, a obreira perfeita que abre mão da própria felicidade para ajudar os outros, apontando seus defeitos. Seus velhos amigos Meck e Valéria pensam estar bem, mas com as dificuld...