Graças a Deus tenho me sentido mais forte nos últimos dias. Nem fiquei nervoso ao me apresentar no teatro diante de tantos jovens. Muitos aqui da região até confirmaram presença no próximo Conexão. Nosso FJ vai crescer como nunca, e Naftali vai vencer o rally, para glória de Deus!
Hoje é o ensaio de uma nova peça. Desta vez farei papel masculino mesmo! Hoje, que estou mais confiante, aparece uma pessoa que, se fosse semana passada, me enfraqueceria.
— Thalia! — grita a obreira Bia quando corre até a porta para abraçar a bela jovem.
Elas conversam um pouco, mas só as vejo como sombras na frente do sol descendo no horizonte. Sento para esperá-las para o ensaio. A obreira passa por mim a passos largos até a cozinha da igreja. Sinto a presença de alguém perto, e a sombra que passa do meu lado confirma.
— Oi, Meck.
Não posso fugir de novo. Sou homem! Encarar um desafio é o que nos torna mais fortes.
— Oi, Thalia. Firme?
— Com certeza — ela responde e baixa a cabeça. Sua mão na poltrona do meu lado pede licença para sentar, mas em vez de chamá-la a tomar assento, me coloco em pé.
— Thalia, você me perdoa? Eu não...
— Meck, não precisa falar nada.
— Preciso sim. Eu... eu quero orar com você. Acontece que eu não tenho uma boa condição ainda. Eu realmente gosto de você, Thalia, por isso não sabia se dizia sim ou não; eu queria ter o melhor pra te oferecer, mas estou liso, sabe? Tô passando por bastante dificuldade na vida financeira. E você não merece sofrer comigo.
Thalia me encara em silêncio. Devo ter me aberto demais. Ela não precisava ter ouvido tudo isso.
— Meck, eu também gosto de você. Eu sei que você está passando por lutas; eu também estou. Mas, juntos, podemos enfrentar nossas lutas e vencê-las. Como um cordão de três dobras é mais forte que um simples.
Um cordão de três dobras. Thalia não faltou sequer numa Terapia. Ela estava mesmo melhor que eu espiritualmente.
— Então... é um sim? — pergunto, incrédulo.
— Vamos falar com o pastor primeiro? — ela diz com um sorriso brincalhão. Mas levo a sério.
— Agora mesmo!
O pastor Carlos nem sai do escritório direito. Ao ver nós dois na porta, somente põe as mãos sobre nossas cabeças e nos abençoa.
— Nem falamos nada.
— Já sei — ele diz e olha para os fundos. Mesmo de óculos, minha vista continua embaçada pela emoção, não vejo direito, mas parece que o pastor dá uma piscada para a obreira Bia, lá no fundo do salão.
A pior parte: Thalia me dá um abraço. Ela fica meio pendurada, pois é mais baixa que eu. Sem saber como reagir, fico com braços estáticos do meu lado.
— Ah, desculpa, é que não sei abraçar... he-he!
— Eu te ensino.
Um grito nos assusta! Felipe e Bruno chegam para o ensaio.
— AÔO! Terapia tá dando resultado, hein?! Arrasa, Meck, Thalia! Vai arrebentar!
Meu celular toca. Recebo uma mensagem do meu antigo patrão me chamando para conversar. Isso só pode significar uma coisa: meu emprego de volta.
É a melhor semana da minha vida! Na mesma semana tive um reencontro com Deus e encontrei minha companheira, além de, com certeza, reaver meu emprego. Minha cruz está quase formada! Apesar disso, nessa próxima campanha de sacrifício, meu pedido não será para conquistar algo novo (embora eu precise muito crescer financeiramente), e sim manter o mais importante: a nossa salvação.
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Quantas dúvidas
Fiction généraleOs primos Felipe e Bruno tentam vencer os próprios defeitos ao lado de Bia, a obreira perfeita que abre mão da própria felicidade para ajudar os outros, apontando seus defeitos. Seus velhos amigos Meck e Valéria pensam estar bem, mas com as dificuld...