Capítulo 13

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Brandon havia sumido como a névoa da manhã. Por dias e semanas a fio não comunicara Miriam. Os bilhetes, estes enviados através de suas amigas que faziam papel de cupido, cessaram por completo. Mas o que fazia Miriam encher-se de preocupação, era o fato de sua sonolência e fatiga repentina crescer, a protuberância elevada na barriga, os frequentes enjoos e náuseas pertinentes sempre que comia ou bebia algo.

Certa vez, quando o sol estava a pino no céu, Miriam acordou por volta do meio-dia, pálida e indisposta. Com nada em seu estômago, correra para fora da casa, onde acabara por vomitar ao lado da horta de repolhos. Fora amparada por Vennia, que no momento, estava vindo de mais um de suas vendas de crisântemos.

Carregou a irmã para dentro de casa, aqueceu a água na chaleira, pôs um pouco de pó na xícara e ofereceu-a à Miriam, cuja face agora estava com um tom quase esverdeado.

— Onde está a vovó?

— Foi na casa da Sra. Julian, para conversar e tomar chá. — observou a mistura amarelada na xícara. — O que é isto?

— É fel-da-terra. Um medicamento para a sua dor de estômago.

— Tire isto da minha frente, Venni. — recusou a xícara.

— Deixe de manha e beba isto.

— Não posso. Me fará mal. Muito mal.

— Como te fará mal, minha irmã? Está vomitando sempre, ou pensa que eu não notei? Quando eu era criança, sempre adoecia e vomitava muito. Vovó fazia fel-da-terra e eu curava-me em um instante.

— Não estou com dores de estômago — Miriam trincou os dentes. — E desejaria muito que parasse de me incomodar.

Vennia ficou alerta. Repousou a xícara na mesa.

— Se não está doente, então, o que você tem?

A indisposição, os enjoos, a sonolência... Vennia pôs a mão na testa.

— Miriam, diga-me, o que você tem.

— Não posso, Venni, não posso lhe dizer. Vais me julgar pelo resto de minha vida — Miriam debulhava-se em lágrimas.

— Miriam, pelo amor de Deus, não me diga que... Brandon e você...

— Morrerei mil vezes se ele deixar-me. Morrerei mil vezes se meu coração for quebrado. Mas devo revelar meu segredo, já não o suporto.

─ Miriam, quero que me diga exatamente o que você fez! — Vennia a segurava pelos ombros, impaciente.

— Eu estou grávida.

Vennia a soltou, em choque.

— De Brandon Valentine!

Vennia sentou-se, sentindo todo o ar esvair-se de seus pulmões. Sua irmã tão jovem, grávida e sem um marido. Hope morreria de desgosto.

— Miriam, você esteve se encontrando às escondidas com esse sujeito?

Miriam assentiu, chorando compulsivamente.

— Fazemos coisas estúpidas quando estamos apaixonados. Mantivemos contato por cartas e bilhetes de amor. Afastei-me de ti e da vovó, presa em meu mundo de delírios, completamente fanática por meu amado. Talvez, você nunca entenda, Venni, pois nunca se afeiçoou a um homem, mas se estivesse em meu lugar o que faria?

— Poupe-me dessa ladainha.

— Ora, meu coração escolheu aquele rapaz para amar, porque eu encontrava-me carente de afeição e nunca fui amada por meus finados pais. O que você faria se estivesse apaixonada?

— Ele sabe dessa criança?

— Não nos falamos há dois meses. Creio que ele tenha se esquecido de mim, irmã. O que será de mim? O que será de meu filho? Ele prometeu que se casaria comigo, se eu me entregasse a ele.

— Isso já é o suficiente. Meu limite excedeu-se e a minha dita paciência evaporou. Não conte nada a vovó. Não quero que ela sofra um choque repentino que fará seu coração parar. Farei aquele rico bajulador pagar o mal que lhe fez.

— Não faça nada que possa se arrepender depois, Venni.

Saiu de casa tão irritada, que esqueceu-se que segurava o cestinho com crisântemos. Pediu carona no coche do Sr. Crawford, para deixá-la perto dos arredores da mansão dos Valentines.

"Nunca confie em um Valentine", como Stefan havia dito no passado.

Aquela frase fazia todo sentido.


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