Capítulo 18

7.3K 1.5K 624
                                    

Tudo estava sendo feito sorrateiramente na aliança de Victor e Vennia. Porventura, Vennia sofreu de uma eminente falta de coragem para revelar à avó que também se casaria — para proteger Miriam —, e que mesmo por debaixo dos panos, ainda poderia ser considerado um casamento. Ou será que não? Na varanda de casa, aproveitando o silêncio (pois Hope e Miriam foram até a casa da Sra. Crawford mexericar a respeito do respectivo noivado da garota), Vennia sacolejava-se levemente na cadeira de balanço, olhando para o céu cor de chumbo. 

— Coitado do Sr. Edward. Ficará arrasado com esta notícia do casamento de Miriam. Gostava tanto de minha irmã.

Logo, começaram as primeiras gotas de chuva a cair, Vennia correu para tirar os lençóis do varal. Assim que tirou o último lençol, observou uma carruagem preta parada diante de sua casa. Sentiu um arrepio na espinha. A porta da carruagem abriu, e Victor mostrou-se a luz, mas não completamente. Olhou para Vennia, abarrotada de lençóis, e sinalizou para ela. O dedo indicador em forma de gancho, chamando-a. A garota engoliu em seco, assentindo com a cabeça.

Entrou em casa, livrou-se dos lençóis, tratou de trocar o avental por um mais limpo, e pôs uma touca na cabeça, para domar os curtos cabelos eriçados. Sobrepôs as mãos nas bochechas. Estavam quentes. Tamanho era seu nervosismo que fazia o seu estômago doer. Trancou a porta a chave, e foi encontrar-se com Victor na carruagem. Ele parecia muito concentrado em seu livro.

— E a sua avó e irmã? — questionou o rapaz.

— Não se preocupe, Sr. Victor. Foram para a casa de uma velha amiga. — a carruagem tornou a andar. — E posso presumir para onde vamos. Espero que eu consiga voltar a tempo para casa.

— Temos tempo — ele falou, calmamente. — E quanto a minha resposta?

— Eu aceito a sua oferta. — Vennia dissera, derrotada.

— Prometo não encostar um dedo na senhorita, ou mesmo, permitir-me apaixonar-me por ti. Sua única serventia será de estar ao meu lado, enquanto vejo os Valentines entrarem em ruínas.

Vennia assentiu, desolada consigo mesma. Sentia as mãos e os pés atados, com a sensação de que seria jogada no mar para ser devorada por tubarões.

— Que bom que entendestes. Além do mais, pense em como será benéfico para a tua irmã. Será uma forma de não permitir que aquele salafrário de meu primo não a engane mais.

— E se porém eu não aceitasse teu acordo? O que farias?

— Você aceitaria, afinal como eu disse antes, não lhe restara muitas alternativas. Tens um débito comigo.

Olhou Vennia, de relance, dos pés a cabeça, e entortou a boca, e depois retornou para a sua leitura.

— O que foi? — Vennia questionou-o, com o cenho franzido.

— Acaso não tinha algo melhor para vestir-se?

— Não — respondeu, ríspida. — Não tinha. Se estais incomodado com minhas vestes, acho melhor arranjar outra garota para a tua faceta.

Victor não ousou dizer mais nada, mas também não desculpou-se.

— Mas eu já lhe dei a minha palavra, não foi? — Vennia riu consigo mesma, refletindo na loucura que estava prestes a fazer. — Sei cumprir as minhas promessas e não penso em voltar atrás. Tornei-me tua noiva depois do bendito pacto que fiz naquela cela.

— Muito bem. Devemos nos casar o quanto antes. Nem eu mesmo creio no que digo.

— Va-vamos nos casar na igreja? — o coração de Vennia apertou-se. Casar na igreja, vestida daquele jeito?

VENNIAOnde histórias criam vida. Descubra agora